Sou cientista. Fiz estágios, especializações, mestrado, doutorado, pós-doutorado. Pesquisei durante a maior parte da vida adulta, no Brasil e nos Estados Unidos.
Mas nos dois países a visão da ciência moderna é bastante compartimentalizada. Olhamos para problemas específicos. Como profissional de saúde, aprendi a olhar as doenças.
Tive consultório por mais de 10 anos e ao longo do tempo fui percebendo cada vez mais a importância da alimentação saudável. Mas fui percebendo também suas limitações. Cada vez mais acredito na prática multiprofissional. Nutricionistas precisam trabalhar com médicos, psicólogos, odontólogos, educadores físicos, terapeutas holísticos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e por aí vai. Mas não é bem isso o que acontece. As barreiras são enormes. Existem muitos profissionais que não sabem e nem querem trabalhar com outros colegas da saúde. E existem as barreiras de renda. Se eu indicasse meus clientes para todos estes outros profissionais sairiam do meu consultório furiosos e com razão. No SUS então, conseguir uma consulta com especialistas pode demorar meses. Quem dirá com uma equipe inteira.
Por isto, ao longo do tempo resolvi eu mesma estudar outras questões, especialmente yoga, meditação, coaching e práticas ayurvédicas. Hoje me considero uma nutricionista integrativa. Fiz graduação, especializações e mestrado na área de nutrição. Mas fiz o doutorado na psicologia, o pós-doutorado na saúde coletiva. Não consigo mais pensar apenas no alimento, sem olhar para o ambiente, para o estilo de vida, para as práticas corporais, para os valores e crenças. E vejo que muitos outros colegas tem seguido este caminho e fico muito feliz com isso.
Muitos fatores podem tornar difícil o controle metabólico, como sedentarismo, distúrbios dos sono, estresse, ansiedade, isolamento, tédio, falta de suporte social, baixa exposição solar, dentre tantos fatores que afetam a saúde. Não é fácil conciliar tantos fatores que afetam o consumo alimentar, o equilíbrio energético e metabólico.
King et al., 2020
