A dieta que protege e a dieta que lesiona seus rins

Nossa dieta é mais rica em gordura saturada, açúcar e sal do que o padrão alimentar de nossos ancestrais. A dieta de hoje é mais acidificante, associando-se a aumento da pressão arterial e danos renais (Banerjee et al., 2014). Dietas indutoras de acidez parecem aumentar a toxicidade dos túbulos renais, local onde a urina é produzida. Para tentar se proteger os rins aumentam a produção de amônia, que reduz o pH. Porém, a longo prazo a amônia começa a exercer seus efeitos tóxicos, lesando cada vez mais os órgãos.

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A partir do metabolismo das proteínas é produzido o  ácido úrico. Por ser solúvel em água, 600 a 700 mg de ácido úrico ou urato são eliminados pela urina diariamente.

O valor padrão de ácido úrico no plasma fica em torno de 6 mg% para mulheres e 7 mg% para homens. Quando o ácido úrico é superior a 8 mg% (hiperuricemia) corre o risco de depositar-se nos tecidos, aumentando o risco de gota, artrite, tofo e nefrite.

As causa nutricionais mais comuns para a elevação do ácido úrico é o consumo exagerado de proteínas (purinas) e o consumo de álcool. Também pode ocorrer em indivíduos obesos ou que fazem uso de medicamentos como diuréticos e antiinflamatórios. A hiperuricemia é um importante fator de risco para doenças dos coração e dos rins. 

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Para reduzir o ácido úrico plasmático é importante a abstinência do álcool, a redução no consumo de açúcares, evitar alimentos ricos em purinas (alimentos de origem animal), evitar a cetose causada pelo jejum e baixo consumo de carboidratos, assim como o consumo de glutamato e o contato com o chumbo. A ingestão de líquidos deve ser aumentada para auxiliar a excreção pela urina e reduzir as chances de desenvolvimento de cálculos renais. 

O tofu (queijo de soja) aumenta a excreção do ácido úrico. Aumente também o consumo alimentos ricos em vitamina C, como tomate, pimentão, tangerina, acerola, camu-camu, limão, laranja, abacaxi, cereja e kiwi, que auxiliam na eliminação de ácido úrico pelos rins e previnem a formação de cálculos renais.

Lactato, hiperinsulinemia, hiperleptinemia, ácido oxálico, corpos cetônicos, chumbo compromentem a eliminação de ácido úrico aumentando o risco de doença renal crônica. Estima-se que entre 3 e 6 milhões de brasileiros sofram com a doença, que reduz a qualidade de vida e aumenta a mortalidade (Marinho et al., 2017). 

Dietas mais ricas em proteína animal, gordura animal e colesterol podem estar associadas a vazamento de proteína na urina, que é um sinal de dano renal. Já dietas com mais frutas, verduras e grãos integrais, menos carnes e doces têm um efeito protetor contra doenças renais (Sebastian et al., 2002; .

Proteínas presentes em alimentos de origem vegetal (cogumelos, feijões, lentilha, ervilha, grão de bico, soja) possuem menos enxofre. Com isso, menos ácido é formado. Dietas à base de plantas têm sido prescritas há décadas para pessoas com insuficiência renal crônica, por serem menos ricas em gordura, isentas de colesterol, menos formadoras de ácido, ricas em potássio e flavonóides (baixando a pressão arterial) e antioxidantes (que protegem artérias). De fato, se você comparar a função renal de veganos com vegetarianos e onívoros, a dieta mais baseada em vegetais foi mais associada a parâmetros melhorados para a prevenção do declínio renal degenerativo (Wiwanitkit, 2007; Lin et al., 2010; Gluba-Brzózka, Franczyk, & Rysz, 2017). 

A hipertensão arterial é um  importante fator de risco para doenças cardiovasculares e renais. Para baixar a pressão (tensão arterial, em Portugal) evite adicionar sal nos seus alimentos. Reduza o consumo de alimentos processados, pois costumam ser ricos em sódio. Reduza também o consumo de cafeína (café, chá preto, chá mate, refrigerantes).

Aumente o consumo de frutas, verduras, castanhas e sementes, pois são ricas em potássio e flavonóides que reduzem a pressão e o risco de doenças. Por exemplo, os flavonóides do cacau aumentam o óxido nítrico, promovem a dilatação dos vasos e a redução da pressão arterial. Revisão publicada em 2018 mostrou que o consumo de chocolate ou cacau ricos em flavonóides reduzem a pressão em 2 mmHg (Ried, Fakler, & Stocks, 2017).  Nham!

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Bullying e transtornos alimentares

Demi Lovato é linda, talentosa, rica, popular. Tem a vida sonhada por muita gente mas está internada novamente. No documentário lançado no ano passado contou sua luta com álcool, drogas e com a bulimia. 

A cantora do hit "Give your heart a break" já falou diversas vezes sobre o tanto que sofre. Mesmo assim, vive sendo atacada nas redes sociais toda vez que engorda. Por que uma cantora precisa ser atacada por seu peso? Por que qualquer pessoa precisa ouvir constantemente comentários sobre o peso? Quando as pessoas vão parar de comentar sobre a aparência dos outros? Se não temos nada de bom a dizer porque precisamos abrir a boca? Sim, palavras ferem - e muito.

Para acabar com o bullying quem sofre, quem é mais sensível ou mais perfeccionista vai tentar se moldar, vai tentar agradar emagrecendo mais uma vez, privando-se, vomitando, tentando aparentar o que não se é...

