Nutrição e déficit de atenção

O déficit de atenção é um padrão comportamental caracterizado por desatenção, hiperatividade e impulsividade inconsistentes com a idade da pessoa. Estes padrões comportamentais variam muito de uma pessoa para outra. Crianças com dificuldades extremas ou mais perturbações em relação ao neurodesenvolvimento podem ser diagnosticadas com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH).

Os critérios de diagnóstico requerem que os sintomas se comecem a manifestar antes dos doze anos de idade, que estejam presentes durante mais de seis meses e que causem problemas em pelo menos dois cenários diferentes, como na escola e em casa, por exemplo. O TDAH relaciona-se com maiores dificuldades educacionais ao longo da vida e maior probabilidade de comportamento antissocial. 

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Podemos entender a hiperatividade, então, dentro de um continuum, em que nos extremo pode estar a pessoa com TDAH (Christakis, 2016). 

Diagnóstico do TDAH

Realizado a partir de minuciosa investigação da história do paciente, entrevista, uso de escalas e testes psicológicos que podem ser aplicados por psicólogos, neurologistas e psiquiatras. Existe também a possibilidade em se fazer um eletroencefalograma (NEBA) para análise das ondas cerebrais. Em pessoas com TDAH a razão entre ondas teta e beta costuma ser mais alta. Estes resultados associados aos dados de investigação clínica possibilitam o diagnóstico mais preciso.

Causas do TDAH

Apesar de bastante estudado ainda existem muitas dúvidas sobre a origem do TDAH. A heterogeneidade (muitas formas) e dimensionalidade (muitos graus de intensidade) mostra a complexidade do transtorno. A maioria dos pesquisadores acredita em uma origem multifatorial (várias causas), incluindo-se fatores genéticos (hereditários), anatômicos e ambientais (Nigg, 2009). 

Dentre os fatores ambientais que podem aumentar o risco de TDAH em crianças estão o baixo peso ao nascer (menos de 1.500 g), consumo de álcool ou fumo durante a gestação, intoxicação por chumbo

Tratamento

Com frequência o neurologista e/ou psiquiatra infantil propõe o uso de medicamentos como anfetamina, metilfenidato (Faraone & Buitelaar, 2010) e/ou terapia cognitivo comportamental com psicólogo qualificado. O objetivo é ajudar a criança a manter-se focada por mais tempo. Contudo, não há cura para o TDAH e, por isto, rotinas saudáveis são muito importantes. A atividade física reduz a ansiedade, melhora afetos e a função executiva (Gawrilow et al., 2016).

Práticas complementares, como yoga e meditação também vem sendo testadas por serem estratégias de baixo custo e que mostram-se benéficas para a regulação das emoções, controle da atenção, aumento do foco e capacidade de planejamento (Bueno et al., 2015Chou & Huang, 2017).

Uma minoria de casos pode estar relacionada a reações a alérgenos presentes na dieta. Por isso, dietas de eliminação vem sendo avaliadas. Apesar das limitações dos estudos realizados até então a dieta de eliminação parece ter efeito positivo na melhoria do comportamento de crianças com intolerâncias alimentares (Sonuga-Barke et al., 2013). Para exclusão de alimentos da dieta de forma segura consulte um nutricionista.

A dieta ocidental de má qualidade, rica em açúcares, pobre em frutas e verduras, associa-se à maior prevalência de déficit de atenção (Howard et al., 2011). Alimentos ultraprocessados também devem ser evitados uma vez que aditivos e corantes também parecem alterar o comportamento de algumas crianças (McCann et al., 2007). Uma melhor rotulagem dos alimentos ultraprocessados também é requerida. Na Europa recomenda-se o uso da frase "este produto pode desencadear efeitos adversos na atividade e atenção de crianças", se tiverem qualquer dos corantes E110 (amarelo sol), E104 (amarelo de quinoleína), E122 (arozubina ou carmosina), E102 (tartarazina) ou E 124 (Ponceau 4R ou vermelho cochonilha A).

Receba a newsletter semanal. Dra. Andreia Torres é nutricionista, mestre em nutrição, doutora em psicologia clínica, especialista em yoga.

A pressão popular é muito importante. Na Inglaterra e Irlanda a Nestlé removeu os aditivos artificiais de balas e doces em 2012. Nos Estados Unidos anunciou a retirada de corantes artificiais de todos os chocolates em 2015. Um dos mecanismos pelos quais os corantes podem alterar o comportamento é a liberação de histaminas em algumas pessoas (principalmente naquelas com polimorfismos do gene HNMT).

Algumas pessoas sugerem a ligação entre adoçantes como aspartame com o déficit de atenção. Porém, a relação não foi demonstrada nas pesquisas publicadas.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/