Tratamento da prisão de ventre

A constipação intestinal, prisão de ventre ou obstipação caracteriza-se por uma alteração do trânsito intestinal, resultando em atraso na evacuação. Suas causas incluem sedentarismo, alterações no estilo de vida (como viagens que modificam os horários), alimentação inadequada (baixo consumo de água, fibras - frutas com casca e bagaço, vegetais, cereais integrais -  vitaminas B1 e K), cólon irritável, pouco tônus abdominal, uso de medicamentos ou drogas (inclusive nicotina), disbiose, doenças do intestino grosso (hemorróidas, câncer, divertículos).

Doenças exigem tratamento médico. Já as outras causas merecem intervenção nutricional que inclui o aumento do consumo hídrico, o aumento do consumo de fibras (farelo de trigo, grãos inteiros, fibras), aumento no consumo de substâncias lubrificantes, como o azeite de oliva e o óleo de gergelim.

Alguns exemplos de alimentos que são verdadeiros laxantes naturais são:

  • Mamão, figo, pera, maçã, ameixa, kiwi;

  • Alface, rúcula, agrião, couve e abobrinha;

  • Aveia, farelo de trigo;

  • Café, vinho tinto, um cálice após a refeição, chá de bardana e cáscara sagrada;

  • Suco de aloe vera industrializado e Raíz de alcaçus;

  • Sementes (linhaça, chia, gergelim).

BEBÊ CONSTIPADO - FEZES TIPO 1, 2 OU 3

Fezes normais: tipo 4

Fezes normais: tipo 4

Os melhores alimentos laxantes para bebê são as frutas, legumes e os iogurtes que têm microrganismos que ajudam a regular a flora intestinal. Segue uma lista de alguns alimentos com efeito laxante para o bebê:

  • Mamão, jaca, laranja, abacate, banana nanica, uva, melão,

  • Figo, ameixa, melancia, jiló, manga, abacaxi;

  • Abóbora, almeirão, repolho, tomate, pepino, couve, espinafre, vegetais folhosos,

  • Pimentão, alface, agrião, vagem;

  • Pão de centeio, aveia, arroz integral, pão integral, macarrão integral;

  • Ervilha, lentilha, feijão, milho.

No bebê é também importante a ingestão de água sendo recomendado a ingestão de 150 ml de água por cada kg do bebê, assim um bebê de 8 kg deve ingerir 1200 ml de água.

Aumente o consumo da vitaminas B1, presente no feijão, ervilha, nozes, arroz integral, peixe, gema de ovo, vegetais verde escuros amargos). Evite também o uso de substâncias que prejudicam a absorção de B1 como café, cigarro, antiácidos e álcool. Peixes crus e ostras possuem enzimas que também destroem a B1

No caso da vitamina K, aumente o consumo de vegetais verde escuros, tomate, arroz integral, ervilhas, semente de soja, chá verde, aveia, pepino, cenouras, milho. Também procure um nutricionista para tratamento da disbiose , já que uma flora intestinal saudável é essencial, já que bactérias do trato digestório também fabricam a vitamina.

Além disso, podem ser utilizadas substâncias que aumentam a frequência dos movimentos peristálticos, como os compostos que contém antraquinonas:

- Aloe Vera: o suco (que deve ser obrigatoriamente industrializado, pois várias variedades de babosa são tóxicas) é utilizado em pequenas doses antes do almoço e jantar.

- Cassia angustifolia (sene): para o preparo do chá procede-se a infusão utilizando-se 5 a 20 gramas por litro de água. A dose recomendada é 1 a 2 xícaras por dia.

- Rhamnus purshiana (cáscara sagrada): recomendada na obstipação ocasional. Pode ser usada na forma de tintura, cápsulas ou chás.

- Rheum officinale (ruibarbo): em baixas doses provoca constipação; em altas doses tem efeito laxante. A infusão ( feita 5 a 10 gramas/litro) é indicada antes de dormir (1 xícara).

- PEG 4000.

Atenção!

