O vitiligo é uma doença cutânea autoimune na qual os melanócitos são destruídos pelas células T CD8 +, resultando em perda da coloração da pele. Desde o início da doença, o estresse oxidativo desempenha um papel significativo na promoção do aparecimento de vitiligo. Vários fatores levam à superprodução de espécies reativas de oxigênio (ROS) e, de forma colaborativa, causam o acúmulo de radicais livres nas células produtoras de pigmentos na pele (melanócitos).
A genética é um dos fatores importantes na doença. Independentemente do paciente estar ou não tranquilo em relação à despigmentação da pele, o estresse oxidativo precisa ser tratado pois pode contribuir para o surgimento de outras doenças autoimunes. De fato, existem vários genes comuns entre o vitiligo e uma série de outras doenças autoimunes (as bolinhas em azul) e outros problemas de pele (as bolinhas vermelhas da figura a seguir):
Para além da genética vários fatores ambientais atuam como gatilhos, interagindo com a genética e desencadeando a despigmentação da pele. Compostos químicos encontrados na indústria e em produtos de limpeza, higiene e beleza podem interagir com a tirosinase, enzima que transforma a tirosina em melanina (o pigmento da pele). É o caso do composto químico rhododendrol (Harris, 2018):
A secreção de radicais livres é uma resposta ao estresse, gera inflamação e ativa excessivamente o sistema autoimune. Para a produção de melanina a célula precisa de grande quantidade de energia, produzida dentro da mitocôndria. Esta organela é considerada o indutor chave na produção dos radicais livres. Podem ser danificadas pelo contato com diversos estressores, como compostos químicos, alimentos alergênicos e falta de antioxidantes.
Os dois tipos de defesas antioxidantes principais para controle da quantidade de radicais livres dentro da célula são: (1) antioxidantes exógenos, vindos da dieta, como vitamina C, vitamina E e vitamina A; (2) antioxidantes enzimáticos endógenos, produzidos no corpo, como glutationa e catalase. Além do papel antioxidante enzimático e não enzimático, existem outras vias que podem proteger os melanócitos do dano oxidativo. Experimentos recentes ilustraram o papel do elemento de resposta antioxidante do fator 2 relacionado ao fator nuclear E2 / heme oxigenase-1 (Nrf2-ARE / HO-1) na proteção dos melanócitos. Aspirina, baicaleína e sinvastatina mostraram melhorar a sobrevida dos melanócitos com vitiligo por meio da ativação da via Nrf2 (Wang, Li, & Li, 2019).
Estas pesquisas abrem novas vias terapêuticas. Por exemplo, existem evidências de que pessoas com vitiligo possuem níveis de vitamina C mais baixos (Haider et al., 2010). Por isso, o acompanhamento nutricional torna-se muito importante. Outros suplementos para combate ao estresse oxidativo e proteção da pele também podem ser utilizados como astaxantina, óleo de krill, betacaroteno (apenas para não fumantes), extrato de Polypodium leucotomos, Gingko biloba e ácido alfa lipóico.
Pesquisas também mostram variações genéticas importantes como polimorfismos dos genes MTHFR, CBS e MTRR em pessoas com vitiligo. Caso você tenha vitiligo e variações nestes genes, modificações na suplementação e dieta serão necessários. Em minha prática indico exames nutrigenéticos capazes de capturar estas variações para que possamos individualizar ainda melhor seus cuidados (Benincasa et al., 2019). Isto é muito importante pois estas variações podem aumentar o risco de alguns problemas de saúde. Marque uma consulta para discutirmos seu caso:
Estudos também mostram que pacientes com vitiligo apresentam altos níveis de estresse percebido. Em pacientes com predisposição ao vitiligo, o estresse metabólico e psicológico pode influenciar o início e a progressão do vitiligo (Henning et al., 2020). Por isso, recomenda-se a prática de yoga e meditação, como parte do tratamento integrativo. Em caso de baixa autoestima, depressão ou dificuldade de socialização a psicoterapia passa a fazer parte do tratamento.