Em sessão científica da Universidade do Estado de Ohio, o oncologista Colin Champ, discutiu o efeito Warburg. Este é um fenômeno em que as células tumorais convertem a glicose e a glutamina a ácido lático, diferentemente das células normais do organismo que realizam o ciclo de Krebs e a fosforilação oxidativa para obtenção de energia (ATP).
A fermentação realizada pelas células cancerígenas foi descrita por Otto Warburg na década de 1920. A disfunção mitocondrial pode ser o motivo do maior consumo de glicose e glutamina. Não sabemos o que vem primeiro. Se é a dieta rica em carboidratos que gera a disfunção mitocondrial, ou se é a disfunção mitocondrial que faz a mitocôndria comportar-se desta forma.
De acordo com esta teoria, é fundamental que a dieta seja restrita em carboidratos para que a célula cancerígena pare de crescer. Isto porque a glicose estimula a insulina e uma cascata metabólica (incluindo AKT e mTOR), fatores que promovem crescimento e sobrevivência de células tumorais. Excesso de proteína estimula também IGF-1 excessivamente o que contribui para as mesmas vias proliferativas.
Estudos mostram que a redução de carboidratos da dieta, com proteína moderada e alta quantidade de gorduras contribui para a redução da proliferação das células tumorais. Um estudo de 2019 mostrou que quanto maior é a quantidade de glicose circulante maior é a mortalidade de pacientes com câncer pancreático:
A redução dos níveis de glicose e insulina também fazem toda a diferença no aumento da sobrevida de mulheres com câncer de mama. Quanto maior o consumo de carboidratos e maior a insulina plasmática, menor são as chances de sucesso no tratamento (Goodwin et al., 2001).
No glioblastoma, a dieta cetogênica ajuda a controlar os níveis de glicose e insulina e aumentar a sobrevida dos pacientes após a cirurgia. Esta dieta foi muito importante pois os pacientes recebem medicamentos que aumentam a glicemia e pioram as chances de sobrevida.
O glioblastoma é um câncer muito agressivo. Sem tratamento (cirurgia, medicação, radioterapia) a sobrevida costuma ser inferior a 3 meses. Mesmo com o tratamento a maioria dos pacientes sobrevive entre 1 e 2 anos apenas.
Em estudo publicado em 2014 a dieta cetogênica foi fundamental para manter a glicemia dos pacientes em níveis normais (Champ et al., 2014). Nenhum paciente sofreu com episódios de hipoglicemia, toleram bem a dieta, a glicemia média desceu de 122 para 84mg/dL e 66% dos pacientes sobreviveram após 14 meses.
Para maior sucesso, provavelmente esta terapia precisará ser associada a drogas capazes de reduzir a produção de glutamina, uma vez que as células tumorais alimentam-se também deste nutriente.
O uso de antioxidantes também ajuda a reduzir o estresse oxidativo aumentado pela disfunção mitocondrial. Para a prevenção da recidiva de qualquer tipo de câncer, atividade física, jejum, controle da glicemia e do estresse também são estratégias recomendadas.
Sempre converse com seu oncologista sobre as melhores opções para o seu caso. Caso necessite acompanhamento nutricional marque sua consulta aqui.