Associação entre doença celíaca e câncer

Recebeu um diagnóstico de câncer, como linfoma? Se nunca testou sua sensibilidade à glúten, faça a sua genotipagem de HLA DQ2 e DQ8, os principais genes associados ao risco de intolerância permanente ao glúten. Doença celíaca é uma doença autoimune causada pela intolerância ao glúten, uma proteína encontrada no trigo, aveia, cevada, centeio e seus derivados, como massas, pizzas, bolos, pães, biscoitos, cerveja, uísque, vodka e alguns doces. Existe uma associação entre doença celíaca e certos tipos de câncer (Marafini, Monteleone, & Stolfi, 2020; Tio, Cox, & Eslick, 2012).

Se não tiver como fazer a genotipagem, simplesmente corte o glúten da sua vida. Existem muitas opções de pães, biscoitos, pizzas que não contém glúten. Adapte seu paladar, aprenda a gostar de outros sabores e viva com mais tranquilidade.

Algumas características do câncer são comumente encontradas na doença celíaca, incluindo alterações do microbioma, inflamação, instabilidade de microssatélites com hipermetilação do promotor MLH1, levando a erros de replicação do DNA.

MLH1, proteína de reparo de incompatibilidade de DNA (Ivanova et al., 2023)

Alguns pacientes com câncer também têm resistência insulínica e beneficiam-se da dieta cetogênica. Neste caso, o glúten já é cortado naturalmente da dieta.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

A influência do estresse psicológico na iniciação e progressão do câncer

Trânsito, contas a pagar, casamento e outros relacionamentos, criação de filhos, violência urbana, trabalho excessivo são alguns dos fatores que contribuem para o estresse psicológico. Quando o estresse é excessivo ou prolongado pode prejudicar o funcionamento normal e aumentar o risco de perturbações somáticas e de saúde mental.

O estresse crônico também pode participar no aparecimento e da progressão do câncer, influenciando o eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal (HPA), o Sistema Nervoso Simpático (SNS), a liberação de citocinas inflamatórias e os níveis de neurotransmissores como ocitocina e dopamina.

Durante o estresse crônico, a concentração de catecolaminas aumenta nos tecidos tumorais. O receptor de catecolamina é expresso diferencialmente em diferentes tipos de tumores, como adenoma hipofisário, câncer de mama e câncer de próstata.

Os receptores adrenérgicos (ADRs) são marcadamente expressos nas células cancerosas e no microambiente tumoral, como adipócitos, macrófagos, fibroblastos e células endoteliais. Quando as vias de sinalização destes receptores são ativadas, elas podem alterar a função e a atividade das células tumorais e o microambiente tumoral, incluindo o impedimento da apoptose (morte celular), o menor reparo do DNA, bem como o aumento da secreção do fator angiogênico.

A norepinefrina (NE) ativa α-ADR que induz a migração e proliferação das células progenitoras endoteliais (CEPs) através da ativação da via PI3K/Akt/NOS endotelial (eNOS). Além disso, a NE eleva o número de CPEs, bem como a concentração do fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) na circulação sanguínea.

Os macrófagos desempenham um papel importante na inflamação crônica e a presença destas células promove a progressão do câncer. Estas células contribuem para os processos de angiogênese e proliferação celular, libertando assim diferentes citocinas, incluindo TNF-α, IL-6 e VEGF.

As citocinas levam ao aumento do crescimento tumoral, angiogênese e metástase nas células tumorais e no microambiente tumoral. Foi implicado que o nível aumentado de IL-6 aumenta a capacidade de invasão das células do melanoma.

A quantidade de dopamina diminui durante o estresse crônico. A dopamina inibe a progressão do câncer e bloqueia a angiogênese mediada por VEGF e a proliferação de células tumorais. Além disso, a dopamina e o agonista do receptor D2 da dopamina (D2R) diminuem o processo de angiogênese e o crescimento celular das células do câncer de pulmão.

O hormônio oxitocina modula o eixo HPA e diminui sentimentos estressantes. Semelhante à dopamina, a ocitocina é reduzida no estresse psicológico crônico. Ouvir música, fazer atividade física, terapia, yoga, ganhar abraços e muito afeto são estratégias que ajudam a reduzir um pouco do estresse.

DIETA CETOGÊNICA PARA REDUÇÃO DE CITOCINAS INFLAMATÓRIAS NO CÂNCER

Neste outro artigo apresentei o efeito Warburg e o uso das estratégias cetogênicas para a redução da glicemia e dos níveis de insulina, a fim de combater o câncer e evitar sua recidiva.

