Benefícios do jejum

O jejum é uma prática antiga, citada na bíblia e em textos clássicos. Platão (428 a.C. a 348 a.C.) dizia: "Faço jejum para maior eficiência física e mental".

Agora, pesquisa divulgada na edição de outubro do Journal of Lipid Research mostrou que o jejum pode diminuir a quantidade de células gordurosas no organismo e acelerar os mecanismos de quebra de células adiposas.

A cientista Krista Varady estudou o efeito do jejum intercalado com alimentação em camundongos do sexo masculino. Durante 4 semanas os pesquisadores alimentaram os animais com um dos seguintes esquemas alimentares:

- dieta normal (livre);

- jejum em dias alternados com alimentação normal;

- dieta normal em um dia, 50% da dieta normal no outro dia;

- dieta normal em um dia, 75% da dieta normal no outro dia;

Os pesquisadores observaram uma perda de peso nos grupos de camundongos que jejuou e nos grupos com dietas restritivas, sendo que o grupo que jejuou perdeu 50% das células adiposas e o grupo que consumiu 50% da dieta normal, perdeu 35% das células de gordura, o que pode contribuir para a prevenção de doenças como obesidade e diabetes tipo 2.

E no caso de nós humanos, por quanto tempo devemos jejuar?

Existem muitos benefícios no jejum, entre eles a redução da inflamação e o estímulo de genes antienvelhecimento. Mas porquanto tempo devemos jejuar? O tempo mínimo e recomendado para realização diária é de 12h.

Pacientes com neuroinflamação, maior risco de Alzheimer ou doenças autoimunes podem se beneficiar de jejuns mais frequentes e mais longos - 16 a 20h (pelo menos 2 vezes por semana). Este é um tempo suficiente para melhorar a expressão de genes como PGC1a, NRF2 e também a biogênese mitocondrial.

Obesos ou pessoas que já fizeram muitas dietas precisam ter mais cuidado. Jejuns mais longos podem atrapalhar e desequilibrar alguns comportamentos alimentares e gerar mais compulsão. Outra questão é o que vamos comer após o jejum. De nada adianta jejuar e depois só consumir alimentos ruins para seu corpo. Durante o jejum a pessoa pode tomar água, chás e shots sem açúcar e tinturas antioxidantes.

O jejum irá ajudar a reduzir a glicemia, aumentar cetonas e promover autofagia. A autofagia é um processo celular de "limpeza" em que as células removem componentes danificados ou desnecessários. É um mecanismo essencial para a manutenção da saúde celular e tem sido associado a vários benefícios, incluindo:

  • Renovação Celular: Eliminação de organelas danificadas e proteínas mal dobradas, o que ajuda a manter as células saudáveis.

  • Proteção Contra Doenças: A autofagia pode ajudar a prevenir doenças neurodegenerativas, câncer e outras condições ao remover componentes celulares prejudiciais.

  • Regulação Metabólica: Contribui para o equilíbrio energético e a resposta ao estresse celular.

Relação entre Jejum e Autofagia

Durante o jejum, o corpo entra em um estado de escassez de nutrientes, o que pode ativar a autofagia. Quando os níveis de glicose e insulina estão baixos devido à falta de ingestão de alimentos, o processo de autofagia é estimulado. A ideia é que o jejum, ao criar um ambiente de escassez, pode promover a renovação celular e oferecer benefícios associados à saúde e longevidade.

Benefícios Potenciais do Jejum para a Autofagia:

  • Melhoria na Saúde Metabólica: O jejum pode ajudar a melhorar a sensibilidade à insulina e regular o metabolismo, o que pode, por sua vez, promover a autofagia.

  • Redução do Risco de Doenças: A ativação da autofagia pode reduzir o risco de várias doenças crônicas, como doenças cardiovasculares e câncer.

  • Apoio à Longevidade: Alguns estudos sugerem que a autofagia pode estar associada a uma vida mais longa e a uma melhor qualidade de vida.

No entanto, é importante notar que as respostas ao jejum e à autofagia podem variar entre indivíduos e que o jejum prolongado ou extremo pode ter efeitos adversos, especialmente se não for realizado de forma adequada. Sempre é recomendável consultar um profissional de saúde antes de iniciar qualquer regime de jejum ou fazer mudanças significativas na dieta.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
Tags