Obesidade e déficit de atenção

Pesquisas mostram que o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) ocorre mais frequentemente em indivíduos obesos do que na população em geral, talvez porque esses transtornos possam prejudicar gravemente o controle dos impulsos. inclusive para comer. Um número grande de estudos abordou possíveis mecanismos subjacentes à ligação entre TDAH e obesidade, destacando o papel, entre outros, impulsividade, padrões alimentares anormais, estilo de vida sedentário e possíveis alterações genéticas (Cortese, & Tessari, 2017).

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Revisão de prontuários médicos de pacientes obesos mostrou que um em cada quatro sofria de TDAH, o que aumentava a impulsividade e a dificuldade de manter uma alimentação saudável (Altfas, 2002). Outro estudo mostrou que homens diagnosticados com TDAH na infância eram mais pesados do que pessoas típicas na fase adulta (Cortese & Vincenzi, 2012).

Mesmo após tantos anos de pesquisa o TDAH ainda gera muitas controvérsias. Parecem existir desequilíbrios em vários neurotransmissores e circuitos. E existem também as pessoas que desenvolvem sintomas típicos do TDAH em fases posteriores da vida. Neste caso, não seria necessariamente um transtorno do neurodesenvolvimento, mas um distúrbio ou uma coleção de comportamentos naturais que não são bem adaptados no mundo atual tão exigente. Administrar família, trabalho, estudos, tarefas domésticas, cuidados com a saúde, pressões estéticas, redes sociais pode ser muita coisa, o que geraria maior hiperatividade em algumas pessoas.

Características comuns do TDAH (desatenção, hiperatividade, esquecimento, impulsividade, ansiedade) parecem aumentar o consumo de alimentos (em quantidade e com baixa qualidade). Assim, o nutricionista deverá fazer parte da equipe interdisciplinar, que também pode incluir neurologia, psiquiatra e psicólogo. O tratamento medicamentoso não é suficiente para corrigir todos os desequilíbrios observados, que inclui, além de redução de dopamina em determinadas áreas do cérebro, mais neuroinflamação e estresse oxidativo em outras áreas.

O comer emocional é comum (Vasiliki Leventakou et al., 2016) e deve ser trabalhado em psicoterapia e com técnicas como mindful eating. Também há maior risco de comer transtornado (especialmente compulsivo) e transtornos alimentares em indivíduos com TDAH. Este é outro motivo para o acompanhamento com profissionais da área (Levin, & RAwana, 2016). Obviamente, traços de personalidade também devem ser considerados. Um estilo de enfrentamento evitativo tem sido associado a um comportamento alimentar prejudicado e baixos recursos de enfrentamento têm sido associados a mais problemas alimentares (Kaisari et al., 2017).

Quando há falhas no controle inibitório a dificuldade de recusar alimentos ultraprocessados ou hiperpalatáveis torna-se mais difícil. Dizer não e se manter em dieta torna-se mais difícil. Uma das hipóteses é a alteração dos receptores de dopamina. Outra hipótese é a presença de comorbidades como transtorno de ansiedade ou mesmo depressão (Cortese et al., 2007). Aprenda mais sobre nutrição, genética, transtornos mentais e do neurodesenvolvimento em https://t21.video ou:

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A própria pessoa pode saber que precisa comer menos, excluir alimentos ultraprocessados do cardápio e se exercitar mais. Mas a impulsividade precede a compulsão alimentar. O suporte familiar torna-se ainda mais importante. Bons hábitos alimentares precisam ser adotados por toda a família; assim como o hábito de prática de atividade física. Já atividades que aumentam demais o estresse devem ser revistas. Até porque a compulsão e a obesidade podem gerar outros problemas, como diabetes tipo 2, que parece ser também mais comum neste transtorno, especialmente quando há aumento substancial da circunferência da cintura (Liu et al., 2023).

Dieta antiinflamatória, revisão dos padrões alimentares, correção de carências nutricionais e suplementação de substâncias que reduzem a neuroinflamação, estresse oxidativo e excitabilidade glutamatérgica fazem parte do tratamento nutricional. A suplementação mínima envolve a associação de Ômega-3 com um multivitamínico específico como TDAH Control all in one. Para individualização marque aqui sua consulta.

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Yoga e meditação para redução da hiperatividade

Estudos recentes mostram que o treinamento da atenção pode ajudar crianças, adolescentes e adultos com déficit de atenção e hiperatividade. Yoga e meditação (ou práticas de atenção plena) contribuem ainda para a regulação hormonal, complementando a retirada de açúcar e outros tratamentos (como uso de medicamentos ou suplementos). Ninguém com déficit de atenção e hiperatividade vai conseguir entrar em uma sala e meditar por 1 hora, mas pode começar com 1 minuto, 2, 3 e ir progredindo até pelo menos 20 minutos diários.

Muitos profissionais de saúde e professores têm indicado a prática de yoga e meditação para toda a família. Isso mesmo, é uma jornada familiar. Pais que meditam e praticam yoga em casa estimulam os próprios filhos pelo exemplo. Mães com treinamento em yoga vêem o comportamento dos filhos melhorarem ao longo do tempo, resultando em uma melhor relação com os mesmos, o que por sua vez ajuda na melhoria dos sintomas de TDAH e também de autismo.

Livros para explicar o TDAH para crianças

Eu tenho TDAH e não paro na cadeira nem na hora da entrevista, mas está tudo certo:

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/