A síndrome de Klinefelter (SK) é a aneuploidia cromossômica sexual mais comum em homens. Caracteriza-se por um cromossomo X adicional, o que leva, na maioria dos casos, a um cariótipo de 47 XXY, ao invés 46 XY.
A prevalência de SK é estimada entre 1 em 448 a 1 em 917 nascimentos do sexo masculino. O número de casos parece ter aumentado durante as últimas décadas. Isso pode ser parcialmente explicado pelo aumento da idade materna ao engravidar, pior qualidade do esperma (especialmente devido a estresse oxidativo aumentado), mudanças ambientais.
O cromossomo X supranumerário origina-se em 50% dos casos da mãe e nos outros 50% dos casos do pai. Em ambas as situações, é devido a um evento de não disjunção durante a gametogênese parental ou não disjunção pós-zigótica durante as divisões mitóticas embrionárias iniciais. Em 90% dos pacientes com SK, o cariótipo é um típico 47 XXY, enquanto 7% dos pacientes têm mosaicismo. Os outros 3% têm variantes raras, como 48 XXXY ou 48 XXYY. Essas variantes com dois cromossomos sexuais extras são extremamente raras (1:18.000–1:100.000) e geralmente são caracterizadas por um fenótipo mais grave.
A SK foi descrita pela primeira vez em 1942 pelo Dr. Harry Klinefelter, que relatou uma série de casos de homens com testículos pequenos, estatura alta, ombros estreitos, quadris largos, pêlos esparsos, ginecomastia (hipertrofia do tecido glandular mamário em homens) e azoospermia (ausência de espermatozoides na ejaculação). A síndrome também pode cursar com déficit cognitivo.
Nem sempre o diagnóstico acontece na infância uma vez que é na puberdade que as características mais comuns da síndrome surgem. Os sintomas que levam a um diagnóstico durante a infância são geralmente subdesenvolvimento da genitália, hipotonia muscular, atrasos no desenvolvimento e problemas de aprendizagem e comportamento. Cerca 75% das crianças com SK apresentam atraso fonoaudiológico, 50% têm atraso nas habilidades motoras e entre 36 e 63% são diagnosticados com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
O diagnóstico na adolescência deve-se a características como atrofia testicular, ginecomastia ou puberdade tardia. No entanto, muitas vezes, o diagnóstico é feito na idade adulta durante investigações de infertilidade ou em pacientes que apresentam sinais e sintomas de hipogonadismo. Para o diagnóstico e tratamento são necessários exames hormonais (testosterona, FSH, inibina B (INHB) e o hormônio anti-mülleriano (AMH). Com a suspeita é solicitado o cariótipo para análise dos cromossomos.
Alterações físicas e metabólicas na síndrome de Klinefelter
Homens com a síndrome de Klinefelter (SK) normalmente têm uma estatura alta, provavelmente causada pela duplicação do gene SHOX, largura e circunferência da cintura e do quadril aumentados. O hipogonadismo, comum em adultos com SK, foi considerado um fator de risco independente para aumentar a adiposidade do tronco e diabetes em homens.
Uma composição corporal desequilibrada pode já estar presente antes da puberdade e frequentemente cursa com obesidade abdominal, síndrome metabólica, diabetes e problemas cardíacos. A obesidade abdominal é a principal responsável pela diminuição da sensibilidade à insulina, mesmo quando os níveis séricos de testosterona estão na faixa normal.
Outra questão comum na SK é a alteração do metabolismo ósseo. Estudos em homens adultos com SK descreveram um risco aumentado de densidade mineral óssea prejudicada e uma maior morbidade e mortalidade por fraturas do fêmur e da coluna.
Nutrição na Síndrome de Klinefelter
Para garantia da saúde de pessoas com SK o monitoramento dos fatores de risco cardiovascular (pressão, colesterol, triglicerídeos), o controle do peso e dos níveis de açúcar no sangue são fundamentais. Dieta saudável e atividade física regular fazem parte do tratamento.
Em relação à mineralização óssea, é fundamental o acompanhamento dos níveis sanguíneos de vitamina D, cálcio e paratormônio (PTH). Considerando a deficiência de testosterona em crianças e adolescentes com SK, aprofundar o conhecimento da relação entre dieta e testosterona pode ser interessante. Garantir nutrientes para a produção de testosterona também é muito importante.
Recomenda-se o acompanhamento e a realização de avaliações antropométricas regulares e educação em saúde para promover um estilo de vida saudável desde a infância.
Em relação à neuronutrição recomenda-se ômega-3, cúrcuma, vitamina D, Pode ser usado 5HTP, tirosina, metilfolato, piridoxina e magnésio para modulação de serotonina e dopamina, assim como fitoterápicos (Mucuna pruriens, Alpinia galanga, Bacopa monieri), a depender da necessidade de cada paciente. Para individualização marque sua consulta: