Melatonina, zinco e magnésio na prevenção de doenças cardiovasculares

A prevalência de doenças crônicas vem aumentando nas últimas décadas, sendo as doenças cardiovasculares (DCV) a primeira causa de morte em todo o mundo. As DCV possuem forte base genética, mas esta pode ser modificada por fatores ambientais. Quando falamos em prevenção de doenças cardiovasculares geralmente os primeiros itens da lista são dieta saudável, manutenção do peso adequado e atividade física. Contudo, alguns nutrientes são fundamentais para a saúde cardiovascular.

Zinco na prevenção de doenças cardiovasculares

O mineral zinco é um dos micronutrientes presentes em nossa dieta. Contudo, as principais fontes são ostras e frutos do mar. Por isso, a deficiência não é tão incomum, apesar de outras carnes e sementes também fornecerem zinco na dieta. A deficiência de zinco gera danos celulares e contribui para a aterosclerose, o dano oxidativo, a inflamação (com liberação de interleucina 1 e fator de necrose tumoral). A administração de zinco melhora a mecânica e condutividade elétrica cardíaca, reduz a incidência de arritmias e melhora a recuperação do miocárdio após um infarto (Milton et al., 2018). O nutricionista pode prescrever suplementos de zinco de várias formas (as doses variam conforme o caso):

Atenção: assim como doses muito baixas aumentam o risco cardiovascular, doses muito altas também! Para adaptação à sua necessidade marque uma consulta.

Magnésio para um coração saudável

O magnésio (Mg) é um elemento alimentar essencial para humanos. Vegetais verde escuros são ótimas fontes de magnésio. Contudo, muitas pessoas possuem baixo consumo deste mineral, o que aumenta a incidência de fatores de risco importantes para as doenças cardiovasculares, incluindo síndrome metabólica, diabetes e hipertensão (Rosique-Esteban et al., 2018).

Melatonina, o hormônio do sono que também é bom para o coração

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A melatonina é um hormônio neuroendócrino sintetizado principalmente pela glândula pineal. É conhecido como hormônio do sono mas, na verdade, numerosos estudos mostram que as ações da melatonina são muito variadas. A melatonina é um potente antiinflamatório e antioxidante para o cérebro e sistema cardiovascular. Também ajuda a regular o metabolismo da glicose e gorduras (Sun et al., 2016).

Nosso cronotipo deve ser respeitado. Se somos matutinos e dormimos muito tarde não conseguimos reparar os órgãos, quando deveríamos estar dormindo. O cronotipo não é idêntico para todos. Testes nutrigenéticos avaliam a contribuição do DNA nas nossas preferências comportamentais pela manhã ou noite.

Quando há uma desregulação do ciclo sono-vigília o coração sofre. Pessoas que trocam o dia pela noite possuem maior tendência a ganhar peso excessivamente, de apresentarem colesterol alto, resistência à insulina, diabetes, hipertensão e depressão. Pessoas deprimidas tendem a dormir mal e o ciclo se realimenta deteriorando a saúde. Existem muitas formas de melhorar a saúde, incluindo acordar mais cedo, praticar atividade física mais cedo, comer mais cedo e ir para cama mais cedo.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Abordagem sindêmica no tratamento da obesidade

A nutrição de precisão visa otimizar a eficiência diagnóstica e benefício terapêutico, ajustando as necessidades de pacientes com base em suas características genéticas, biomarcadores metabólicos, individualidades fenotípicas ou psicossociais.

Testes genéticos apontam quais são os indivíduos que possuem maior facilidade de ganho de peso, maior dificuldade de perda de peso e quais são os que beneficiam-se mais de dietas com baixo teor de carboidrato, ou gordura, ou maior teor de fibras e assim por diante. Mesmo assim, o tratamento não é rápido nem fácil. A obesidade apresenta desafios. É comum o desenvolvimento de problemas de saúde como diabetes, esteatose, doenças autoimunes que interferem no tratamento.

Muitas pessoas conseguem emagrecer mais voltam a engordar repetidas vezes, mesmo tomando medicamentos, fazendo atividade física e submetendo-se à diferentes dietas. Considerando o histórico genético da obesidade, a abordagem sindêmica é a estratégia mais adequada para o tratamento. Estuda a genômica, as redes sociais, de estilo de vida e comportamentais que promovem tanto a inatividade quanto o consumo de alimentos

O que é abordagem sindêmica?

