Metabolismo da serotonina no Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)

A incidência de autismo continua a aumentar no mundo a taxas nunca antes observadas na história. O número de pessoas diagnosticadas com autismo aumentou quase 50 vezes nos últimos 40 anos. As causas precisas para os transtornos do desenvolvimento têm sido objeto de pesquisa

Uma das teorias para o desenvolvimento do autismo é uma desregulação no metabolismo, com aumento da serotonina. A serotonina desempenha vários papéis biológicos importantes como transmissão de impulsos nervosos, relaxamento muscular e controle do ritmo circadiano. Porém, em excesso, parece contribuir para maior ansiedade e transtornos do neurodesenvolvimento. O aumento da serotonina pode ocorrer por aumento na produção pelas células intestinais, menor degradação ou maior liberação. Questões genéticas e contato com toxinas ambientais podem estar envolvidas nesta desregulação (Mulle et al., 2016)

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Pessoas com muitas alergias podem ter aumento na concentração de triptofano, precursor da serotonina (Gostner et al., 2016). A literatura científica mostra uma maior incidência de alergias e intolerâncias no espectro do autismo, o que pode estar contribuindo para a desregulação no metabolismo do triptofano e da serotonina (Miyazaki et al., 2015). Dietas de eliminação vem sendo testadas ao longo dos anos para alívio de sintomas relatados pelas famílias de pessoas com transtornos do espectro do autismo. Contudo ainda existem poucos estudos aleatorizados de qualidade e muitas questões ainda são debatidas (Ly et al., 2017).

Contudo, existem evidências de função imune e digestiva intestinal prejudicada e de que os altos níveis de peptídeos dietéticos circulantes, a presença de auto-anticorpos, o aumento dos níveis de metabólitos putrefativos, a alta prevalência de espécies clostridiais e altas taxas de Firmicutes para Bacteroidetes relacionam-se à disbiose intestinal, exacerbando os sintomas gastrointestinais e do próprio autismo.

A disbiose microbiana pode promover ainda mais a ativação inadequada do sistema imunológico, levando a um ciclo vicioso de disbiose, inflamação e danos adicionais ao tecido e função gastrointestinal. O futuro das pesquisas na área contempla o desenvolvimento de tecnologias da peptidômica e a aplicação de biomarcadores para digestão de proteínas (incluindo metabolômica, sequenciamento microbiano e monitoramento de proteínas inflamatórias multiplexadas) (Sanctuary et al., 2018). Enquanto isso as famílias devem decidir pela exclusão ou não de determinados alimentos na dieta com base em testes de eliminação e reintrodução. Discuto mais sobre o tema nos cursos online (acesse os cupons de desconto):

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Em que medida o contato com toxinas ambientais aumenta o risco de doenças?

Existem dezenas de milhares de produtos químicos em nosso ambiente. Chegam a nós pelos alimentos, pelo ar que inspiramos, pela água, pelos produtos de limpeza ou higiene que utilizamos. Alguns destes produtos químicos são produzidos pela indústria farmacêutica, podendo fornecer alívio para doenças. Outros ajudam a reduzir o risco de propagação de doenças. Porém, muitas substâncias que chegam a nós na verdade podem estar afetando nossa saúde de forma negativa.

Como o seu corpo está reagindo ao contato com todas estas substâncias químicas? Em que medida condições como autismo, diabetes, obesidade, doenças cardíacas e Alzheimer são influenciados por esta exposição tóxica? O exposoma é também definido como a totalidade das exposições ambientais a qual fomos expostos desde a concepção (Wild, 2005).  Semelhante ao projeto genoma humano, que mapeou o material genético há agora um projeto também denominado exposoma, que estuda a relevância do ambiente em nossas vidas.

Não podemos controlar várias das exposições tóxicas mas podemos pensar nos alimentos que consumimos. Estão cheios de pesticidas? São naturais ou foram manipulados pela indústria?

Os alimentos interagem com nosso DNA e geram oportunidades para prevenção pou abrem as portas para novas doenças. O alimento pode ser fonte de substâncias protetoras ou estressoras.

Um exemplo de refeição estressora é o alimento fast food, rico em açúcar, sódio e gorduras inflamatórias. O corpo, para lidar, com o estímulo excessivo gera respostas compensatórias, ativando o sistema imune, cardiovascular e neuroendócrino. A exposição repetitiva a toxinas ambientais e alimentares desregula o metabolismo e pode gerar maiores danos celulares.

