Exames que detectam doenças autoimunes

Não é completamente compreendido como as doenças autoimunes desenvolvem-se. Acredita-se que pessoas com determinados perfis genéticos, ao serem expostas à fatores ambientais (poluição, estresse, glúten, etc) apresentam uma desregulação imune que aumenta o risco de doenças como lúpus, tireoidite de Hashimoto, artrite reumatóide, diabetes tipo 1, psoríase, esclerose múltipla, doenças inflamatórias intestinais e tantas outras.

Os exames metabolômicos podem ajudar a prever se a autoimunidade está exageradamente ativada. Um estudo mostrou que determinadas assinaturas metabólicas conseguem prever o risco de desenvolvimento de doenças autoimunes em até 93 (Tsoukalas et al., 2019).

Alterações no metabolismo de ácidos graxos, como ácido láurico (C12:0), ácido mirístico (C14:0), ácido esteárico (C18:0), ácido lignocérico (C24:0), ácido palmítico (C16:0) e ácido heptadecanóico (C17:0), ácido Cis-10-pentadecanóico (C15:1), ácido Cis-11-eicosenóico (C20:1n9), ácido erúcico (C22:1n9) e o ácido gama-linolênico (C18:3n6).

E o que fazer se o teste der alterado? Correr para a prevenção, que consiste em dieta antiinflamatória, livre de alimentos ultraprocessados, álcool, açúcar. Aliás, um dos gatilhos para as doenças autoimunes são os produtos finais de glicação avançada ou AGEs (Eichhorst et al., 2019).

Tais agentes constituem uma grande variedade de moléculas formadas a partir de interações aminocarbonilo, de natureza não enzimática, entre açúcares redutores ou lipídeos oxidados e proteínas, aminofosfolipídeos ou ácidos nucléicos (Barbosa et al., 2009).

Uma dieta rica em frango grelhado é comumente adotada em regimes de emagrecimento. Contudo, alimentos de origem animal submetidos a altas temperaturas são grandes fontes de AGEs (Uribarri et al., 2015), aumentando o rico de inflamação, resistência à insulina, SOP, obesidade (Diamantini-Kandarakis et al., 2007) e também doenças autoimunes e degenerativas (Byun et al., 2017).

Por isto, evite frituras e não abuse de grelhados, churrascos e outras carnes preparadas em altas temperaturas. Prefira cozinhar em água ou no vapor.  Aumente ainda o consumo de vegetais variados, coloridos e frescos, nozes, sementes e castanhas ricos em antioxidantes e substâncias antiinflamatórias (Scheijen et al., 2016Uribarri & He, 2015).

Uma dieta com pouco AGE e a restrição de carnes a uma vez por semana e queijos a duas vezes por semana reduz a inflamação em apenas 2 meses (Tantalaki et al., 2014). Vale a pena comer de forma mais saudável! Arroz branco, pão branco, doces e outros carboidratos de alto índice glicêmico devem ser substituídos por carboidratos de baixo índice glicêmico e gorduras boas, como as monoinsaturadas, do azeite, e as do tipo ômega-3, da linhaça e peixes de água fria (Muscogiuri & Palomba, 2015Perelmen et al., 2016). Outro gerador importante de AGEs é o cigarro (Cerami et al., 1997). Se você fuma busque um tratamento para deixar de vez este hábito que traz tanto prejuízo à saúde. Por fim, ache um tempo em sua agenda para a atividade física. Assim, o tratamento fica mais rápido e eficiente (Sweatt et al., 2015).

Aumente o consumo de frutas cítricas, ricas em vitamina C, que são neutralizadoras de AGEs. Outra ideia: se for comer bolo ou pão torradinho consuma junto um chá verde pois os polifenóis dos chás também reduzem os danos. Aquela carninha do churrasco torradinha, cheia de sal também é rica em AGEs. Reduza o consumo e capriche nas saladas.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/