O Brasil tem um solo pobre em iodo. Isso significa que não podemos confiar que frutas, verduras, laticínios e cereais terão iodo em boas quantidades. Algas, peixes do mar e suplementos podem ter iodo. Além disso, o sal no Brasil contém iodo. Em Portugal, por exemplo, o sal não é iodado e o risco de deficiência deste mineral é bem maior.
O Iodo faz parte dos hormônios da tireóide. Sem ele o metabolismo fica comprometido. À medida que o consumo de alimentos ultraprocessados aumentou, também aumentou a incidência de deficiência de iodo nos países que não fortificam o sal. Os sinais externos deste problema incluem aumento da glândula tireóide (bócio) e ganho de peso, além de sintomas de hipotireoidismo, como fadiga e intolerância ao frio. A deficiência crônica de iodo pode levar à disfunção da glândula tireóide e a alterações neurológicas, gastrointestinais e cutâneas. Perder o iodo necessário pode ser um problema particularmente sério para as mulheres que procuram engravidar, pois a deficiência aumenta a incidência de abortos e de problemas do neurodesenvolvimento.
Existem pessoas que morrem de medo de comer mandioca e brócolis pois contém compostos que dificultam a produção de hormônios tireoidianos. Mas vivem estressadas, fumam, estão com o corpo inflamado ou consomem muitos agrotóxicos ou alimentos aquecidos em plástico, o que é tudo muito pior que brócolis e mandioca.
Por outro lado, o excesso de iodo aumenta o risco de tireoidite de Hashimoto. E brasileiro já tende a consumir muito sal, que é fortificado com iodo. Além disso, muitos profissionais sugerem a suplementação de iodo na forma, por exemplo, de lugol. E aí podem surgir sintomas de hipertireoidismo, como ansiedade, insônia, nervosismo, aceleração nos batimentos cardíacos, diarreia, intolerância ao calor, perda de peso e alterações na musculatura dos olhos. O Brasil tem um número de desordens tireoidianas acima da média, principalmente causada por excesso de iodo:
Por isso, não suplemente iodo indiscriminadamente, especialmente se tiver problemas cardíacos. Há necessidade e exames antes de sair suplementando. O excesso de iodo é particularmente prejudicial para pessoas com deficiência dos seguintes nutrientes: selênio, ômega-3, vitamina D, além de pessoas com disbiose intestinal e/ou problemas autoimunes (Farebrother, Zimmermann & Andersson, 2019). Excesso de iodo também induz disbiose intestinal e aí vira um ciclo vicioso em que iodo atrapalha intestino e intestino inflamado atrapalha a tireóide.
Os níveis de iodo na urina e a avaliação da concentração sérica de tireoglobulina têm sido utilizados para avaliação do status de iodo no corpo. Quanto menor é a excreção de iodo na urina (menor a ingestão de iodo) maior é a tireoglobulina. Quanto maior é a ingestão e captação de iodo menor é a tireoglobulina (Nazeri et al., 2020). Às vezes há consumo suficiente mas não há produção suficiente de T4 pois a tireóide não está funcionando bem (muito plástico e outras toxinas na dieta). Por isso, é melhor medir tireogloblulina do que T4 para avaliação do iodo. Não é sempre que T4 está baixo e TSH alto que precisamos suplementar iodo. Muitas vezes precisamos destoxificar, reduzir o estresse oxidativo e desinflamar.
Lembrar que níveis de estradiol alterados e deficiência de vitamina A também prejudicam o uso do iodo. Todos os fatores que geram inflamação também podem prejudicar o funcionamento da tireóide, como obesidade, consumo excessivo de ômega-6, de açúcar, de alimentos alergênicos. Já o consumo adequado de ômega-3 (pelo menos 500 mg/dia) melhora o funcionamento da tireóide (Benvenga et al., 2019). Outros nutrientes também melhoram a captação de iodo pela tireóide como magnésio, selênio, coenzima Q10 e ferro. Por isso a avaliação nutricional e individualização é tão importante. Marque sua consultoria.