Churrasco aumenta pressão arterial

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Feriados no Brasil com muitas pessoas já pensando em acender a churrasqueira. Esta é uma tradição em sua família? Muitas pessoas pensam no final do ano em fazer transições na dieta, consumindo menos carnes, mas encontram muita resistência entre as pessoas mais próximas. Por isso, é importante embasar-se com estudos sobre o impacto dos alimentos assados em altas temperaturas. Por exemplo, pesquisas mostram que carnes grelhadas na churrasqueira aumentam a pressão arterial (Liu, 2018).

Análise com mais de 100.000 pessoas evidenciou que aqueles que consumiam carnes assadas ou grelhadas em altas temperaturas mais de 15 vezes por mês (3 vezes por semana) tinham um risco 17% maior de pressão alta do que as pessoas que consomem carne apenas 1 vez por semana. Quando a proteína da carne é exposta a altas temperaturas formam-se substâncias que aumentam a inflamação e o risco de um ataque cardíaco e câncer.

Muitas pessoas pensam que para a redução da inflamação basta tomar aspirinas diariamente. Porém, em indivíduos sem histórico pessoal de doença cardiovascular, os riscos da aspirina podem superar seus benefícios. Como a aspirina funciona?

As enzimas denominadas COX (ciclooxigenase) tomam o ácido araquidônico (um tipo de gordura que entra na corrente sanguínea em grande quantidade após o consumo de frango e ovos) uma substância pró-inflamatória, que acaba danificando os vasos sanguíneos. A aspirina suprime essas enzimas COX, reduzindo o risco de coágulos, dores e inchaço. Estas prostaglandinas também podem dilatar vasos linfáticos no interior de tumores, permitindo que células cancerígenas se espalhem.

No entanto, a aspirina oral, mesmo em baixas doses, pode danificar a mucosa do estômago e duodeno e aumentar o risco de sangramento gastrointestinal. Mas podemos ter os efeitos da aspirina sem os riscos. Por isso, se você tem abusado das carnes e outros alimentos inflamatórios neste final de ano, aumente também o consumo de alimentos que contém ácido salicílico naturalmente, como amora, cebola, maçã verde, feijão verde, damasco, groselha, mirtilo, tâmara, uvas, goiaba, laranja, abacate, morango, chicória, pimenta malagueta, abobrinha, pimentão, rabanete, amêndoas, manjericão, louro, cominho, hortelã, pepino, mostarda, orégano, sálvia, alecrim, estragâo, açafrão.. O ácido salicílico contido nas plantas não afeta o estômago pois vem embalado com nutrientes protetores, como fibras, nitratos e elementos antioxidantes.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Dieta sustentável - nova publicação do professor Willet (Harvard)

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De todas as minhas lembranças estudando na Faculdade de Saúde Pública de Harvard as mais marcantes relacionam-se aos professores realmente vivendo o que pregavam. Lembro do professor Walter Willet (foto) chegando diariamente no campus pedalando sua bicicleta. E almoçando conosco no buffet saudável da faculdade.

Este mês publicou na revista Lancet , em parcerias com outros estudiosos da área de nutrição e saúde pública, um novo artigo sobre a necessidade de reduzirmos o consumo de alimentos à base de carnes, laticínios e açúcares. A alimentação sustentável é um tema de pesquisa importante de um grupo grande de pesquisadores, seguindo as orientações da ONU em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e também o Acordo de Paris sobre as alterações climáticas.

Os sistemas alimentares têm o potencial de nutrir a saúde humana e apoiar a sustentabilidade ambiental, no entanto, nossas trajetórias atuais ameaçam ambos. O grupo de pesquisadores aborda no artigo a necessidade de alimentar uma população global crescente com uma dieta saudável, que seja ao mesmo tempo sustentável e que minimize os danos ao nosso planeta.

A Comissão de pesquisadores descreve quantitativamente uma dieta universal de referência saudável, baseada no aumento do consumo de alimentos de origem vegetal (como vegetais, frutas, grãos integrais, legumes e nozes) e uma diminuição no consumo de alimentos de origem animal (carnes, principalmente a vermelha e laticínios) e alimentos ultraprocessados, cheios de açúcar e frequentemente feitos com grãos refinados, como farinha branca.

O grupo de pesquisadores defende a redução no consumo de carnes, produtos lácteos e açúcares em 50% até 2050, enquanto a ingestão de vegetais e sementes deve dobrar no mesmo período, não só para alcançar melhorias na saúde da população, mas também para preservar o meio ambiente.

O modo como os alimentos são produzidos, o que é consumido e quanto é perdido ou desperdiçado influencia fortemente a saúde das pessoas e do planeta. A comissão responsável pela publicação do estudo mostra que é possível alimentarmos 10 bilhões de pessoas com uma dieta saudável dentro de limites planetários seguros para a produção de alimentos até 2050. Também mostra que a adoção universal de uma dieta saudável ajuda a evitar a degradação ambiental, além de 11 milhões de mortes humanas por ano.

