Nosso corpo depende de energia na forma de ATP. Nosso corpo não usa maçã. Converte os carboidratos da maçã em ATP e usa esta molécula como fonte de energia. Nosso corpo não usa carne. Converte, se necessário, os aminoácidos da carne em ATP para uso como fonte de energia. Assim como, o corpo não usa manteiga nem azeite como fonte de energia. Precisa primeiro converter a gordura destes alimentos em ATP para utilização na contração muscular, síntese proteica, liberação de neurotransmissores, transporte ativo de nutrientes, ativação enzimática, sinalização celular.
É fácil para as células usarem carboidrato como fonte de energia, mas também usam muita gordura. Proteína é um nutriente nobre e tende a ser poupado. Mas, na falta dos outros, pode ser usada também como fonte de energia (e, por isso, perdemos músculo se não comermos bem).
Quando usamos gordura para a produção de ATP podemos produzir junto um metabólito conhecido como corpo cetônico. Mas isto não acontece toda vez que usamos gordura. Só acontece se a disponibilidade de carboidrato for baixa.
Quando a produção de corpos cetônicos ocorre?
Jejum prolongado: Quando não há glicose disponível (por exemplo, durante um jejum prolongado), o fígado começa a quebrar as gorduras para produzir energia. Nesse processo, são formados os corpos cetônicos.
Dietas muito baixas em carboidratos: Dietas como a cetogênica, que restringem drasticamente a ingestão de carboidratos, forçam o corpo a utilizar as gorduras como principal fonte de energia, levando à produção de corpos cetônicos.
Diabetes não controlado: Em casos de diabetes não controlado, a falta de insulina impede que a glicose entre nas células, o que leva o corpo a buscar outras fontes de energia, como as gorduras, e consequentemente, à produção de corpos cetônicos.
Ou seja, a produção de corpos cetônicos é um mecanismo adaptativo do organismo em resposta a uma oferta limitada de glicose ou a uma baixa entrada de glicose na célula. Quando a glicose não está disponível em quantidade suficiente para suprir as necessidades energéticas do corpo, o metabolismo se adapta para utilizar outras fontes de energia, como os ácidos graxos.
O principal limitante no ciclo de Krebs que leva à produção de corpos cetônicos é a baixa disponibilidade de oxaloacetato. Mas, por que o oxaloacetato é tão importante?
Papel do oxaloacetato: O oxaloacetato é uma molécula essencial para o funcionamento do ciclo de Krebs. Ele se condensa com a acetil-CoA (proveniente da oxidação de ácidos graxos) para iniciar o ciclo.
Destino do oxaloacetato: Parte do oxaloacetato pode ser desviada para a gliconeogênese, um processo que converte aminoácidos e outros substratos em glicose.
Consequências da baixa disponibilidade: Quando a quantidade de oxaloacetato disponível é baixa, a acetil-CoA não encontra um parceiro para entrar no ciclo de Krebs.
O que acontece quando o oxaloacetato está em falta?
Acúmulo de acetil-CoA: Com o acúmulo de acetil-CoA, a célula direciona essa molécula para a produção de corpos cetônicos no fígado.
Produção de corpos cetônicos: Os corpos cetônicos (acetoacetato, β-hidroxibutirato e acetona) são moléculas solúveis em água que podem ser utilizadas como fonte de energia por tecidos como o cérebro, coração e músculo esquelético em situações de jejum prolongado ou em dietas muito baixas em carboidratos.
Assim, a baixa disponibilidade de oxaloacetato, causada por uma oferta limitada de glicose ou por um desvio do oxaloacetato para a gliconeogênese, impede que a acetil-CoA entre no ciclo de Krebs. Essa situação direciona o metabolismo para a produção de corpos cetônicos como forma de gerar energia.
Na terapia cetogênica metabólica aproveitamos este mecanismo para fornecimento de energia para células do cérebro. Este mecanismo permite o tratamento de casos de certos tumores cerebrais, das epilepsias refratárias à medicação, do transtorno afetivo bipolar (TAB), da depressão, do traumatismo craniano, Parkinson, e do Alzheimer. Aprenda mais em https://t21.video/browse.