Aumente o consumo de polifenóis para proteger seu coração

Os compostos polifenólicos atuam como antioxidantes diretos, eliminando espécies reativas de oxigênio e nitrogênio geradas durante o metabolismo normal ou de fontes exógenas, como poluição ou radiação. Quando a capacidade antioxidante é baixa, os radicais de oxigênio e nitrogênio se acumulam no corpo e promovem dano oxidativo ao DNA, proteínas e lipídios. Os polifenóis aumentam a capacidade antioxidante e protegem as células contra danos.

Os polifenóis também atuam como antioxidantes indiretos, ligando-se a sequências curtas de DNA chamadas elementos de resposta, que ativam a produção de enzimas antioxidantes endógenas. Por exemplo, os polifenóis no chá verde ativam o fator de transcrição Nrf2 que se liga a uma porção do DNA chamada de elemento de resposta antioxidante. Após a ligação, o Nrf2 ativa a transcrição de genes que produzem enzimas como a glutationa, um potente antioxidante.

O azeite extra virgem melhora o estado antioxidante.

Compostos antioxidantes, como os polifenóis encontrados no azeite de oliva, podem reduzir o risco de doenças cardiovasculares ao resolver o estresse oxidativo e a inflamação. Os compostos oxidativos danificam as células que revestem os vasos sanguíneos, chamadas células endoteliais. Concentrações aumentadas de citocinas pró-inflamatórias, como interleucina (IL)-6 e proteína C-reativa (PCR), lipoproteína de baixa densidade (LDL) oxidada contribuem para a disfunção endotelial e a geração de placas ateroscleróticas. Concentrações aumentadas de enzimas antioxidantes no sangue diminuem o dano oxidativo e reduzem o risco de doenças crônicas, como doenças cardiovasculares.

Os autores de um estudo de 2021 recrutaram 50 participantes (entre 18 e 75 anos) que não consumiam suplementos dietéticos ou grandes quantidades de azeite (mais de uma colher de sopa por dia). Eles designaram os participantes a consumir cerca de quatro colheres de sopa por dia de azeite com alto teor de polifenol ou baixo teor de polifenol por três semanas. Após um período de wash-out de duas semanas, os participantes consumiram o tratamento oposto por três semanas. Os pesquisadores mediram a capacidade antioxidante total e as concentrações plasmáticas de colesterol LDL oxidado e proteína C-reativa (um marcador de inflamação) antes e depois de cada tratamento.

O consumo de azeite com alto teor de polifenóis reduziu significativamente o colesterol LDL oxidado e aumentou a capacidade antioxidante total. Essas mudanças foram maiores em participantes com alto risco de doença cardiometabólica devido à alta circunferência da cintura.

Posso cozinhar com azeite de oliva?

O ponto de fumaça é a temperatura necessária para um óleo passar de líquido para gasoso. Esta é uma das formas de avaliarmos a resistência do óleo ao calor. Ou seja, alguns óleos aceitam uma temperatura mais elevadas do que outras. A fritura atinge temperaturas acima de 180oC. Neste caso, o azeite não seria indicado. Mas refogar um vegetal em temperatura até 180oC, fazer um omelete ou mexido de ovo, não haveria problema.

  • Óleo de soja: 190 a 246oC

  • Óleo de canola: 210 a 233oC

  • Óleo de milho: 166 a 235oC

  • Óleo de cártamo: 217oC

  • Óleo de girassol: 180oC

  • Azeite de oliva: 175 a 207oC

  • Óleo de amendoim: 160 a 207oC

  • Óleo de coco: 156oC

Mas em Portugal o bolinho de bacalhau costuma ser frito no azeite. Sim, pelo paladar e porque na Europa o azeite é muito mais barato do que no Brasil. Mas quando há queima do óleo o mesmo perde seus fitoquímicos benéficos. Se quer o benefício do azeite tente usar até o máximo de 207oC.

Como eu não faço frituras aqui em casa só tem azeite, fonte de gordura monoinsaturada (contém uma dupla ligação entre carbonos). Já soja, canola, milho contém uma quantidade muito superior de gordura ômega-6 que contém mais poliinsaturados (contém duplas ligações entre carbonos). Além disso, quanto maior a quantidade de duplas ligações maior a formação de peróxidos durante o aquecimento.

Estudos mostram que o óleo de canola, produz mais quantidade de toxinas (como acetoaldeído) quando aquecido em relação ao azeite, apesar de ter um ponto de fusão maior. Mas isso acontece exatamente por ter mais duplas ligações e menos fitoquímicos protetores e antioxidantes.

Como escolher um azeite de boa qualidade?

- Embalagem de vidro, escura, opaca

- Produzido e envasado no mesmo país

- Produzido e envasado a menos de 1 ano (quanto mais jovem melhor). Azeites mais velhos tiveram mais perda de compostos bioativos.

- Tipo de azeitona (picual é mais rica em antioxidantes). Arbequina é a melhor no Brasil mas possui menos antioxidantes que a picual.

- Acidez: baixa (extra virgem até 0,8. Ideal: 0,1 a 0,2)

- Valor de peróxido: até 20 mcEq/L

Existem alguns azeites brasileiros muito premiados, com baixa acidez, baixo teor de peróxido, alto valor de compostos fenólicos antioxidantes, excelente composição de ácidos graxos, boa quantidade de vitamina E e sabor muito bom.

Outra forma de consumir mais gorduras boas e fitoquímicos é ingerindo azeitonas. Com apenas 2 azeitonas ao dia você já garante entre 1 e 3 mg de hidroxitirosol. A azeitona pode ser verde ou naturalmente preta. Já a azeitona verde escurecida artificialmente para virar preta perde parte do hidroxitirosol. Na embalagem pode vir ou não escrito: “método californiano de escurecimento). A azeitona sem caroço perde parte do hidroxitirosol pelo processo extra de lavagem. O ideal é comprar com caroço mesmo se for consumir como aperitivo.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

A ACIDEZ DO AZEITE DE OLIVA

O azeite é utilizado numa grande variedade de receitas para dar um sabor único a um prato. Embora a maioria das pessoas saiba que existem diferentes tipos de azeite, muitas vezes não sabem o que significam as diferentes designações.

O azeite é produzido a partir da extração do azeite das azeitonas frescas, de preferência logo após a sua colheita na árvore. As azeitonas não frescas já iniciaram o processo de degradação e terão um maior nível de acidez, o que significa que o azeite delas será inferior em sabor e cheiro.

Obtenção do azeite de oliva (Jimenez-Lopez et al., 2020)

Muito antes de chegar à sua cozinha, o azeite passa por muitos processos e testes para garantir que tenha boa qualidade. O principal fator para determinar como um determinado azeite é classificado é o seu nível de acidez.

POR QUE A ACIDEZ DO AZEITE É IMPORTANTE?

Essencialmente, o nível de ácido em um azeite de oliva determina o sabor do produto. As azeitonas contêm uma quantidade considerável de ácidos, o que lhes confere um sabor forte. A “acidez” do azeite é resultado do grau de degradação dos triglicerídeos, devido a uma reação química chamada hidrólise ou lipólise, na qual se formam os ácidos graxos livres.

O óleo extraído descuidadamente sofre degradação significativa dos triglicerídeos em ácidos graxos. Quanto mais fresca for a azeitona, ou quanto melhor for o cuidado durante o seu cultivo e coleta, melhor será o azeite.

O azeite extra virgem com excelente sabor e odor é isento de ácidos graxos e possui nível de acidez (pH) inferior a 0,8. O sabor ainda é agradável com pH de até 2,0. Um azeite menos puro ou misturado a outros óleos terá acidez entre 2 e 3. O nível de acidez superior a 3 possui um sabor e odor ruins.

CURSO DIETA ANTIINFLAMATÓRIA

A acidez do azeite influencia a quantidade de compostos fenólicos do produto

Alguns fatores influenciam a qualidade do azeite. Além do pH, influenciam a qualidade do produto o tipo de azeitona utilizada (diferentes cultivares conterão quantidades diversas de compostos protetores), a idade em que a azeitona foi colhida, como foi processada, o armazenamento (deve ser sem luz em embalagem escura, sem espaço para oxigênio, por no máximo 18 meses, em temperatura aproximada de 23oC), além da acidez do produto,

Principais compostos fenólicos presentes no azeite. Há variação nas concentrações dependendo dos cultivares (Pedan et al., 2019)

Em geral, o azeite de oliva extra virgem com maior acidez possui uma maior quantidade de polifenóis, o que influencia em sua capacidade de exercer efeitos positivos na saúde do consumidor.

Efeitos do consumo do azeite de boa qualidade (Jimenez-Lopez et al., 2020)

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

O que é o padrão alimentar atlântico

Sou brasileira, nascida no Rio de Janeiro, mas nunca morei na beira da praia. Meus pais mudaram-se para Brasília quando eu tinha apenas 2 meses. De carioca só mesmo minha certidão de nascimento. Mas vivo em uma cidade litorânea de Portugal, Porto, desde 2018. A dieta em Portugal, banhada pelo oceano atlântico, possui semelhanças e diferenças em relação à dieta no Brasil, país banhado pelo mesmo oceano. Saiba mais:

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/