A dieta cetogênica (KD) é uma dieta pobre em carboidratos e rica em gordura, muito utilizada no tratamento da epilepsia infantil. Pode aumentar o estresse oxidativo dentro do tumor, contribuindo para sua regressão, ao mesmo tempo em que protege células saudáveis (Pinto et al., 2018; Zhang et al., 2020). Precisa de ajuda? Marque aqui sua consulta de nutrição online.

CANABINÓIDES E CÂNCER

O sistema endocanabinóide é um dos principais reguladores da resposta ao estresse. O canabidiol (CBD) contribui para a redução significativa da resposta ao stress (Henson et al., 2021).

Estudos também mostram a capacidade dos canabinóides de combater as células cancerígenas. Os canabinóides apresentam uma variedade de efeitos anticancerígenos ao perturbar as vias de sinalização envolvidas na transformação maligna e na progressão do tumor. Podem iniciar apoptose e autofagia, montar respostas inflamatórias contra células cancerígenas e bloquear processos angiogênicos e metastáticos através de diferentes mecanismos, como inibição de COX2.

Por exemplo, o ovário possui receptores CB1 e CB2. Alguns estudos mostram uma expressão dependente do grau do tumor dos receptores CB1 no câncer de ovário.

Foi relatado que os receptores canabinóides e seus ligantes endógenos são geralmente regulados positivamente nas células e tecidos cancerosos quando comparados aos não cancerosos. A expressão dos vários componentes do sistema endocanabinóide não é homogênea em todos os cânceres e os mecanismos são complexos.

Assim, ainda há muita pesquisa a ser feita e é muito complicado interpretar os resultados como níveis plasmáticos e teciduais locais de vários componentes do sistema endocanabinóide. Portanto, não se automedique e sempre converse com seu oncologista sobre os melhores tratamentos para o seu caso.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Pontos positivos e negativos da suplementação de probióticos no câncer

A microbiota é fundamental para uma boa imunidade. Cerca de 70% das células imunes do corpo encontram-se no intestino e a microbiota influencia a receptividade do hospedeiro à imunoterapia.

Os microorganismos podem induzir respostas imunossupressoras, contribuindo para eficácia do tratamento (Garret, 2015). Em modelo experimental de tumor subcutâneo em camundongo, foi observado que a administração de antibiótico oral piorava a resposta à imunoterapia. Isto porque o antibiótico reduz a diversidade da microbiota intestinal.

Em humanos, a qualidade da microbiota também influencia a resposta à imunoterapia (Routy et al., 2018; Cong, & Zang, 2018). Os microorganismos mais associados à melhor resposta terapêutica são bifidobactérias, Faecalibacterium prausnitzii, Akkermansia municiphila e lactobacilos, produtores de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), especialmente butirato. AGCC regulam inflamação e imunidade local.

Algumas bactérias podem ser suplementadas como probióticos. Os probióticos são microorganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem algum benefício para a saúde. Esses micro-organismos pertencem a diferentes gêneros e espécies, tanto de bactérias como de leveduras.

Há muita controvérsia em relação à suplementação de probióticos em pacientes oncológicos. Este artigo destaca pontos positivos e negativos trazidos pelas pesquisas.

Pontos positivos da suplementação de probióticos

  • Probióticos podem ter um efeito sinérgico à quimioterapia citotóxica. Por exemplo, L. acidophilus potencializa o efeito da cisplatina e oxaliplatina. Lactobacillus johnsonii potencializa o efeito da ciclofosfamida. Já bifidobactérias (fragilis, breve, longum, adolescentis) potencializam o efeito da imunoterapia Anti-CTLA4 e Anti-PDL1 (Roy, & Trinchieri, 2017).

  • Probióticos aumentam células NK, as quais possuem efeito antitumoral (Aziz, &. Bonavida, 2016), reduzem a incidência de diarreia em pacientes com câncer (Hassan et al., 2018) e melhoram a eficácia terapêutica na imunoterapia e aumentam sobrevida global (Routy et al., 2018).

Probióticos também ajudam a restaurar a microbiota e lutar contra bactérias patogênicas, além de terem efeito antiinflamatório (Vivarelli et al., 2019)

Contraindicações do uso de probióticos

O paciente com câncer deve estar sempre sendo reavaliado, pois o probiótico pode ser prescrito em alguns momentos, mas não em outros. Quando não é possível usar probiótico podemos usar biomamps.

O consenso nacional de nutrição oncológica indica que, em casos de neutropenia (neutrófilos ≤ 1.000 células/mm3) não é indicado o uso de probióticos e nem mesmo vegetais fermentados e sementes germinadas.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/