Para tanto a FAO (Food and Agriculture Organization) recomenda a aplicação de componentes chaves para uma dieta sustentável, envolvendo a acessibilidade aos alimentos, sistemas de cultivo e produção que respeitem a biodiversidade, a cultura e a sazonalidade, que gerem bem-estar, saúde e baixo impacto ambiental, que valorizem o cultivo amigável, a agricultura familiar e os alimentos locais e que o comércio destes alimentos seja justo e com equidade. Também orienta que as escolhas alimentares devem levar em considerações os impactos ambientais envolvidos na produção do alimento em questão. No relatório Sustainable Diet And Biodiversity apresenta a Pirâmide Ambiental, que ilustra o nível de impacto ambiental de cada grupo de alimentos presente na pirâmide alimentar.

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Nesta pirâmide fica claro que o consumo de alimentos de origem animal demandam maior quantidade de recursos naturais não renováveis e que contribuem para maior emissão de gases do efeito estufa, enquanto os alimentos de origem vegetal são aqueles com menor impacto ambiental. Um exemplo de dieta que pode ser considerada sustentável é a Dieta Tradicional Mediterrânea, uma vez que possui biodiversidade e qualidade nutricional de alimentos, bem como variedade de práticas alimentares e técnicas de preparo, tem forte compromisso com a cultura e com as tradições, respeita a natureza humana e a sazonalidade e apresenta impacto ambiental reduzido pelo baixo consumo de produtos de origem animal.

O Brasil também possui uma rica biodiversidade que precisa ser valorizada. Seguem algumas dicas:

  • Consumir mais alimentos orgânicos, biodinâmicos e aqueles grupos alimentares com menor impacto ambiental - como frutas,verduras, legumes, cereais integrais e leguminosas;

  • Reduzir gradativamente o consumo de carnes e outros produtos de origem animal;

  • Diversificar a dieta, com Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs), espécies comestíveis nativas, ricas nutricionalmente e que se desenvolvem espontaneamente sob diferentes condições ambientais e climáticas

  • Incentivar a agricultura familiar, pelo consumo das regionais, produzidos o mais próximo possível de sua residência e/ou trabalho.

  • Desperdiçar menos comida;

  • Consumir menos produtos alimentícios industrializados ultraprocessados.

Quer aprender mais? O livro mais prestigiado na área é a maravilhosa publicação do Dr. Valdely Kinupp: plantas alimentícias não convencionais no Brasil. Super recomendo.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Carne falsa: o futuro?

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A indústria da carne tem um efeito prejudicial sobre o meio ambiente e a nossa saúde. Mesmo assim, o consumo de carnes é elevado em todo o mundo, estando o Brasil entre os principais mercados consumidores.

Cada brasileiro consome cerca de 78,1 kg de carne ao ano (incluindo gado, aves e suínos). A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) estima que o consumo de carne poderia quase dobrar até o ano 2050 , com a população de mais de 9.000 milhões de pessoas. E isso tem um impacto grande sobre o meio ambiente. Mais de 25% da terra e da água são usados por animais. A pecuária representa 14,5% da produção de gases. Muita gente entende, mas também muita gente não abre mão do seu filé. Como equilibrar tudo?

Estão chegando no mercado as carnes falsas. Não é carne feita de tofu (soja) ou outro vegetal. É carne falsa mesmo, feita em laboratório a partir de células de animais. É a comida sintética chegando por meio de técnicas de engenharia genética.

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O primeiro hambúrguer sintético foi produzido em 2013 na Holanda pelo médico Mark Post. Tecidos foram coletados de vacas. A partir deles foram extraídas células tronco que cresceram em laboratório e transformaram-se em fibras musculares. As mesmas são depois misturadas com vários ingredientes e moldadas no formato de hambúrguer.

A produção custou US$ 330.000 e teve financiamento da Google. Outras empresas vem investindo milhões e esperam baratear os custos para que as carnes sintéticas possam ser vendidas a partir de 2021.

De acordo com os fabricantes, a carne sintética tem sabor e textura idênticos ao da carne verdadeira. Seria a forma de consumir o alimento sem o mesmo impacto no meio ambiente e sem a crueldade da indústria animal. A aposta é a de que em 30 anos as pessoas poderão consumir carnes sem matar qualquer animal.

A partir da descoberta da estrutura do DNA em 1953, houve enorme progresso na ciência, principalmente na biotecnologia. A partir de então, ocorreu a expansão da biologia molecular e da engenharia genética, permitindo aplicações de interesse geral, como o diagnóstico de doenças, criação de vacinas e melhoramento genético. Na alimentação há a transgenia para a produção de alimentos. Contudo, os efeitos dos alimentos transgênicos na saúde ainda não são claros. Cientistas hipotetizam que o aumento nos casos de alergias, intolerâncias, câncer, depressão e infertilidade podem estar ligados ao aumento no consumo de transgênicos.

E as carnes falsas, serão seguras? Só o tempo irá dizer. Outra opção continua sendo a redução do consumo de produtos de origem animal e aumento no consumo de alimentos de origem vegetal. Dietas a base de vegetais possuem vários benefícios como redução do colesterol no sangue, melhoria da flora intestinal, prevenção de doenças inflamatórias, maior teor de antioxidantes, substâncias antienvelhecimento.

O que você irá preferir no futuro?

(a) continuar comendo carne

(b) comer carne falsa

(c) não comer carne

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/