Trabalho com alguns pacientes com a dieta cetogênica para controle da glicemia, redução de peso, epilepsia refratária à medicação, tratamento do Alzheimer e até ganho de massa magra.
A dieta cetogênica caracteriza-se pelo alto consumo de lipídios e baixíssimo conteúdo de carboidrato na dieta. Como o sistema nervoso central (SNC) não consegue utilizar gordura contendo ácidos graxos de cadeia longa (como aquela encontrada nas carnes, queijo, óleo de soja) como fonte de energia, o organismo precisa convertê-los em corpos cetônicos (CC). Ou seja, a dieta cetogênica produz um estado cetótico.
Gorduras são mais ricas em calorias (cada grama de gordura fornece 9 kcal), do que carboidratos e proteínas (fornecem 4 kcal/g). Mesmo assim, muitas pessoas entopem-se de queijos e vivem com fome. Isto acontece porque a gordura saturada do queijo e a inflamação gerada por este alimento em muitas pessoas não é capaz de promover tão bem a saciedade.
Ao contrário, a gordura monoinsaturada (ômega-9) presente no abacate, no azeite, nas castanhas e em sementes promove muito mais a saciedade. Por isso, a dieta cetogênica precisa ser muito bem pensada. Ensino mais sobre o tema neste curso.
A gordura do tipo ômega-9 tem ainda vários outros benefícios. Por exemplo, pessoas que consomem abacate por 12 semanas são mais focadas, mais atentas. Foi o que mostrou uma investigação publicada na International Journal of Psychophysiology. O interessante é que pessoas com excesso de peso ou obesidade têm maior risco de declínio cognitivo e demência senil à medida que envelhecem. Assim, o consumo de ômega-9 tem dois benefícios, aumenta a saciedade, facilitando a redução do peso e preserva a saúde cognitiva, especialmente a partir dos 40 anos (Edwards et al., 2020).
O abacate é um alimento muito interessante. Além de ômega-9 possui luteína, um carotenóide com propriedades antioxidantes, também associado à melhoria da capacidade cognitiva. A fruta também é rica em fibras, que melhoram o funcionamento intestinal, ajudam a reduzir a absorção de açúcares e colesterol. A combinação de fibras, luteína e gorduras monoinsaturadas existe em outros alimentos, como os ovos e vegetais de folhas verde escuras.