ANEMIA NA SÍNDROME DE DOWN NÃO PODE ACONTECER!

O baixo consumo de ferro é a principal causa da anemia ferropriva na população. Outra importante causa de anemia é a extração exagerada de sangue. Um estudo realizado com pacientes com trissomia do cromossomo 21 (síndrome de Down) mostrou uma alta prevalência de anemia nesta população (Mittal et al., 2020). A anemia piora o funcionamento da tireóide, a performance cardiovascular, gera cansaço, sonolência, dificuldade de concentração e atraso no desenvolvimento cognitivo.

Muitos profissionais possuem dificuldade em diagnosticar a anemia ferropriva pois a ferritina pode estar alta ou normal na síndrome de Down. Isso acontece porque muitas vezes a criança está também doente ou inflamada. Por isso, o ideal seria pedir também como exame o receptor solúvel da transferrina (sTfR). Este não sofre influência da inflamação e da infecção como a ferritina, sendo portanto, útil na avaliação da deficiência de ferro, principalmente na presença de inflamação ou infecção.

Claro, tirar sangue demais é contra-indicado, como visto na entrevista acima com a cardiologista, especialista em síndrome de Down, Dra. Carolina Capuruço. Mesmo assim, o rastreamento anual para anemia (hemograma + ferritina e, se necessário sTfR) é fundamental para que a prescrição possa ser feita de forma adequada. Em contraste com a ferritina, que reflete a reserva de ferro, o receptor solúvel de transferrina avalia o suprimento medular de ferro e o grau de eritropoiese, refletindo o compartimento funcional de ferro. Para maior segurança é importante dosar também marcadores de fase aguda (como PCR ou VHS).

A suplementação de ferro deve ser feita apenas quando houver anemia ou risco de anemia. Além disso, a forma de ferro suplementada deve considerar a capacidade da pessoa em se defender contra um possível estresse oxidativo. Sais ferrosos aumentam o estresse oxidativo enquanto o ferripolimaltose (ferro polimaltosado), bisglicinato e sucrossomial não possuem este efeito.

Para melhorar a absorção de ferro podemos associar o mineral com Lactobacillus plantarum. Marque sua consulta, em caso de dúvida.

MAIS INFORMAÇÕES SOBRE O NÍVEL SÉRICO DO RECEPTOR SOLÚVEL DE TRANSFERRINA

O nível sérico do sTfR aumenta com a depleção das reservas de ferro, nas talassemias, anemias hemolíticas, anemia falciforme, na eritropoiese ineficaz - anemias megaloblásticas e síndromes mielodisplásicos, nas leucemias crônicas e agudas, e na terapêutica com eritropoietina.

Já a diminuição dos níveis de sTfR associa-se aos síndromes de falência medular, ao déficit de eritropoietina, como na insuficiência renal crônica e ao excesso de ferro.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Mulher que quer engravidar deve começar a se preparar 1 ano antes

A gravidez é um momento muito especial. A saúde da mãe influenciará a saúde da criança não só enquanto estiver dentro de sua barriga, mas durante toda a vida. É o que chamamos de programação metabólica fetal. Todo mês a mulher libera um óvulo (ovócito secundário). Mas para que um folículo amadureça e vire um ovócito secundário passam-se cerca de 12 meses. Quanto melhor é a saúde e o estado nutricional da mulher, mais saudável será este ovócito secundário.

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O ovário é extremamente sensível a metais pesados como mercúrio, chumbo e cádmio. Quando a mulher está intoxicada há diminuição do crescimento folicular, degeneração do corpo lúteo (estrutura que produz progesterona e mantém a gestação), os ciclos podem ficar irregulares, há diminuição do hormônio antimulleriano, morte celular dos folículos (atresia folicular). Nos homens, a intoxicação por metais pesados reduz a contagem de espermatozóides.