O que é a bulimia?

A bulimia nervosa é um distúrbio alimentar grave que se caracteriza pela ingestão às escondidas de grandes quantidades de comida, seguida de alguma estratégia compensatória como a indução do vômito. Noutros casos, procura-se compensar a ingestão excessiva de calorias com laxantes, diuréticos ou muita atividade física (por horas).

A incidência de bulimia é maior em mulheres entre os 15 e 24 anos, principalmente entre as perfeccionistas ou nas que sofrem de ansiedade extrema ou depressão. Porém, outros fatores contribuem para o aparecimento do transtorno como genética e pressão social. 

A bulimia manifesta-se como uma preocupação excessiva com o corpo e com o peso, um medo constante de ganhar peso, uma sensação de incapacidade de controlar o comportamento alimentar. A ingestão de alimentos em alguns momentos é excessiva, causando desconforto, dor e vergonha. Com as práticas compensatórias podem surgir complicações, como desidratação, insuficiência renal, problemas cardíacos, irregularidades menstruais, deterioração dos dentes e gengivas, problemas digestivos, agravamento da ansiedade ou depressão e abuso de álcool e/ ou drogas.

O diagnóstico é feito pelo médico psiquiatra ou psicólogo, a partir de conversas com o paciente e seus familiares, de exames físicos, clínicos e bioquímicos. Fique atento, se alguém ao seu redor apresentar: 

  • episódios repetidos de ingestão excessiva de alimentos;
  • comportamentos estranhos (a pessoa some após a refeição);
  • prática de atividade física excessiva;
  • jejum ou uso de diuréticos ou laxantes;
  • baixa autoestima, irritabilidade;
  • sintomas depressivos (angústia, tristeza, cansaço extremo, sentimentos de culpa, perturbações do sono, alterações na capacidade de concentração, preocupações recorrentes, apatia, dores).

Bulimia é algo sério. Em primeiro lugar podemos ajudar parando de julgar as pessoas pela sua aparência. O ser humano é diverso em cor, estatura, peso, gênero. Não temos que ser tão severos! Demi Lovato acredita que sua história com a bulimia começou com o bullying na escola. À medida que a ansiedade e o estresse aumentava o comer tornava-se mais e mais disfuncional.

Como se trata a Bulimia nervosa? 

O diagnóstico já foi feito? Apoie, leve às consultas, esteja presente. Muitas pessoas resistem ao tratamento o que pode agravar a situação. De um modo geral, o tratamento da bulimia requer uma combinação de medicamentos e de psicoterapia. Além destes elementos clínicos, o apoio familiar é um aspecto fundamental durante o tratamento. Medicamentos podem também ser necessários, dependendo do diagnóstico. Por exemplo, antidepressivos, como a fluoxetina, podem ser prescritos. 

Um adequado acompanhamento nutricional é importante. Em geral, pessoas com transtornos alimentares já fizeram muitas dietas diferentes e possuem dúvidas sobre o que é certo e errado. Um bom profissional pode ajudar o paciente a navegar melhor por conceitos e práticas. Além disso, dependendo das complicações clínicas, ajustes precisarão ser feitos à dieta.

Dentre as complicações observadas estão: deficiência de sódio, potássio, ferro, zinco e magnésio, acidose metabólica, amenorreia, diminuição da libido, osteopenia ou osteoporose, esofagite, prisão de ventre, alterações no funcionamento do fígado, cálculo renal, ressecamento cutâneo, perda de cabelo, perda extrema de massa magra.

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Em alguns casos, pode ser necessária a hospitalização. Embora os sintomas melhorem com o tratamento, por vezes, a recuperação não é completa podendo ocorrer períodos de relapso, muitas vezes desencadeados por acontecimentos estressantes. 

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Introduza a alimentação complementar no ritmo do bebê

A introdução de alimentos sólidos está indicada a partir dos 6 meses de vida do bebê. Até esta idade, o leite materno é a melhor opção preenchendo todas as necessidades nutricionais do recém-nascido. Antes dos 6 meses a produção de saliva da criança ainda pode ser insuficiente, assim como a produção enzimática, dificultando o consumo e digestão de alimentos sólidos. Os rins também não toleram grandes quantidades de proteína e o sistema imune ainda é imaturo, por isso, o consumo de alguns alimentos podem causar alergias.

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Aos 6 meses o bebê pesa aproximadamente 7 kg e o leite materno sozinho não dá conta de fornecer tudo o que a criança precisa. Em geral, a criança está curiosa para comer outras coisas. É importante que respeitemos o ritmo do bebê. Não há necessidade de contar quantas colheradas foram consumidas. A evolução na alimentação é lenta e cada criança é diferente da outra. Não adianta comparar seu pequeno com o bebê da vizinha nem com seus outros filhos.  

Trate a alimentação de forma natural, sem rigidez, respeitando o ritmo de desenvolvimento de seu filhote. Não precisa dar pulos se o bebê comer tudo, nem chorar se ele se recusar a comer. As crianças percebem nossa ansiedade. Procure estar tranquila na hora de alimentar a criança, perceba o que está acontecendo, deixe o bebê te orientar.

No curso online "Introdução da Alimentação Complementar" explico o passo a passo para quem está ansioso ou com dúvidas a respeito desta etapa importante da vida do bebê:

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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