Muitos fatores reduzem a produção de ácido clorídrico, substância fundamental para a digestão das proteínas. Entre os fatores associados à hipocloridria estão o estresse, a infecção pela bactéria Helicobacter pylori, o uso de antiácidos, a carência de nutrientes como zinco, colina, vitaminas do complexo B. A redução de ácido clorídrico gera também a SIBO (Small intestinal bacterial overgrowth), o super crescimento de bactérias ruins no intestino delgado.
Os sintomas da hipocloridria podem se manifestar como azia, refluxo, arrotos, dores após a refeição, digestão lenta (sensação de empaxamento/estufamento). O exame mais comum para o diagnóstico da SIBO é o teste de hidrogênio e metano expirado. O tratamento envolve o uso de antibióticos associado à dieta restrita em carboidratos fermentáveis (low FODMAPS), associado a suplementação de compostos antiinflamatórios e fitoquímicos com ação antimicrobiana.
Práticas integrativas
Artigo publicado em 2021 no Journal of Alternative and Complementary Medicine discorre sobre as possibilidades terapêuticas para além dos antibióticos. Os autores apostam nas justamente nas intervenções dietéticas com o uso de dieta elementar, probióticos e remédios fitoterápicos. Dieta elementar é muito estudada e muito utilizada a muitos anos com ótimos resultados e baseia-se na ideia de que nutrientes já fracionados são melhor absorvidos, portanto, deixam de ser combustíveis para maior crescimento bacteriano (Nickles et al., 2021). Compostos fenólicos, como as antocianinas presentes nas frutas vermelhas, o ácido clorogênico presente no chá verde e catequinas do cacau são alguns componentes moduladores da microbiota intestinal.
O controle do estresse e da ansiedade também são fundamentais para a boa digestão. Meditação e yoga são estratégias recomendadas, assim como as práticas de alimentação consciente.
“Usei probiótico e passei mal”
É comum pessoas com SIBO, síndrome do intestino irritável ou diagnóstico de disbiose intestinal tomarem probióticos e sentirem desconfortos como piora de gases, dores abdominais, constipação ou diarreia. O que pode acontecer é que quando existe muita bactéria gram negativa no intestino e bactérias boas são administradas, inicia-se uma competição por espaço.
Quando as bactérias ruins morrem liberam lipopolissacarídeos bacterianos (LPS), gerando uma inflamação transitória. Por isso, outros fatores precisam ser ajustados, como uso de enzimas, melhoria da mastigação, melhoria da produção de ácidos biliares, redução do estresse, aumento do consumo de fibras e de alimentos com propriedades antimicrobianas (orégano, óleo de coco, óleo de alho, gengibre, açafrão, cravo, própolis, semente de mamão, semente de abóbora). Os probióticos também podem ser substituídos inicialmente por BIOMAMPS, fragmentos de bactérias boas mortas, que vão preparar o intestino para receberem posteriormente os probióticos