12 ferramentas de autocuidado para quem está com pouco dinheiro

Com a pandemia do coronavírus-19, o autocuidado deixou de ser uma indulgência, passando a ser uma necessidade. Tomar medidas preventivas para permanecer bem é bom para você, para sua família, sua comunidade, seu país e para o mundo.

Mudança de paradigma.jpg

O estresse crônico gera inflamação. Mas podemos combatê-lo com técnicas de autocuidado. O capitalismo colocou na cabeça das pessoas de que o único valor que possuem é sua capacidade de trabalho. A recuperação do autocuidado está enraizada na autonomia e escolha, bem como no esforço consciente para compreender o importante equilíbrio, mesmo que às vezes confuso, entre o cuidado comunitário e familiar, o ativismo e o amor-próprio.

Durante a pandemia muitas mulheres passaram a trabalhar em casa, os filhos deixaram de ir para a escola e a carga de trabalho aumentou. Na maioria das casas, as mulheres - incluindo as que têm empregos - fazem mais tarefas domésticas e têm mais responsabilidades familiares e de cuidar dos filhos do que os homens. Além disso, as mulheres tendem a assumir um trabalho mais emocional nos relacionamentos, famílias, amizades, locais de trabalho e espaços comunitários. Pode ser esgotante. Por isso, o autocuidado é um ato radical feminista.

Opções de autocuidado que não exigem um mundo de dinheiro

As redes sociais mostram muitas opções de autocuidado. É a palavra da vez. Contudo, nem todas as técnicas são acessíveis às multidões. Mergulhar em um banheira quente diariamente por 8 semanas é muito eficaz no alívio da ansiedade, pois o prazer da água morna faz o corpo liberar endorfinas, substâncias analgésicas produzidas pelo cérebro. MAS VOCÊ TEM UMA BANHEIRA? O banho de banheira pode ser acompanhado de gotas de óleo essencial de lavanda (MAS VOCÊ JÁ VIU QUANTO CUSTA UM VIDRINHO MÍNIMO DE ÓLEO ESSENCIAL). Outra estratégia é colocar sal de epson (sulfato de magnésio) na água da banheira. Este sal rico em magnésio é importante para o relaxamento muscular e do sistema nervoso (OPÇÃO MAIS BARATA, MAS ESTÁ AÍ NA SUA DESPENSA? EU NÃO TENHO AQUI EM CASA…).

RESPIRAÇÃO PROFUNDA

Respirar de forma consciente, lenta e profundamente, também é uma forma de acalmar o sistema nervoso. O mesmo efeito pode ser obtido pela massagem. No momento, pela automassagem, que contribui para a redução dos níveis de cortisol, um dos hormônios do estresse. Fazer caminhadas e dar boas gargalhadas também ajuda muito.

2. Passe algum tempo fora de casa.

Seu bairro é seguro? Dê uma volta no quarteirão, sente-se na grama ou apenas aproveite para sentir o sol tocando sua pele. Passar tempo sem o burburinho do dia a dia e sem dispositivos eletrônicos ajuda a acalmar o sistema nervoso e reduzir o risco de doenças associadas ao estresse. A internet é um ótimo recurso para aprendermos e nos sentirmos conectados, mas também gera uma sensação de que nunca somos o bastante, nunca sabemos o bastante, nunca temos o bastante. A internet também nos mantém distraídos e entorpecidos. Por isso, o ideal é limitar o tempo diário que gasta em redes sociais.

2. Limpe e organize seu quarto

Quando as coisas estão sujas ou desorganizadas nos sentimos mais estressados e ansiosos. Reservar um tempinho para que seu quarto esteja cheiroso e arrumado pode fazer maravilhas pelo seu bem-estar. 

3. Escreva um diário

O ideal é que todos nós pudéssemos pagar por um bom terapeuta, mas não é a realidade. Um exercício que ajuda muito a lidar com as emoções difíceis é fazer um diário. Escrevendo, conseguimos rever e refletir sobre eventos,  padrões de pensamento, podemos cultivar mais gratidão e pensar em metas coerentes para o futuro. Pegue sua caneta e um papel e comece. 

4. Durma

Ir para a cama quando está com sono é uma das principais ferramentas de autocuidado, mas uma das mais difíceis. Temos tanto a fazer e o dia parece tão curto! Mas uma boa noite de sono melhora a disposição, o humor, a imunidade, a vitalidade, repara células, reduz o risco de doenças cardíacas… Não menospreze suas horas de sono!

