Tratamento das ataxias

Ataxia é um sintoma de alguma condição que afete a coordenação muscular. Andar torna-se difícil e outros movimentos corporais podem também ser prejudicados. Existem três tipos de ataxia: cerebral (mais comum), vestibular e sensorial.

  • Ataxia cerebelar: Causada por danos às vias cerebelares, resultam na perda de coordenação motora e dificuldade de planejamento dos movimentos. Os sintomas dependem da área do cerebelo afetada.

  • Ataxia vestibular: Causada por danos à via vestíbulo-ponto-cerebelar, resultam da perda de equilíbrio gerando vertigens, náuseas, visão turva ou outros problemas oculares.

  • Ataxia sensorial: Causada por danos às vias aferentes e posteriores, resultam da perda da capacidade de sentir locais do corpo (como pés e pernas) ou sua localização no espaço.

As causas das ataxias podem ser genéticas (mutação de genes como o MSTO1, SACS, FXN  ou PEX 10), adquiridas após uma doença (catapora, sarampo, caxumba, hepatite A, infecções causadas pelos vírus Epstein-Barr e Coxsackie) ou acidente (traumatismo craniano), idiopáticas (sem causa definida), por exposição a toxinas, como álcool, metais pesados, pesticidas ou até mesmo o glúten (Hadjivassiliou, Sanders & Aeschlimann, 2015).

O tratamento é individualizado e pode incluir terapia ocupacional, fisioterapia, terapia nutricional (por sonda, se houver prejuízo na capacidade de deglutição), dieta antiiflamatória e isenta de glúten e suplementação para correçao da disfunçao mitocondrial.

Na ataxia de Friedreich a disfunção mitocondrial é bem documentada, gerando aumento do estresse oxidadivo, da peroxidação lipídica, com ataque aos neurônios e possível atrofia neuronal (MateuszMaciejczyk et al., 2017). Para a melhoria da função mitocondrial alguns suplementos podem ser prescritos como EGCG, quercetina e n-acetil-cisteína (Song et al., 2016), coenzima Q10, ácido alfa lipóico, carnitina, creatina, complexo B, vitaminas antioxidantes (especialmente vitamina E), arginina, resveratrol (Fogel, 2013; Avula et al., 2015).

O resultado do tratamento depende do diagnóstico precoce e também do tipo de ataxia.

Algumas ataxias agudas que ocorrem após infecções solucionam-se rapidamente (entre 72 horas e 21 dias), outras sâo episódicas podendo piorar sempre que há ingestão de toxinas ou alterações metabólicas. Existem também as ataxias crônicas causadas por tumores, alterações metabólicas importantes, problemas hereditários ou malformações congênitas. Estas podem ser progressivas ou não. Para cada caso e dependendo da existência de comorbidades associadas, um conjunto de medicamentos também poderá ser indicado (NAF, 2015)

DIETA CETOGÊNICA NAS ATAXIAS

Um estudo publicado em 2022 mostrou que a suplementação de triglicerídeos de cadeia m´édia (TCM) na quantidade de 18g ao dia, por 3 meses, melhorou a marcha e o equilíbrio de pacientes idosos. Isto foi devido ao metabolismo da glicose suprimido no córtex sensório-motor no cérebro. Além disso, ressonância magnética e PET com 18F-fluorodeociglicose também confirmaram o aumento da conectividade funcional do hemisfério cerebelar ipsilateral (Mutoh et al. 2022).

Basicamente, o cérebro estava funcionando melhor e isso se traduziu em melhor movimento físico. Os MCTs (triglicerídeos de cadeia média) são únicos em comparação com outras gorduras, pois são rapidamente convertidos em corpos cetônicos. As cetonas são pequenas moléculas solúveis em água que são capazes de atravessar a barreira hematoencefálica. Eles fornecem mais energia por unidade de oxigênio e produzem menos resíduos metabólicos, daí sua reputação como um supercombustível para o cérebro.

Conforme envelhecemos o uso de glicose para o cérebro torna-se menos eficiente. Por isso, açúcares e carboidratos simples devem ser reduzidos e corpos cetônicos aumentados. Uma forma de estimular a produção de corpos cetônicos é pela dieta cetogênica suplementada com TCM.

Boas marcas de TCM no Brasil

SE EU TIRAR GLÚTEN VOU FICAR ALÉRGICO?

Recebo essa pergunta toda hora. Gente, as causas da doença celíaca são genética, imunológica e ativada pela ingestão do glúten (não pela retirada dele). Em pessoas que herdam dos pais a predisposição à autoimunidade mediada pelo glúten (alterações de genes HLA), o sistema de defesa lesa o intestino delgado e desencadeia a má absorção de vários nutrientes. E só tem um tratamento: a retirada do glúten. Ou seja, doença celíaca não é intolerância nem alergia. É uma doença autoimune. Existem outras doenças relacionadas como alergia ao trigo e outras questões por mecanismos desconhecidos.

Quando você para de comer sorvete por 1 ano, quando volta está alérgico? Não.

Quando você para de comer frango por 1 ano, quando volta está alérgico? Não.

Quando você para de comer arroz por 1 ano, quando volta está alérgico? Não.

Agora, se você parou de comer um alimento e quando voltou a comer passou mal, aí tem. Pesquise e entenda seu corpo. Ele te dá mensagens e, às vezes, grita por socorro por meio de dores de cabeça, problemas na pele, dificuldades digestivas, acúmulo de gordura, alterações cognitivas...