Os 4 laxantes citados acima são contra-indicados nos casos de obstrução intestinal, apendicite, dores abdominais de causa desconhecida, doença de Chron, colite ulcerativa, gravidez, puerpério, desidratação severa e crianças menores que 10 anos.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Prisão de ventre em adultos

A prisão de ventre pode ter muitas causas diferentes, incluindo dieta inadequada, estresse, viagens, uso de medicamentos (analgésicos, antidepressivos, antiácidos), condições metabólicas ou neurológicas, disfunção mitocondrial, câncer de cólon (Rao et al., 2016), suplementação de ferro, diabetes, doença de chagas, esclerose múltipla e hipotireoidismo (Dekkers et al., 2016).

Idosos, principalmente os que passam muito tempo sentados são ainda mais afetados pelo problema (De Giorgio et al., 2015). Tanto no Brasil quanto em Portugal, idosos parecem assistir mais TV, ser menos fisicamente ativos, consumir menos frutas e hortaliças do que o recomendado (Brasil, 2015; IAN-AF 2015-2017). O consumo de água por idosos também costuma ficar abaixo da recomendação, o que agrava o problema.

Descartadas doenças intestinais, a maior parte dos casos de prisão de ventre se resolve com melhoria da alimentação, tratamento da disbiose, atividade física e treinamento do peristaltismo (De Giorgio et al., 2015).

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Medicamentos laxantes devem ser usados apenas sob indicação médica pois aumentam o peristaltismo (a velocidade de funcionamento do intestino) sem corrigir a causa do problema. Mas se precisou tomar um laxante em um momento específico dê tempo para seu intestino grosso encher novamente. O intestino grosso tem três partes principais: o cólon ascendente, o cólon transverso e o cólon descendente. 

Quando evacuamos esvaziamos o cólon descendente. Esta enche-se novamente no dia seguinte. Já quando usamos laxantes as três partes esvaziam-se de uma vez. Não se apresse se não evacuar no dia seguinte. Na verdade o intestino pode levar até 3 dias para se encher novamente. É por isso, que pessoas com intestino mais lento só terão vontade de ir ao banheiro após o terceiro dia. Enquanto isso capriche na dieta. O uso crônico de laxantes pode levar a lesão de plexos mioentéricos resultando em dismotilidade colônica e dependência.

A pesquisa com o American Gut Project (Microsetta initiative) mostrou que quanto maior a diversidade de plantas na dieta, mais diversificado e saudável é o microbioma intestinal. Diversas plantas são fontes de fibras prebióticas e polifenóis que alimentam diferentes espécies de boas bactérias intestinais.

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Viajou, intestino travou?

CAUSAS E SOLUÇÕES PARA A PRISÃO DE VENTRE DO VIAJANTE

1) A troca de rotina é um problema, muita gente não consegue sentar em vasos desconhecidos. Mas isso precisa mudar tá? Para curtir a viagem, leve seu álcool, seus paninhos humedecidos e ganhe coragem de enfrentar o banheiro do outro lugar. Assim, você curte mais seu passeio ou trabalha melhor se estiver viajando a negócios. Sem ir ao banheiro, a disposição muda, o humor muda, a memória piora.

2) Viagem aumenta o dosha Vata que é regido pelo ar. Para o Ayurveda, quando estamos cheios de ar as fezes ficam mais ressecadas e quebradiças. Para combater o ressecamento consuma líquidos, fibras, alimentos cozidos, chás, use azeite na comida...

3) Agitação. Se você acorda, pula da cama e já sai passeando pela cidade? Você perde a oportunidade de evacuar. O reflexo gastrocólico é mais forte pelas 8h da manhã e 1 hora após acordarmos. Se for preciso acorde mais cedo, tome um copo de chá ou água morna. Se estiver corrido faça logo seu café da manhã e volte para o banheiro antes de sair.

4) Vergonha do companheiro de quarto é outra queixa comum. Arranje outro banheiro, combinem um revezamento ou simplesmente dê um fone de ouvido para seu colega não te ouvir no banheiro.

5) Não se empanturre de comida. Dê tempo para sua digestão. Aqueles cafés da manhã gigantes de hotel podem fazer seu intestino ficar mais lento, principalmente se você fizer muitas misturas, se consumir muitos alimentos com farinha branca ou se comer demais. Escolha bem o que vai comer e faça a próxima refeição apenas quando tiver fome.

