AUTISMO NÃO É DOENÇA

Muitas pessoas acham que o autismo é uma doença, mas não. A pessoa no espectro do autismo (TEA) pode ficar doente, como acontece comigo e com você. As crianças com autismo podem ter catapora (que é uma doença) ou não. Podem ter sarampo ou não. Durante a vida podem desenvolver diabetes ou não, obesidade ou não, depressão ou não. Como qualquer pessoa. Autismo também não é doença mental. É uma alteração no neurodesenvolvimento que modifica a forma de compreender o mundo. Por isso, muitas pessoas no TEA possuem dificuldades de interação social e comunicação. Atualmente, o autismo é classificado em graus:

  • Nível 1. É a pessoa que tem pouco necessidade de suporte. Pode, por exemplo, apresentar mais dificuldade para iniciar ou manter interações sociais.

  • Nível 2. Aqui estão aqueles que precisam de mais suporte devido aos déficits mais graves na linguagem verbal e não verbal, pela limitação em iniciar ou responder a interações, pelos comportamentos ou interesses restritos/repetitivos ou pelas dificuldades em lidar com mudanças.

  • Nível 3. Neste grupo estão os indivíduos com TEA que apresentam muita necessidade de suporte. Podem ter déficits graves nas habilidades de comunicação verbal e não verbal, o que gera prejuízos graves de funcionamento e interação social. A dificuldade em lidar com mudanças pode ser extrema, gerando grande sofrimento mesmo perante situações corriqueiras.

Como é o tratamento do TEA?

Muitas pessoas pensam também que a medicação sempre será necessária quando o diagnóstico de TEA é feito. Mas isto não é verdade. Em primeiro lugar, não há um medicamento específico para o autismo e sim para questões específicos. A medicação no TEA é necessária em quatro casos, principalmente:

  • Comportamento violento em relação aos outros. Conheço mães que ficam todas arranhadas, roxas, doloridas, mas não tem coragem de medicar os filhos. Converse com um excelente neurologista pois o comportamento violento exige tratamento, até para a saúde de todos que estão ao redor da criança.

  • Comportamento autoflagelatório, ou seja criança que se agride, se machuca. Mesmo caso. Medicamentos como resperidona e epiprazol têm sido os mais indicados.

  • Agitação psicomotora muito intensa a ponto de atrapalhar o desenvolvimento ou a adesão às terapias.

  • Comorbidades psiquiátricas conjuntas como TEA como esquizofrenia, depressão maior, transtorno bipolar, ansiedade generalizada, fobias, TOC, TOD, TDAH etc.

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Além do uso da medicação nos casos acima a terapêutica também envolve terapias como ABA, terapia cognitivo-comportamental e integração sensorial. Dentro de uma perspectiva holística aspectos metabólicos também serão estudados. Alergias, intolerâncias alimentares, disfunção mitocondrial, problemas de metilação, quando identificados devem ser tratados e o papel do nutricionista na equipe também é muito importante. O programa a ser traçado para cada criança é totalmente individual pois cada criança é um mundo.

O diagnóstico é muito importante para que as intervenções sejam as mais precoces possíveis. Contudo, ninguém resume-se a um diagnóstico. As crianças precisam de espaço para serem, para se desenvolver e tornarem-se adultos saudáveis.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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