A síndrome do intestino irritável (SII) é um distúrbio funcional que afeta uma grande proporção da população em todo o mundo. Fatores genéticos e epigenéticos, estresse, qualidade da dieta, sensibilidades alimentares, exposição à toxinas são alguns dos fatores associados à SII.
A mutação do gene SC5NA que codifica um íon do canal de sódio, associa-se à dor abdominal experimentada por pacientes com SII. Outros genes como GRID2IP, KDELR2 e TNFSF15 também estão vinculados ao aumento do risco de SII.
Vários pesquisas ligam a SII à disbiose intestinal, nome dado para descrever a diminuição / perda da diversidade e riqueza microbiana intestinal. Pacientes com SII costumam ter alterações em sua motilidade intestinal, que geralmente é impulsionada e aumentada pelo estresse via eixo intestino-cérebro. Por isto, estratégias para o controle do estresse, como prática de yoga são muito bem-vindas.
A dieta deve ter características antiinflamatórias, limitando a ingestão de alimentos “ofensivos” que desencadeiem alterações intestinais e sintomas como gases, diarreia ou prisão de ventre. Dentre as estratégias preconizadas a redução do consumo de alimentos fermentáveis (FODMAPs) parece bastante eficiente.
Na dieta FODMAP ficam restritos alimentos fermentáveis (como cebola, alho, brócolis, repolho), dissacarídeos (como a lactose do leite), monossacarídeos (como a frutose do mel), polióis (álcoois presentes em alimentos como pêssegos), oligossacarídeos como frutanos e galactanos presentes no trigo e nos amendoins. Este protocolo foi elaborado pela universidade de Monash, na Austrália e ganhou destaque no tratamento da síndrome do intestino irritável.
Contudo, o protocolo ajuda apenas a minimizar sintomas, sem tratar a causa do problema. O objetivo da dieta é amenizar desconfortos como gases. O protocolo deve ser seguida apenas por 2 a 8 semanas pois reduz o consumo de alimentos nutritivos e também de nutrientes e fitoquímicos que contribuem para a boa diversidade bacteriana. Por isso, o uso de suplementos probióticos e prebióticos de baixa fermentação (como goma acácia purificada) também faz parte do tratamento.
CUIDE-SE COM AMOR!
Um paciente com um tumor benígno na cabeça perguntou-me se precisa fazer a cirurgia para remoção. Sim, ele vive com dor de cabeça que não passa com remédio algum. E por isso, vive de mal humor, sem energia, sem dormir bem. Um tumor benigno não é um câncer, mas é uma massa que cresceu. Não se espalhou por outros tecidos mas pode causar impacto negativo na vida sim, como é este caso.
Uma coisa pode ser chamada de benigna, como a síndrome do intestino irritável e ainda assim ser chata, fazer a pessoa viver com dor abdominal, diarreia, mal estar. A longo prazo essa coisinha benigna, mas nada fácil, pode gerar até depressão. Ou seja, mesmo condições benígnas exigem cuidado. Cuide-se com amor!
Artigo ligando síndrome do intestino irritável à depressão e neurodegeneração (Aziz et al., 2021).