A melhor maneira de evitar a contaminação por metais pesados é priorizar alimentos orgânicos, preferir alimentos simples, feitos em casa, reduzindo o consumo de ultraprocessados, não fumar. Mulheres que consomem fast food, comidas prontas e congeladas com frequência têm metade a 1/3 da chance de engravidar em relação àquelas com dietas saudáveis.

Os valores de referência para avaliação destes metais são:

  • Mercúrio < 1

  • Chumbo < 3

  • Cádmio < 0,5

Além disso, não aqueça plásticos no microondas, prefira copos e recipientes de vidro ou cerâmica.

Nutrindo os folículos

Reponha os nutrientes que estiverem faltando. Recomendo que as mulheres que desejam engravidar façam o exame nutrigenético (leva de 2 a 3 meses para saírem os resultados) pois serão avaliados mais de 4.000 variações genéticas que influenciam na saúde. O polimorfismo de MTHFR é comum e compromete a gestação e seu resultado. Mas pode ser corrigido com a suplementação de metilfolato em doses adequadas.

Nos homens, um nutriente essencial para a fertilidade é o zinco. Polimorfismos genéticos que reduzem o uso do zinco podem ser investigados quando há comprometimento da espermogênese. O zinco tem especial atuação no processo de fertilidade pois está ligado, tanto ao processo de produção de testosterona, quanto da espermatogênese. Ele ainda é parte de uma enzima antioxidante importante para o espermatozoide, que é a superóxido dismutase zinco-cobre.

Dúvidas? Marque sua consulta de nutrição online

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Cortisol e depressão

Você acorda atrasado, pula da cama, pega trânsito, come mal e já chega ao trabalho estressado? Pois é, muita gente já apresenta um pico de cortisol logo cedo. Cortisol alto e serotonina baixas são ultra comuns em pessoas com depressão.

O cortisol é um hormônio produzido pelas glândulas supra-renais, que são as pequenas glândulas endócrinas que ficam no topo dos nossos rins. É secretado pelo corpo em resposta ao estresse e um dos hormônios envolvidos na resposta de luta ou fuga.

No curto prazo, a liberação de cortisol tem muitos benefícios. Ele nos prepara para desafios físicos e emocionais, gera explosões de energia e dispara picos de atividade imunológica quando somos confrontados com vírus, bactérias e fungos.

No entanto, a produção de cortisol se torna problemática quando você está exposto a estresse prolongado. Níveis elevados de cortisol podem resultar ao longo do tempo em aumento da glicose sanguínea, elevação da pressão arterial, capacidade reduzida de combater infecções e aumento do armazenamento de gordura no corpo. Com isso, o risco de doenças como diabetes, doenças cardíacas e derrame aumenta.

Em pessoas que vivem com depressão, o cortisol tende a atingir o pico no início da manhã e não diminui ao longo do dia. Pelo contrário, novos picos podem ocorrer e essa disfunção de cortisol torna o corpo resistente aos seus efeitos positivos. A inflamação aumenta, a dor, a fome, o estoque de gordura, os problemas de memória e o cansaço também.

O primeiro passo é adotar estratégias para redução do estresse. Dormir mais cedo para não acordar correndo, fazer atividade física, terapia, comer bem, usar suplementos que ajudem na redução do cortisol (Ashwagandha, Rhodiola, camomila, vitamina C), ouvir música relaxante, receber massagem, manter um diário, meditar, pintar, tomar sol, entrar em contato com a natureza, tudo isso ajuda.

Um estudo também mostrou que indivíduos que consomem mais chá (4 xícaras ao dia) possuem menores níveis de cortisol e mais sensação de relaxamento (Steptoe et al., 2007). Troque parte do seu café pelo chá, pois este tem efeito mais calmante.

Não existe uma pílula mágica no tratamento da depressão. A melhoria depende de modificações no estilo de vida. Remédios podem prevenir pioras, podem aumentar serotonina (hormônio do bem estar) mas não curam a doença. O conjunto de estratégias torna o caminho de recuperação mais fácil e rápido. Busque ajuda!

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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