Carência de vitamina D em pessoas com esquizofrenia e autismo

A vitamina D (calciferol) possui uma série de funções imunomoduladoras, antiinflamatórias e neuroprotetoras. A carência da vitamina D tem sido associada a doenças neuropsiquiátricas. Em estudo publicado em 2016 por pesquisadores alemães, 60 adultos com esquizofrenia e 23 adultos com transtorno do espectro do autismo foram acompanhados por 1 ano. Foi observada carência maior de vitamina D nestes pacientes em relação a pessoas neurotípicas. Apesar da causa da hipovitaminose D nestes pacientes não ser bem compreendida os autores recomendam a dosagem e suplementação (Endres et al., 2016).

Como avaliar a vitamina D?

Muitos profissionais de saúde ficam confusos ao solicitar a dosagem de vitamina D. Como a 1,25-di-hidroxivitamina D é a forma ativa da vitamina D, muitos médicos e nutricionistas pensam que sua avaliação seria o meio preciso de estimar os estoques de calciferol e analisar a deficiência deste nutriente. Mas isto é incorreto.

As diretrizes atuais da Endocrine Society recomendam a dosagem dos níveis séricos de 25-hidroxivitamina D, que tem vida média de 3 semanas. A 1,25-di-hidroxivitamina D (1,25OHD) têm pouca ou nenhuma relação com os estoques de vitamina D.

Os níveis de 1,25OHD são regulados principalmente pelo hormônio da paratireóide, que por sua vez tem interferência da concentração de cálcio no plasma. Na deficiência de vitamina D, os níveis de 1,25OHD tendem a aumentar ao invés de diminuir. A produção de 1,25OHD também é desregulada em doenças como sarcoidose e patologias granulomatosas.

Assim, o nível sérico de 25-hidroxivitamina D (25(OH)D) é o melhor indicador do conteúdo corporal de vitamina D ao refletir a vitamina obtida a partir da ingestão alimentar e da exposição à luz solar, bem como a conversão de vitamina D a partir dos depósitos adiposos no fígado. Apesar de controverso, parece existir um «consenso» de que os valores plasmáticos de 25(OH)D inferiores a 30-32 ng/ml indicam um défice relativo de vitamina D. A vitamina. Porém, para pessoas com doenças autoimunes ou risco genético para as mesmas, recomenda-se dosagem acima de 40 ng/ml (Alves et al., 2013).

Concentrações mais baixas de vitamina D3 também levar a alterações no tamanho e forma do cérebro, como observado em pacientes com TEA (Jia et al., 2015). A deficiência de vitamina D é altamente prevalente em pacientes com esquizofrenia, especialmente aqueles em episódios agudos. Baixas concentrações séricas de vitamina D podem ter um efeito na patogênese da esquizofrenia. Outra hipótese é que a esquizofrenia e a deficiência de vitamina D podem ter uma coocorrência genética (Yüksel et al., 2014).

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Como suplementar a vitamina D?

A vitamina D pode ser suplementada de 2 formas principais: o colecalciferol (vitamina D3) e o ergocalciferol (vitamina D2). Contudo, as mesmas são ligeiramente diferentes. Ambas as formas aumentam os níveis de vitamina D no sangue e ambas podem tratar e prevenir o raquitismo causado pela deficiência de vitamina D. No entanto, estudos descobriram que a vitamina D3 efetivamente aumenta os níveis de vitamina D no sangue por um período mais longo do que a vitamina D2.

O nível máximo para suplementação pelo nutricionista (UL) varia de acordo com a idade:

  • Crianças de 1 a 3 anos - 2.500 UI (63 mcg)

  • Crianças de 4 a 8 anos - 3.000 UI (75 mcg)

  • Homens e mulheres (inclusive gestantes e lactantes) acima de 19 anos - 4.000 UI (100 mcg)

A cada 1.000 UI de vitamina D suplementada diariamente, por um período de 8 a 12 semanas, espera-se um aumento no nível sérico de 6 a 10 ng/ml. Com isso e considerando-se o nível sérico é feito o cálculo da dosagem a ser suplementada.

Atenção!

A vitamina D3 é extraída de peixes. No caso de veganos é prescrita a vitamina D2 (ergocalciferol). Além disso, o vegano deve tomar sol e consumir cogumelos e alimentos fortificados como cereais, leites vegetais, suco de laranja. Os alimentos fortificados com vitamina D são mais comuns fora do Brasil.

Doses de suplementação excessivas podem elevar perigosamente a absorção e níveis séricos de cálcio, aumentando o risco de lesão renal. Para redução do risco o magnésio e a vitamina K podem ser adicionadas às fórmulas prescritas. A ingestão excessiva de vitamina D também pode causar fraqueza, náuseas, perda de apetite, dor de cabeça, dores abdominais, diarreias e cãibras. Assim, doses acima da UL devem ser prescritas apenas em casos especiais e o paciente deve ser acompanhado por médico.

Saiba mais sobre a vitamina D aqui.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/