Suplementação para melhorar chance de fertilização in vitro

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A Organização Mundial de Saúde estima que 1 em cada 8 casais tenham dificuldade de engravidar. Por isso, mundialmente já existem mais de 8.000.000 de bebês nascidos com a técnica da fertilização in vitro. O aumento do número de pessoas com dificuldade para engravidar associa-se a vários fatores como idade acima de 35 anos nas mulheres, problemas uterinos, alterações hormonais e estilo de vida pouco saudável.

O envelhecimento da mulher está relacionado com uma série de alterações moleculares que levam a defeitos na formação do embrião – os oócitos estão parados em uma certa fase da divisão celular e na retomada dessa divisão, algumas dificuldades podem surgir:  separação das cromátides, alterações do fuso celular, desalinhamento cromossômico, com maior chance de comprometimento embrionária, como aneuploidias.

Todo esse processo que ocorre dentro da célula requer energia. Essa energia é produzida pelas mitocôndria, que são organelas encontradas no citoplasma das células. Estudos mostram que as mitocôndrias estão diminuídas nos oócitos de mulheres acima de 35 anos, portanto, interferem na qualidade desses óvulos pela alteração da produção de energia. Estudo recente mostrou que mulheres a partir dos 35 anos devem seguir uma dieta antiinflamatória, caso desejem engravidar. Aquelas que adotam um padrão mediterrânico (rico em gorduras boas) geram mais embriões para a fertilização in vitro (Sun et al., 2019).

A suplementação com coenzima Q10 (CoQ10) também pode melhorar a fertilidade. Estudos recentes mostraram que o uso de CoQ10 pode melhorar a produção de energia pelas mitocôndrias, melhorando também a maturação dos oócitos e formação de embriões de melhor qualidade, aumentando as chances de implantação (Bentov e Casper, 2013).

A Coenzima Q10 encontra-se em pequenas concentrações principalmente em produtos de origem animal, como carnes, aves e pescados (sardinha, cavalinha e arenque). Embora as pesquisas sobre os benefícios da CoQ10 tenham se iniciado há cerca de 50 anos, ainda não há evidências científicas suficientes para recomendar a ingestão de CoQ10 a todas as mulheres com dificuldades de engravidar. Por outro lado, também não há sinais de prejuízos que a ingestão dessa coenzima possa trazer ao ser humano, uma vez que ela já é produzida naturalmente dentro de nossas células.

Para mulheres que chegam a engravidar mas perdem o bebê recomenda-se o uso da carnitina, suplemento que melhora sobrevivência do embrião em fases precoces da gravidez.

Nos homens, diversas questões nutricionais e de estilo de vida podem contribuir para uma pior fertilidade, incluindo o aumento no estresse oxidativo, obesidade, exposição a níveis excessivos de metais pesados e disruptores endócrinos e má alimentação.

Os espermatozóides formam-se a cada 72 dias e também precisam de muitas mitocôndrias pois precisam nadar até o óvulo. Assim, modular esses fatores parece trazer alguns benefícios. Em relação a alimentação, dietas ricas em alguns nutrientes como coenzima Q10, ácidos graxos ômega-3, alguns antioxidantes (vitamina E, vitamina C, β-caroteno, selênio, zinco, criptoxantina e licopeno) e outras vitaminas (vitamina D e ácido fólico), glutationa, cisteína (n-acetil-cisteína); e pobres em ácidos graxos saturados e ácidos graxos trans parecem melhorar os parâmetros de qualidade do sêmen.

De forma contrária, dietas ricas em carne processada, alimentos à base de soja, laticínios integrais e derivados lácteos, café, álcool, bebidas açucaradas e doces têm sido prejudicialmente associadas à qualidade do sêmen em alguns estudos.

Embora ainda exista a necessidade de mais estudos, dados da literatura tem demonstrado o benefício do consumo de 5 a 8 porções de frutas e verduras ao dia, dieta isenta de alimentos ultraprocessados (Chavarro et al., 2009), além da suplementação de alguns antioxidantes, incluindo vitamina C, E, coenzima Q10, carnitina, carotenoides, mioinositol, entre outros (Smits et al., 2019).

Além disso, intolerâncias e alergias devem ser tratados. Por exemplo, celíacos possuem um alto risco de infertilidade. Porém, a produção seminal recupera-se nos homens após a exclusão total do glúten da dieta.

Inflamação e estresse também reduzem a fertilidade. Por isso, recomenda-se dieta de baixo índice glicêmico e antiinflamatória e práticas para controle do estresse cotidiano (Rooney e Domar, 2018).

Mulheres que fumam tendem a entrar na menopausa 4 anos antes das demais, pois há diminuição na reserva ovariana precocemente. Reduza a cafeína e produtos cafeinados para não elevar o estresse e as taxas de aborto. Por fim, Medite - a prática não tem contra-indicações, alivia o estresse.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/