5. Medite.

A meditação ajuda a aliviar a ansiedade e os sintomas da depressão e melhora a atenção, a concentração e o bem-estar psicológico geral. Você não precisa de muito tempo - comece com 5 minutos sentado em silêncio e prestando atenção à sua respiração. É uma das melhores formas de conectar mente e corpo. Existem muitas meditações guiadas gratuitas no YouTube, inclusive em meu canal. 

6. Mova-se

O movimento é um dos pilares da saúde. Você pode dançar na sala, pode andar pela vizinhança, pode nadar no rio ou no mar, pode praticar yoga em casa, pode ir para a academia, pode correr no parque. Estudos mostram que a prática de yoga de apenas 20 minutos aumenta a clareza mental. Ler um bom livro por apenas 6 minutos reduz o estresse. Existem estúdios caríssimos e existem vídeos ótimos no youtube, para todos os níveis.

7. Converse com suas pessoas favoritas

Durante a pandemia manter-me conectada à minha mãe, minha filha e minhas amigas (mesmo que online) foi super importante para minha sanidade mental. O ser humano precisa de contato, de conexão. 

8. Abrace um cachorrinho

O contato físico também é importante. Abrace, abrace, abrace (filhos, amigos, um parceiro/parceira ou um cachorrinho). Na pandemia adotei um vira-latas abandonado e ele sim me manteve feliz e acompanhada durante todo o tempo. Abraços, lambidas e muitas risadas garantidas por aqui.

9. Tenha um hobbie

Estou aprendendo a pintar, mas você pode desenhar, cantar, serrar, martelar, tocar um instrumento, dançar, cozinhar, escrever, jogar cartas, costurar, bordar, jogar videogame, cuidar das plantas, pular corda, montar quebra cabeças, escrever poesia, escrever músicas, ler, ir a eventos gratuitos, voluntariar em uma causa...

10. Adote uma dieta baseada em plantas

Vegetais são mais baratos do que comida processada e te deixarão mais bem nutrida. Oferecem água, fibras, minerais, vitaminas, fitoquímicos antioxidantes. Aprenda a deixá-los deliciosos. Alimentando-se bem, com uma abundância de frutas, verduras, castanhas e sementes, para manter o intestino saudável. As bactérias boas do intestino dependem das fibras para produzirem substâncias que fortalecerão nosso sistema imune. Se o seu intestino não funciona aproveite a quarentena para tratar a disbiose intestinal. Hidrate-se bem para manter as fezes macias e conseguir eliminar melhor toxinas, evitando também a dor de cabeça e a enxaqueca.

11. Diga “não” 

Quando fazemos tudo por todos, rapidamente ficamos sobrecarregados. Estabeleça limites. Você precisa de tempo para você, seu descanso e seu autocuidado. 

12. Pratique mantras

Para lidar com ansiedade e medo você pode escrever em um diário, fazer terapia, praticar yoga, meditar ou repetir mantras. Aqui estão algumas ideias para este momento turbulento da história mundial:

1. O medo e os contratempos não me definem. Levam-me a um novo patamar de consciência. Revéses são oportunidades para realinhamento. Cuido-me porque me amo.

2. Sinto-me em paz.

3. Escuto meus sentimentos e respeito minha intuição.

4. Estou conectado à minha fonte de energia, que é amor e luz.

5. Sou gentil comigo mesmo durante este processo de transição.

6. Vivo cada dia como se fosse único e o mais especial.

7. Deixo de lado o que não posso mudar. Crio um ambiente de conforto e saúde. Tudo na vida tem seu próprio tempo e lugar, e permito que tudo seja como é. Eu deixo ir.

7. Sou grato por tudo o que sou e tudo o que tenho.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
Tags ,

Esteatose hepática não alcoólica em crianças e adolescentes

Muitos fatores aumentam o acúmulo de gordura no fígado, incluindo consumo de álcool, hepatite C, nutrição parenteral, medicação esteatogênica (por exemplo, valproato), lipodistrofia, erros inatos do metabolismo, disfunção mitocondrial, doença celíaca, hipotireoidismo, doença de Wilson, etc (Hegarty et al., 2018). Contudo, a maior parte das crianças e adolescentes estão desenvolvendo esteatose alcoólica pela combinação de dieta hipercalórica, rica em gordura e açúcar, e sedentarismo. Estes fatores combinados com susceptibilidade genética aumentam o acúmulo de gordura na região visceral, geram resistência à insulina, dislipidemia e acúmulo de gordura no fígado (NAFLD). Esta pode progredir, com inflamação do fígado e dano ao tecido (NASH). Aumentam o risco também de NASH o estresse oxidativo, disbiose intestinal, excesso de ferro e cobre na dieta (Clemente et al., 2016).

