Você fica de mal humor ou faz loucuras quando está com fome? Pois é, a comida meche com nossas emoções, com nosso juízo. E por isso, além de estupros e assassinatos contra muçulmanos Rohingya, o exército da Birmânia agora restringe a oferta de alimentos básicos a este grupo étnico, como uma forma de controle social.
A crise do povo rohingya é uma das mais longas do mundo e também uma das mais negligenciadas, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). Os rohingyas representam 5% da população de Mianmar (Birmânia). De acordo com os mesmos são decendentes de indígenas do Estado de Rakhine. Mas de acordo com autoridades de Mianmar são "simplesmente" muçulmanos de origem bengali que migraram durante a ocupação britânica.
Em Mianmar são considerados expatriados e proibidos de se casar ou de viajar sem a permissão das autoridades e não têm o direito de possuir terra ou propriedade. As restrições do governo tornam impossível medir a verdadeira incidência de fome no país, mas os recém-chegados em campos de refugiados de Bangladesh encontram-se severalmente malnutridos. Dentre os refugiados, mais de 60% são crianças.
Tanto as Nações Unidas quanto as organizações de defesa dos direitos humanos pedem que as autoridades de Mianmar revejam a Lei de Cidadania de 1982, de forma a garantir que os rohingyas não continuem sem pátria. Enquanto isso, sofrem com preconceito, abusos, violência e com a fome.
Para quem é da área de saúde e interessa-se pelos problemas do mundo, existem especializações em saúde pública global (global public health). A saúde global é um campo que foca nas ações que podem e devem ser conduzidas em conjunto. As questões de saúde são hoje globais. Doenças e vírus cruzam fronteiras o tempo todo afetando todos ao mesmo tempo. Com as migrações surge a necessidade de buscar respostas comuns e reforçar a cooperação entre os países, na busca de mais saúde e da garantia de direitos - inclusive à alimentação adequada em qualidade e quantidade.