O intestino é uma barreira eficiente que filtra o que passa e o que não passa para o fígado e para a corrente sanguínea. Porém, dietas ricas em gordura, diabetes, estresse, uso de medicamentos, esteatose hepática, falta de sono de qualidade (com excesso de cortisol), falta de fibras na alimentação, deficiência de ômega-3, consumo excessivo de álcool e obesidade aumentam a permeabilidade intestinal. Com isso, o intestino passa a absorver maior quantidade de toxinas vindas da dieta e também de toxinas de bactérias (lipopolissacarídeos bacterianos ou LPS).
No tecido adiposo, as LPS induzem a lipogênese, ou seja, aumentam o estoque de gordura corporal, assim como a resistência à insulina, a inflamação, o estresse oxidativo e o risco de doenças diversas, como as cardiovasculares (Neves et al., 2013) - falo bem mais sobre esta questão na plataforma t21.video.
Explicando de outra forma, os lipopolissacarídeos (LPS) são pequenos pedaços de parede celular de bactérias Gram-negativas que ativam o sistema imunológico. Assim, esses pedaços das membranas das bactérias informam o organismo que uma infecção bacteriana está acontecendo e acabam induzindo o sistema imune a se ativar de forma exagerada. Algumas bactérias gram-negativas comuns incluem Brucella R, Clamídia R, H. Pylori R R, M. tuberculosis R, P. gingivalis R, Salmonella R.
O LPS geralmente não causa problemas. A questão é justamente quando as junções que unem as células intestinais se separam e o LPS chega à corrente sanguínea. Comidas ultraprocessadas, álcool, fumo, medicamentos, algumas vacinas, disbiose, dieta com excesso de gordura saturada ou açúcares, estresse são alguns dos fatores que contribuem para o problema.
Os níveis de fosfatase alcalina podem ser usados como um indicador dos níveis de LPS no sangue. Aqueles com altos níveis de LPS geralmente têm marcadores TH1 e TH17 altos também. Células T ativadas cronicamente podem fazer com que o sistema imunológico ataque a si mesmo, aumentando o risco de doenças autoimunes, como diabetes tipo 1, tireoidite de Hashimoto, artrite reumatóide, psoríase e esclerose múltipla. Fadiga crônica, agravamento de alergias, compulsão alimentar, Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), depressão, insônia e doenças neurodegenerativas também estão relacionados com a toxemia metabólica por LPS.
Pessoas que bebem muito e tem o fígado prejudicado ou esteatose hepática possuem maior dificuldade para eliminar LPS. O tratamento envolve dieta antiinflamatória, tratamento da disbiose, redução das lectinas na dieta, jejum intermitente, uso de probióticos (Bifidobacterium adolescentis R R, Bifidobacterium breve R, Bifidobacterium bifidum R, Bifidobacterium infantis R, Bifidobacterium longum R, Lactobacillus brevis R, Lactobacillus casei R, Lactobacillus plantarum R R, Lactobacillus reuteri R, Lactobacillus rhamnosus (GG) R R, Lactococcus lactis R, Saccharomyces boulardii R), fibras prebióticas, como amido resistente (De Martino & Cockburn, 2020).