Para Di Renzo e colaboradores (2017) quando uma única refeição no estilo McDonald's® entra no trato gastrointestinal de indivíduos saudáveis, pode promover estresse oxidativo e aumentar a expressão de genes inflamatórios. Produtos de glicação avançada (AGEs), compostos altamente oxidantes formados através da reação não enzimática entre açúcares redutores e aminoácidos livres, são encontrados em altos níveis em fast-foods (Uribarri et al., 2010). Em uma revisão sistemática sobre os efeitos do consumo de fast-food, foi relatado que os níveis sanguíneos da citocina inflamatória IL-6 aumentaram, podem aumentar em até 100% apósuma única refeição (Emerson et al. al., 2017).

Ao contrário, refeições saudáveis reduzem marcadores inflamatórias e o risco de danos celulares (Cano et al., 2017, Inoue et al., 2014). A dieta mediterrânea, por exemplo, reduz marcadores sanguíneos da inflamação e eleva os antioxidantes (Blum et al., 2006, Peluso et al. , 2014).

A genética sozinha não pode explicar o rápido aumento nas taxas globais de doenças não transmissíveis. Com o tempo, as respostas cumulativas agudas a cada refeição em seu contexto ambiental total são importantes. Estudos tentam hoje avaliar, por exemplo, em que medida a exposição dos pais a alimentos do tipo fast-food influenciam depois a vida de seus bebês. As crianças já nasceriam com uma sobrecarga e aumento do risco de desenvolvimento de doenças? Estudos sobre mecanismos epigenéticos de desenvolvimento de doenças acreditam que sim.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Alimentando recém-nascidos com Síndrome de Down

Ter um bebê é uma alegria e uma aventura incrível. Crianças dão novo sentido à vida familiar, trazem mais risadas para os lares, nos ensinam a viver e amar de maneira única, não importa se o bebê que chega é típico ou não. No caso de crianças com Síndrome de Down um dos primeiros desafios é a amamentação. A mesma deve ser tentada e encorajada já que fortalece o sistema imune do bebê, o protege contra doenças autoimunes e infecções respiratórias, fortalece a musculatura facial e também contribui para a recuperação materna e para o estabelecimento de um vínculo forte entre a mãe e o recém-nascido. 

Mas amamentar nem sempre é fácil. A mãe deve estar confortável, assim como o bebê. Se este for muito pequenininho deve ser posicionado sobre um travesseiro ou almofada para que alcance o bico do peito sem esforço. O bebê deve ser segurado bem perto do corpo da mãe, que deve estar relaxada, bem alimentada e hidratada. Fonoaudiólogos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, médicos, fisioterapeutas e familiares podem ajudar neste primeiro momento para que a mulher sinta-se mais confiante.

Profissionais de saúde capacitados também poderão avaliar o tempo que o bebê leva para mamar, se tem interesse na mamada, se permanece ativo no período em que está acordado, se dorme bem, se os reflexos estão presentes, se a deglutição se dá de forma adequada ou se o leite escorre pela boca, se há boa sincronia entre respiração e deglutição e, claro, se está ganhando peso dentro do esperado. Vários fatores podem interferir no aleitamento de uma criança com Síndrome de Down como o formato do palato, a posição da língua, a coordenação dos lábios, a presença de doenças cardíacas ou respiratórias.

Um recém nascido com Síndrome de Down ganha cerca de 113 gramas por semana e molha aproximadamente 6 fraldas ao dia a partir do 4o dia de vida. Obviamente estes números não são absolutos e dependem da semana gestacional em que o bebê nasceu, do quanto mama e de seu estado de saúde. Bebês que não conseguem sugar adequadamente, que dormem rapidamente ao peito ou cujas mães estão produzindo pouco leite (por estresse, por exemplo) podem receber poucas calorias e nutrientes ganhando pouco peso. Manter o bebê acordado enquanto mama fazendo-o esvaziar todo o leite de um peito antes de trocá-lo é muito importante. Para os bebês que não conseguem sugar o leite poderá ser ordenhado. Evite inserir mamadeiras precocemente (até a 4 semana de vida) pois neste período o bebê ainda está aprendendo a mamar no peito e esta é uma tarefa complicada. Paciência e apoio são fundamentais. 

Para as mães que estão ordenhando ou fornecendo fórmulas sempre surge a dúvida, será que o bebê está consumindo leite na quantidade adequada? Para bebês a termo (que nasceram entre a 39a e a 42a semana gestacional) a capacidade gástrica no primeiro dia de vida é de 5 a 7ml. O estômago é um músculo e vai crescendo junto com o bebê. Ao final do primeiro mês a capacidade gástrica pode chegar a 150 ml. 

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/