6) Passar muito tempo sentado. Nas viagens você passa horas no avião ou no carro? Dê um jeito de levantar, de andar. Durante as reuniões também. Você não precisa passar o tempo todo sentado. Levantar é saudável, trabalha pernas, intestinos, coração e reduz até o risco de infartos. Aprenda mais sobre o Ayurveda.

RECEITAS LAXANTES COM AMEIXA

Receitas para ajudar o tratamento da prisão de ventre

Chá de ameixa

  • 3 ameixas secas;

  • 1 xícara de água.

Colocar as ameixas secas e a água numa panela e deixar ferver durante cerca de 5 a 7 minutos, deixar amornar e beber o chá ao longo do dia.

Arroz doce com ameixa

  • 1/2 xícara de arroz branco lavado

  • 2 xícaras de água em temperatura ambiente

  • 200ml de leite de coco

  • 4 cravos da índia

  • 1 pau de canela ou 1 colher de chá rasa de canela em pó

  • 4 bagas de cardamomo abertas ou 1 colher de chá rasa de cardamomo em pó

  • 15 ameixas secas sem caroço picadas

  • 1 pedaço de casca de limão (aqui usei o siciliano, aquele amarelo)

  • 3 colheres de sopa rasas de melado (para quem não é diabético) ou xylitol ou eritritol (para os diabéticos)

    Colocar todos os ingredientes numa panela e cozinhar em fogo baixo semi tampado até que o arroz esteja bem cozido e o caldo tenha engrossado. Rende 3 porções.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Prisão de ventre em pessoas com síndrome de Down

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Crianças com síndrome de Down nascem com hipotonia, ou seja, são mais “molinhas”. Um dos sintomas é a prisão de ventre (obstipação / constipação intestinal). A mesma acontece devido à dificuldade do intestino em realizar os movimentos necessários à expulsão das fezes.  

O consumo de alimentos laxantes (que soltam o intestino) deve ser privilegiado, assim como a boa hidratação. Alguns suplementos, como o PEG 4000, também podem ser indicados.

Qual é a frequência intestinal ótima?

Pessoas diferentes possuem intestinos diferentes. Relatos mostram que as pessoas evacuam normalmente entre 3 vezes por dia a 3 vezes por semana. Mas o normal nem sempre é o ótimo. Por exemplo, é normal que com o envelhecimento a pressão sanguínea se eleve um pouco. Mas isso não é ótimo, já que neste caso o aumento da pressão também aumenta o risco de ataques cardíacos e derrame cerebral. 

Receba a newsletter semanal. Dra. Andreia Torres é nutricionista, mestre em nutrição, doutora em psicologia clínica, especialista em yoga.

Estudos mostram que populações rurais, que adotam dietas a base de plantas e ricas em fibras evacuam com maior frequência, de forma mais fácil, com fezes melhor formadas e mais macias. Como vimos em artigo anterior as fezes devem ter consistência tipo 4 de acordo com a escala de Bristol. Se estiverem sempre com esta consistência o fluxo intestinal pode ser considerado normal. Caso contrário é importante buscar um nutricionista para avaliar melhorias na dieta e sugestão de suplementação, se for o caso.

Fisioterapeutas também podem ajudar por meio de exercícios que vão fortalecer a musculatura abdominal e perianal, facilitando a evacuação. O fisioterapeuta também pode treinar o paciente para uma melhor postura para a evacuação, visto que o agachamento facilita a expulsão das fezes.

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Para evitar incontinência, o músculo puborretal comprime o reto quando estamos de pé ou sentados (ângulo de 90º). O reto comprimido evita que as fezes saiam em momentos impróprios. Para evacuarmos sentados precisamos fazer mais força.

De cócoras (ângulo de 60º), o reto fica totalmente relaxado, abrindo caminho fácil para as fezes. Uma opção é levantar as pernas ao sentar no vaso. Um banquinho ou caixa pode ser utilizado como apoio, já que subir no vaso sanitário pode ser perigoso, resultando em acidentes.

Discuto muitas questões relacionadas à suplementação de compostos específicos no curso online. Saiba mais aqui.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/