Polimorfismo na COMT e impacto na motivação, foco e energia

O gene COMT localiza- se no braço longo do cromossomo 22, codifica a enzima COMT (catecol-O-metiltransferase) que está envolvida na via de degradação de neurotransmissores catecolaminérgicos como a dopamina. Este gene é um dos principais candidatos a fenótipos psiquiátricos. Ele codifica uma enzima envolvida na via da degradação de transmissores catecolaminérgicos ou catecolaminas de forma que a variação na sua atividade pode ter efeitos específicos no córtex pré-frontal (como, por exemplo, no mecanismo de transmissão da dopamina) e na memória de trabalho (memória de curto prazo).

A avaliação dos genes mostra se a pessoa tem uma expressão lenta ou rápida do gene COMT.

Genótipo G para o rs4680 e/ou para rs4633 (C/T) é considerada COMT rápida e gera baixos níveis de dopamina e catecolaminas. Indivíduos com este genótipo apresentam menos motivação, foco, mais compulsão por alimentos, risco de vícios e impulsividade. Quando em desequilíbrio podem apresentar mais agressividade, especialmente após consumo de álcool ou anfetaminas. É um fenótipo mais frequente, por exemplo em praticantes de MMA (Tartar et al., 2020) e, muitas vezes, descrito como o fenótipo do guerreiro.

Outras estratégias que ajudam aumentar os níveis de dopamina naturalmente incluem massagens, atividade física, yoga, meditação (1), música, sono de qualidade e uso de probióticos. Uma dieta antiinflamatória também contribui para redução da neuroinflamação e melhoria dos funcionamento dos receptores de dopamina.

Genética, abuso de drogas, dietas ricas em açúcar ou gordura saturada, falta de proteína, tirosina ou vitaminas do complexo B reduzem a produção de dopamina. Por isso, o tratamento envolve mudanças na alimentação. Suplementos contendo fitoterápicos como Mucuna pruriens e compostos como ácidos graxos ômega-3, benfotiamina, cromo quelado, tirosina, magnésio, vitamina D, piridoxal 5-fosfato favorecem a produção de dopamina.

Genótipo A para o rs 4680 e/ou T para rs4633 é considerado COMT lenta. Pessoas com este genótipo possuem melhor desempenho cognitivo pois possuem mais dopamina no córtex pré-frontal. Contudo, o excesso de dopamina e catecolaminas (noradrenalina e adrenalina) faz com que a pessoa não pare (de trabalhar, de estudar, de produzir), o que pode gerar transtorno de ansiedade, esquizofrenia, taquicardia, síndrome do pânico, insônia, hipertensão, paranoia e dor crônica. Pode ser frequentemente ansioso e preocupado. Essas pessoas tomam chá verde ou outros alimentos com cafeína e ficam muito agitadas. Podemos compensar isso com suplementos que aumentem outros neurotransmissores, como serotonina (por exemplo, o triptofano e o ácido caprílico). Isto também reduz a vontade de comer doces, no momento de estresse ou cansaço.

Como a COMT é responsável pelo processamento de certos fitonutrientes (flavonóides contendo catecol) é importante evitar o consumo excessivo desses fitonutrientes para não sobrecarregar uma COMT lenta, enquanto, ao mesmo tempo, mantém os níveis de antioxidantes altos para limitar os danos oxidativos.

Por exemplo, limite os flavonóides contendo catecol, incluindo quercetina, rutina, luteolina, EGCG, catequinas, epicatequinas, fisetina, ácido ferúlico e hidroxitirosol. Isso inclui alimentos como chá verde, alcaparras, coentro, frutas vermelhas e maçãs (veja ainda mais alimentos aqui).

Os seguintes flavonóides não têm a estrutura de catecol e, portanto, comer porções extras deles pode ser mais benéfico para aqueles com baixa atividade COMT: apigenina, genisteína, crisina, miricetina e flavonas (inclui apigenina, tangeritina, crisina, baicaleína, escutelarina). Portanto, concentre-se em comer mais desses alimentos (por exemplo, toranja, camomila, cebola, salsa e aipo).

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Variações na disponibilidade da enzima COMT afetam o nível e a atividade de dopamina. A dopamina é um composto químico encontrado naturalmente no corpo humano. Atua como um neurotransmissor, ou seja, envia sinais do corpo para o cérebro. É importante tanto para o controle dos movimentos que uma pessoa faz, bem como o de suas respostas emocionais. Pessoas que produzem quantidades adequadas de dopamina são mais equilibradas emocionalmente, dormem melhor, possuem melhor memória e concentração, aprendem mais facilmente e têm melhor coordenação motora.

A deficiência de dopamina parece estar relacionada com várias condições médicas, incluindo depressão, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), esquizofrenia, compulsão alimentar e doença de Parkinson. A deficiência tanto pode ocorrer por uma baixa produção de dopamina, quanto por problemas nos receptores de dopamina. Os sintomas da deficiência deste neurotransmissor são muito variáveis. Pessoas com doenças de Parkinson apresentam tremores, espasmos musculares, dores e rigidez, perda de equilíbrio. Outras pessoas podem ter prisão de ventre, baixa vitalidade, cansaço, desmotivação, mudanças bruscas de humor e ansiedade.

Algumas estratégias nutricionais contribuem para o aumento dos níveis de dopamina como o uso de Rhodiola rosea. Mucuna pruriens, curcumina, resveratrol, quercetina, bacopa, vitamina D, proteína (fontes de triptofano e tirosina).

Ao contrário, para estimular a atividade da COMT para reduzir dopamina, precisamos dormir melhor, ativar SIRT1, usar riboflavina e outras vitaminas do complexo B, gingko (em pessoas agressivas), extrato de aveia verde, crocus sativus, GABA, SAMe. O consumo de proteína deve ser reduzido. Para a decisão pode ser feito o teste genético ou análise de sinais e sintomas. Esta análise é importante pois existem pessoas heterozigotas, como eu, que tenho um perfil misto para COMT. Então, vamos adaptando também de acordo com as fases da vida.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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