N-acetilcisteína e autismo

Evidências mostram que o estresse oxidativo é um potencial contribuidor no surgimento do autismo (Villagonzalo et al., 2010). A via da glutationa (um potente antioxidante) vem sendo muito estudada. A suplementação de glutationa parece melhorar a destoxificação (eliminação de toxinas) assim como alguns dos sintomas observados nos transtornos do espectro do autismo (Kern et al., 2011).

A glutationa reduz a quantidade de radicais livres circulantes protegendo as células, facilitando a ativação de enzimas, o transporte de substâncias (Wu et al., 2004). Estudos mostram que a deficiência de glutationa é comum em indivíduos com autismo (Main et al., 2012; Adams et al., 2011; Al-Yafee et al. 2011Geier et al., 2009).

A administração de N-acetil cisteína (NAC) é um método efetivo para aumentar a quantidade de cisteína no organismo (Atkuri et al., 2007). Como a cisteína é fundamental para a síntese de glutationa estudos vem avaliado sua efetividade na melhoria dos sintomas do autismo. Contudo, os resultados ainda são controversos. Ghanizadeh e Moghimi-Sarani (2013) mostraram que a administração de 1.200 mg/dia juntamente com a risperidona contribui para a redução da irritabilidade mais do que a risperidona (droga antipsicótica) sozinha. 

Dosagens menores (500 mg/dia) por 6 meses, em adição ao tratamento usual, não se mostraram eficientes ( Dean et al., 2016). Efeitos colaterais com a associação risperidona + NAC não são comuns mas podem ocorrer:  prisão de ventre (16.1%), aumento do apetite (16.1%), cansaço (12.9%), nervosismo (12.9%) (Ghanizadeh e Moghimi-Sarani, 2013).

Wink e claboradores (2016) fizeram a suplementação de NAC em dosagens individualizadas (60 mg/kg/dia) por 12 semanas. Participaram do estudo 16 crianças e adolescentes entre 4 e 12 anos de idade. Outras 15 crianças e adolescentes não receberam o suplemento (grupo controle). Os níveis de glutationa aumentaram nas crianças suplementadas, mas não foram observadas melhorias nos sintomas autísticos em relação ao grupo controle. Desta forma, mais pesquisas nessa área ainda fazem-se necessárias.

Saiba mais sobre esta temática no curso online. Acesse com desconto clicando aqui

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/