PRECISA DE AJUDA? MARQUE AQUI SUA CONSULTA ONLINE

PRECISA DE AJUDA? MARQUE AQUI SUA CONSULTA.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Doença celíaca com IgA negativo e tratamento em pacientes menos responsivos a dieta isenta de glúten

A doença celíaca é uma condição auto-imune que ocorre em indivíduos com predisposição genética, gerando uma permanente sensibilidade ao glúten. A ingestão de glúten, mesmo em pequenas quantidades, leva o organismo a desenvolver uma reação imunológica contra o próprio intestino delgado, provocando lesões na sua mucosa que se levam à diminuição da capacidade de absorção de uma série de nutrientes, especialmente ferro, cálcio, vitamina D. A eliminação do glúten da alimentação permite que o intestino regenere e o organismo se recupere.

O glúten é uma proteína encontrada em cereais como o trigo, o centeio, a cevada e o malte. A doença costuma manifestar-se entre o primeiro e o terceiro ano de vida, período em que muitos cereais são introduzidos na dieta das crianças. Os principais sintomas são gases, estufamento da barriga, ânsia de vômito, diarreia, irritabilidade, anemia, queda de cabelo. Quando estes sintomas não surgem algumas pessoas arrastam o problema por toda a vida, desenvolvendo deficiências nutricionais graves.

Quando a pessoa com doença celíaca continua a se expor ao glúten, o sistema imune reage produzindo anticorpos anti-transglutaminase, anti-endomísio e anti-gliadina:

  • Anti-transglutaminase (TTG) IgA e/ou IgG – apresentam uma óptima relação sensibilidade/especificidade;

  • Anti-gliadina (AGA) IgA e/ou IgG – indicado para crianças com menos de 4 anos pois não produzem anticorpos TTG;

  • Anti-endomísio (EMA) IgA – apresentam melhor especificidade, servem para confirmar o resultado positivo obtido nos TTG.

Contudo, existem pessoas celíacas que tem resultado negativo para estes exames. Mesmo assim, deverão passar pelo exame de biópisa intestinal caso haja suspeita clínica elevada para a doença. Em pacientes adultos mais graves, apesar dos anticorpos IgA não aparecerem no sangue, podem depositar-se na mucosa do intestino delgado (Salmi et al., 2006).

Quando uma pessoa com doença celíaca consome alimentos com glúten (como pão feito com farinha de trigo), ocorrem danos nas vilosidades intestinais. Alguns pacientes celíacos toleram 50 mg de glúten ao dia. Porém em outros quantidades mínimas (menos de 1 mg ao dia) já são suficientes para gerar atrofias intestinais (Biagi et al., 2004). Tais danos prejudicam a absorção de nutrientes e aumentam o risco de problemas de saúde como osteoporose, alguns tipos de câncer, doenças da tireóide e infertilidade.

Atualmente, o único tratamento para a doença celíaca é uma dieta sem glúten ao longo da vida. Infelizmente, alguns pacientes são não responsivos e os sintomas persistem, mesmo após a exclusão do glúten por 6 a 12 meses. Algumas causas para a resistência e recuperação incluem supercrescimento bacteriano ou de fungos, coexistência de outras intolerâncias alimentares e demora para início da dieta sem glúten. De fato, idosos que só foram diagnosticados tarde na vida costumam ter um pior prognóstico.

Pesoas mais sensíveis, além de eliminarem todo o glúten, precisarão eliminar também aveia, leite e derivados e suplementar probióticos para que possam melhorar. Mesmo assim, 18% podem continuar com sintomas e com atrofia de vilosidades (Hollon et al., 2013). O primeiro esforço é averiguar se houve contaminação da dieta com glúten. Por exemplo, o paciente pode ter ido a um restaurante self-service e escolhido feijão que havia sido engrossado com farinha. Outro esforço é eliminar da dieta os FODMAPs, alimentos fermentativos. Depois da eliminação e recuperação da mucosa serão feitos testes em que alimentos serão gradualmente reintroduzidos e mantidos ou não de acordo com a tolerância individual (Roncoroni et al., 2018).

Compartilhe e ajude este trabalho a continuar.
Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Açafrão na prevenção do câncer

O açafrão (ou cúrcuma) é uma especiaria cultivada em muitos países asiáticos. Pertence à família do gengibre e é o ingrediente principal do curry. Seu principal ingrediente ativo é a curcumina, que possui efeitos anticancerígenos. Muito interessante em uma dieta saudável, para a prevenção de doenças crônicas, já que a curcumina regula vias do sistema imunológico, pontos de controle do ciclo celular, a apoptose e a resposta antioxidante.

Um estudo analisou os efeitos do tratamento combinado com curcumina e quimioterápicos em células em laboratório. Os pesquisadores concluíram que o tratamento combinado foi mais eficaz do que a quimioterapia sozinha (Shakibaei et al., 2013).

Porém, em humanos ainda não há comprovação de que a curcumina cure o câncer em humanos. Na Suécia, o suplemento fortodol, que contém açafrão e nimesulida, foi proibido por evidências de danos ao fígado. Não use suplementos sem conversar com seu médico e nutricionista.

Suplementos de curcumina

Existem também suplementos manipulados como o Curcuvail. Caso precise de ajuda com dosagens e modificação alimentar marque aqui sua consultoria nutricional online.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/