Disbiose intestinal e esteatose hepática

A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), é frequentemente considerada como uma manifestação da síndrome metabólica. É comum em países industrializados, chegando a atingir entre 20 a 40% dos adultos. Isto porque a incidência de obesidade é alta, assim como o consumo de álcool e alimentos que dificultam o funcionamento do fígado e do restante dos órgãos.

Intestino e fígado

Estudos recentes mostram que a microbiota intestinal ruim pode ser um outro fator contribuinte para a DHGNA. Quando há um aumento de Clostridium, Anaerobacter, Streptococcus, Escherichia o risco de esteatose parece aumentar. As alterações da microbiota estão associadas a maiores concentrações fecais de 2-butanona e endotoxinas, principalmente lipopolissacarídeos bacterianos, que são absorvidos nos intestinos chegando ao fígado.

O que são lipossacarídeos bacterianos (LPS)?

Lipopolissacarídeos são combinações de lipídeos e açúcares e um importante componente da membrana externa de certas bactérias. Além de garantir muito da integridade estrutural das bactérias, os LPS evitam que elas sejam digeridas pelos sais biliares que partem do fígado, para a vesícula e então para o intestino.

Bactérias protegidas pelos LPS, também chamadas de bactérias Gram-negativas - que não fixam o violeta de genciana usado no método de coloração de Gram - existem naturalmente em abundância no intestino, chegando a representar 50 a 70% da microbiota intestinal.

Sabe-se há muito que o LPS (classificado como endotoxina, isto é uma toxina que vem das bactérias intestinais) provoca uma violenta reação inflamatória ao passar para a corrente sanguínea. Em geral, os LPS são barrados pelas junções de oclusão entre as células do intestino. Quando estas oclusões (ou junções estreitas) ficam comprometidas e o revestimento se torna permeável, os LPS entram na circulação, geram inflamação e, possivelmente, danos.

Além de esteatose hepática não alcoólica, o excesso de LPS circulante tem sido associado a redução da produção de fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), uma neurotrofina envolvida na plasticidade sináptica e memória. Existem evidências de que pacientes com doença de Alzheimer e esclerose lateral amiotrófica possuem até 3 vezes mais LPS no plasma do que pessoas saudáveis. Pacientes com doença de Parkinson também apresentam níveis muito elevados de LPS.

Como avaliar LPS?

Começam a surgir empresas que avaliam LPS na corrente sanguínea, um marcador de hiperpermeabilidade intestinal. Uma destas empresas é a cyrex labs que tem alguns testes, um deles é o Cyrex array 2.

Falo neste outro texto sobre alguns marcadores de disbiose e hiperpermeabilidade intestinal, como a zonulina.

Trate o intestino para melhorar o fígado

Recuperar a mucosa intestinal é importante para a saúde intestinal e hepática. O programa 6Rs é uma boa estratégia. Falo dele neste post aqui. Fazem parte deste programa a redução da exposição à toxinas (bisfenol, ftalatos, pesticidas, corantes, conservantes), usar suplementos que reduzem a permeabilidade intestinal como beta glucanas, nucleotídeos, glutamina e adotar uma dieta rica em fibras e alimentos fermentados.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/