O tratamento envolve mudanças dietéticas, uso de medicamentos, suplementação (vitaminas E, D, probióticos, ácidos graxos ômega-3, colina) e atividade física, visto que o sedentarismo piora a esteatose (Vittorio & Lavine, 2020)

O início do tratamento deve começar o quanto antes pois a esteatose dificulta a eliminação de toxinas, o metabolismo de nutrientes e aumenta o risco de outros problemas de saúde incluindo diabetes tipo 2 (Wicklow et al., 2012).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Nova proposta de classificação para a obesidade

A obesidade foi designada como doença pela Associação Americana de Endocrinologistas Clínicos (AACE) em 2012, pela Associação Médica Americana em 2013 e, posteriormente, por vários profissionais médicos e associações nacionais e internacionais. A lógica é que a obesidade atende aos critérios essenciais de uma doença, incluindo acúmulo de gordura subcutânea e visceral, desregulação hormonal, aumento da morbidade (complicações biomecânicas e cardiometabólicas), estigmatização, depressão, transtornos depressivos e mortalidade.

complications_of_abnormal_adiposity.jpg

A progressão das complicações cardiometabólicas começa com a resistência à insulina, progride para os estados de alto risco da síndrome metabólica (SM) e pré-diabetes e depois culmina com diabetes tipo 2 (T2D), doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), doença cardiovascular (DCV) ou os três. A resistência à insulina gera:

  • defeitos na homeostase da glicose, oxidação de nutrientes e função mitocondrial;

  • aumento na inflamação e no estresse oxidativo;

  • alterações na concentração de lipídios e lipoproteínas no sangue, aumentando o risco cardiovascular;

  • comprometimento do armazenamento lipídico nos adipócitos, células musculares e hepatócitos;

  • aumento da vasorreatividade devido à redução da atividade endotelial de óxido nítrico sintase e produção de óxido nítrico.

A maioria das complicações podem ser prevenidas ou tratadas pela perda de peso. Assim, o objetivo do tratamento da obesidade como uma doença é melhorar a saúde dos pacientes, prevenindo, melhorando ou revertendo a obesidade, assim como suas complicações.

A AACE propõe distinguir o indivíduo com peso elevado sem complicações daqueles com complicações. Criou um novo termo diagnóstico, “doença crônica baseada na adiposidade”, que também foi recentemente adotada pela Associação Europeia para o Estudo da Obesidade (EASO). A frase “baseada na adiposidade” é justificada porque a doença se deve principalmente a anormalidades na massa, distribuição e / ou função do tecido adiposo. A frase “doença crônica” indica que a doença é vitalícia e associada a complicações que aumentam a morbimortalidade e que possui um histórico natural que oferece oportunidades para prevenção primária, secundária e terciária

A nova classificação proposta considera três dimensões:

1 - A primeira dimensão é a etiologia (causa), que inclui duas categorias: (1) doença multifatorial, representando a maioria dos pacientes, e (2) obesidade decorrente de fatores específicos identificáveis, como anormalidades genéticas, distúrbios endócrinos, causas iatrogênicas, imobilização ou doença psiquiátrica .

2 - A segunda dimensão é o grau de adiposidade, abrangendo seis categorias de valores de Índice de Massa Corporal (IMC).

3 - A terceira dimensão é o risco à saúde classificado de baixo a intermediário e alto. Baixo risco abrange obesidade sem complicações. O risco intermediário incorpora uma ampla gama de fatores, incluindo histórico familiar de doença cardiometabólica, tabagismo, inatividade física e presença de características da SM. Alto risco é definido como a presença de diabetes, síndrome metabólica, doença cardiovascular, doença renal crônica e distúrbios músculo-esqueléticos.

A proposta constitui um avanço notável, pois reconhece a obesidade como uma doença heterogênea no que diz respeito à fisiopatologia e incorpora uma dimensão que reflete o impacto do excesso de adiposidade na saúde. A proposta também pede a avaliação da circunferência da cintura como um indicador da massa do tecido adiposo ventral, reconhecendo que anormalidades na massa e na distribuição do tecido adiposo podem contribuir para a carga de complicações.

A nova classificação proposta receberá códigos (A, B, C, D) e o artigo completo com as explicações pode ser lido aqui (Garvey & Mechanick, 2020).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/