Suplementação de Akkermansia muciniphila

Estudos mostram que a bactéria Akkermansia muciniphila está presente em maior quantidade na microbiota intestinal de pessoas com peso saudável, nos jovens e em pessoas saudáveis. Está envolvida na homeostase energética e na inibição das inflamações.

Indivíduos com obesidade, diabetes, inflamação intestinal, doenças hepáticas ou consumo crônico de álcool geralmente possuem menos Akkermansia no intestino. Esta redução está associada a uma função de barreira intestinal alterada, levando a um aumento nos níveis plasmáticos de lipopolissacarídeos (LPS) o que gera mais inflamação de baixo grau e distúrbios metabólicos (Cani e Vos, 2017).

Como aumentar a Akkermansia?

Uma forma de aumentar a quantidade desta bactéria no intestino é suplementando de Akkermansia viva ou a manipulação de biomamps de Akkermansia. Outra forma é suplementar OEA ou aumentar o consumo de alimentos ricos em ácido oleico como óleo de canola, azeite de oliva, óleo de abacate, macadâmias, amêndoas, castanha de caju, pistaches, óleo de girassol. Pelo menos em camundongos, a dieta cetogênica também apresenta efeitos positivos para aumento de Akkermansia (Orson et al., 2018).

Em um estudo, 60 indivíduos obesos foram divididos em dois grupos. O primeiro recebeu duas cápsulas contendo 125 mg de Oleoiletanolamida (OEA) diariamente e o grupo placebo recebeu duas cápsulas contendo 125 mg de amido diariamente. O tratamento durou 8 semanas. A quantidade de A. muciniphila aumentou significativamente no grupo suplementado com Oleoiletanolamida (OEA) em comparação com o grupo placebo (p <0,001) (Payahoo et al., 2019).

Atualmente a Akkermansia pode ser suplementada na forma de Biomamps, fragmentos ativos de bactérias na forma de lisados proteicos.

Biomaps obtidos de cepas de probióticos (bactérias boas) que passaram por tratamento térmico para liberar estes fragmentos (MAMPS). MAMPs ou padrões moleculares associados a microrganismos são comumente encontradas na parede celular de bactérias, como o Muramil Dipeptídeo expresso tanto em bactérias Gram (+) e Gram (-) ou o Ácido Diaminopimélico, característico das Gram (-). Ao serem reconhecidas pelos NOD receptores (presentes nas células de defesa) provocam a Imunomodulação. São paraprobióticos aconselhado para melhorar a imunidade de pacientes oncológicos (probióticos são bactérias vivas, paraprobióticos são bactérias inativadas).

Mas isso quer dizer que quanto mais Akkermansia spp. melhor?

Não. Como tudo na nossa vida, o equilíbrio é a chave. Dieta saudável, antiinflamatória, rica em fibras aumentam a quantidade de Akkermansia naturalmente no intestino. Mas cuidado com o exagero, principalmente na suplementação. Quando a quantidade aumenta muito, outras bactérias boas ficam reduzidas. A redução da diversidade da microbiota pode ser prejudicial para a saúde intestinal.

Baixa diversidade bacteriana aumenta o risco de ansiedade, sintomas do espectro do autismo, doença de Parkinson, doença de Alzheimer e doenças inflamatórias intestinais (Chernikova et al., 2021)

A partir da fermentação das fibras pelas bactérias são produzidas substâncias interessantes como o butirato. Contudo, em excesso este composto maravilhoso acaba tendo um efeito pró-inflamatório.
O termo muciniphila da bactéria deve-se à utilização preferencial de mucina como substrato metabólico. Por isso, a bactéria apresenta atividade mucolítica, podendo comprometer a integridade da barreira intestinal.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/