Sindemia estuda a interação entre problemas de saúde de indivíduos e populações em seu contexto social e econômico. A abordagem sindêmica é baseada em três características principais:

(1) o agrupamento de duas ou mais comorbidades na mesma população (por exemplo, obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão e distúrbios do sono);

(2) a interação biológica, psicológica e socioeconômica dos pacientes (por exemplo, situações de aumento de estresse, estigmatização, baixa autoestima, baixa renda e condições de vida que aumentam a inatividade física); e

(3) as forças sociais em grande escala que originalmente precipitam o agrupamento de comorbidades (por exemplo, baixo nível socioeconômico e níveis educacionais que favorecem a alimentação não saudável e o sedentarismo, levando ao excesso de adiposidade e potencialmente ao desenvolvimento subsequente de comorbidades).

Nutricionistas e médicos precisam considerar o padrão de fatores estruturais, fisiopatológicos e sociais que interagem adversamente entre si, como estigma e escassez de sistemas de suporte. Essa interação pode afetar negativamente o curso da obesidade e reforçar a carga de doenças. É importante ressaltar que todos esses fatores não existem apenas em paralelo, mas são interligados e cumulativos.

Uma abordagem sindêmica requer, portanto, uma abordagem não só clínica mas políticas sociais adequadas para acesso a alimentos, para que as pessoas possam ter espaços seguros para atividade física, acesso à cuidados de saúde etc.

A obesidade possui muitas causas

São muitas as causas da obesidade e abordagens simplistas são ineficazes.

São muitas as causas da obesidade e abordagens simplistas são ineficazes.

A obesidade requer uma abordagem multidisciplinar e transdisciplinar, com conhecimento complementar dos arcabouços moleculares, clínicos, bioinformáticos e sindêmicos. A abordagem holística não deve ser subestimada.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Nosso corpo tem ritmos

A contribuição metabólica específica do consumo de diferentes fontes de produção de energia macronutrientes (ou seja, carboidratos, proteínas e lipídios) para a obesidade é uma questão de debate. Nesta revisão, resumimos a pesquisa atual sobre associações entre a ingestão de diferentes macronutrientes e ganho de peso e adiposidade. Discutimos insights sobre possíveis vias mecanísticas diferenciais onde os macronutrientes podem agir sobre o apetite ou adipogênese para causar ganho de peso. Também exploramos o papel da distribuição de macronutrientes na dieta na termogênese ou gasto de energia para perda e manutenção de peso. Com base no dados discutidos, descrevemos uma nova maneira de controlar o peso corporal excessivo; ou seja, prescrever dietas personalizadas com diferentes composições de macronutrientes de acordo com o indivíduo genótipo e / ou enterótipo. Neste contexto, a interação do consumo de macronutrientes com a incidência de obesidade envolve mecanismos que afetam o apetite, a termogênese e o metabolismo, e os resultados desses mecanismos são alterados pelo genótipo e microbiota de um indivíduo.

SEM DORMIR, ATÉ A MICROBIOTA SOFRE

Na verdade, as interações da composição genética e / ou características da microbiota de uma pessoa com a ingestão de macronutrientes específicos ou o consumo de padrão alimentar ajudam a explicar respostas a macronutrientes e padrões alimentares, que podem representar fatores-chave para recomendações nutricionais de precisão abrangentes e gerenciamento personalizado da obesidade. A ingestão de alimentos induz a produção de uma série de sinais, incluindo hormônios intestinais, peptídeos, metabólitos e os nutrientes contidos nos alimentos, que afetam diferentes mecanismos em o cérebro para ativar processos no corpo, como controle do apetite, ou termogênese e funções vitais, que são tão simples como respirar, ou manter as funções metabólicas, usará os nutrientes e alimentos ingeridos para induzir a fermentação processa e sintetiza metabólitos, como ácidos graxos de cadeia curta (SCFAs). Todos esses processos correspondem ao linhas azuis, que levam à ingestão de energia. Além disso, no cérebro, os sinais eferentes são produzidos e enviados para diferentes tecidos para promover a termogênese e / ou armazenamento de energia, que correspondem às linhas vermelhas, e contribuir para o gasto de energia.

Nosso corpo evoluiu para dormir e reparar à noite. Nosso organismo é resiliente. Se não dormirmos à noite vamos sobreviver, mas a que custo? A troca de horários gera uma sobrecarga para o corpo. Pâncreas, fígado, coração, cérebro podem sofrer. É normal que pessoas que trocam o dia pela noite tenham um peso corporal mais aumentado, maior percentual de gordura corporal, elevação de colesterol e triglicerídeos, aumento da pressão arterial, maior incidência de síndrome metabólica e depressão. O estilo de vida moderno nos trouxe muitos benefícios, mas nem tudo é vantagem. O ideal é desligar o celular e ir pra cama mais cedo. Aprenda mais sobre crononutrição nos posts anteriores.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/