Câncer e o efeito Warburg

Quase um século atrás, Otto Warburg descobriu que os tumores consomem muito mais glicose do que a maioria dos tecidos saudáveis. Além disso, em vez de usar essa glicose para gerar energia por meio da respiração celular, como ocorre em células normais, os tumores a convertem principalmente em lactato por fermentação. Esse fenômeno é chamado de “glicólise aeróbica” porque, ao contrário da fermentação que ocorre por falta de oxigênio, essa via metabólica acontece mesmo quando o oxigênio está disponível. A glicólise aeróbica é uma característica marcante das células cancerígenas em crescimento e, nesse contexto, é conhecida como efeito Warburg.

Glicólise Aeróbica e Proliferação Celular: Um Enigma Metabólico

A relação entre glicólise aeróbica e proliferação celular tem sido um dos grandes questionamentos da biologia celular. Embora menos eficiente na produção de ATP do que o metabolismo oxidativo, a glicólise aeróbica parece favorecer o crescimento celular. Mas por quê?

A Glicólise e a Necessidade de Precursores Biossintéticos

Uma das explicações para esse fenômeno é que a elevada captação de glicose fornece precursores biossintéticos essenciais para a síntese de lipídeos, nucleosídeos e proteínas. No entanto, a maior parte da glicose consumida é excretada como lactato, sugerindo que a glicose não é a principal fonte de biomassa celular. Outra hipótese é que a glicólise aeróbica facilita a produção de transportadores de elétrons, como NADPH e NAD+.

O Papel do Piruvato e da PDH na Regulação da Glicólise

O destino do piruvato é fundamental para a decisão metabólica entre fermentação e oxidação mitocondrial. A enzima piruvato desidrogenase (PDH) direciona o piruvato para o ciclo do ácido tricarboxílico (TCA), enquanto as quinases (PDK) inibem essa rota, favorecendo a fermentação. Estudos demonstraram que a supressão da PDK reduz o crescimento de células cancerosas, pois impede a glicólise aeróbica e compromete a regeneração do NAD+.

NAD+ e a Limitação da Fosforilação Oxidativa

O NAD+ é essencial para vários processos celulares e sua regeneração ocorre via cadeia de transporte de elétrons (ETC) na mitocôndria. Entretanto, em células proliferativas, a ETC pode ser limitada pelo acúmulo do gradiente de prótons, que inibe termodinamicamente sua atividade. Experimentos mostraram que dissipar esse gradiente melhora a regeneração de NAD+ e restaura a proliferação celular, sugerindo que a ATP sintase, responsável por converter esse gradiente em energia, pode ser insuficiente para aliviar essa restrição.

ATP: Um Fator Limitante?

Embora a glicólise aeróbica gere menos ATP por molécula de glicose, os dados sugerem que o ATP não é um fator limitante para a proliferação celular. Pelo contrário, um excesso de ATP pode restringir a atividade mitocondrial. Estudos indicam que células cancerosas aumentam a perda de ATP e que altos níveis dessa molécula podem prejudicar o crescimento tumoral. Isso reforça a ideia de que vias que promovem o consumo de ATP favorecem a proliferação celular.

A glicólise aeróbica não é simplesmente uma falha metabólica, mas sim uma estratégia celular para garantir a regeneração do NAD+. Em situações de alta demanda desse cofator, a fermentação pode complementar a fosforilação oxidativa, permitindo a proliferação celular mesmo quando a capacidade mitocondrial de regenerar NAD+ é limitada. Esse modelo ajuda a entender por que células proliferativas, como as cancerosas, frequentemente adotam a glicólise aeróbica, apesar de sua ineficiência energética.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Causas das alterações do ciclo hormonal feminino

As alterações do ciclo hormonal feminino ocorrem quando há desequilíbrios nos hormônios que regulam o ciclo menstrual, principalmente FSH, LH, estrogênio e progesterona. Esses desequilíbrios podem afetar a ovulação, a espessura do endométrio e a regularidade da menstruação. As causas podem ser divididas em fisiológicas, patológicas e externas:

1. Fatores fisiológicos

  • Puberdade: O eixo hipotálamo-hipófise-ovário ainda está se estabelecendo, causando ciclos irregulares.

  • Perimenopausa e menopausa: Diminuição gradual da função ovariana e dos níveis de estrogênio e progesterona.

  • Gravidez e lactação: Alterações hormonais inibem a ovulação temporariamente.

2. Distúrbios hormonais e patológicos

  • Síndrome dos ovários policísticos (SOP): Excesso de andrógenos prejudica a ovulação e causa ciclos irregulares.

  • Disfunção da tireoide: Hipotireoidismo ou hipertireoidismo alteram os níveis de FSH/LH, afetando o ciclo menstrual.

  • Hiperprolactinemia: Excesso de prolactina inibe a ovulação.

  • Insuficiência ovariana prematura: Perda precoce da função ovariana leva a irregularidades menstruais.

  • Endometriose ou outras doenças inflamatórias: Podem interferir na receptividade endometrial e no ciclo hormonal.

3. Fatores externos e estilo de vida

  • Estresse físico ou emocional ou depressão: Aumenta cortisol, que pode suprimir GnRH, FSH e LH, causando atraso ou ausência da menstruação.

  • Dieta inadequada e deficiências nutricionais: Falta de minerais essenciais como vitamina D, cálcio, zinco, magnésio, ferro ou selênio prejudica a síntese hormonal.

  • Exercício físico excessivo: Pode reduzir níveis de estrogênio e inibir a ovulação, causando amenorreia.

  • Uso de medicamentos ou contraceptivos hormonais: Interfere diretamente nos níveis de estrogênio e progesterona.

  • Alterações de peso significativas: Obesidade ou baixo peso corporal afetam a produção de hormônios sexuais.

  • Contato excessivo com toxinas: muitas delas são disruptores endócrinos.

  • Disbiose intestinal: A microbiota intestinal participa da reciclagem de estrogênios por meio do chamado estroboloma. Em disbiose, há menor atividade de enzimas como β-glucuronidase, levando a níveis alterados de estrogênio circulante.

4. Fatores genéticos e hereditários

  • Mutação em genes envolvidos na função ovariana: Podem levar a disfunções hormonais ou ovulatórias.

  • Histórico familiar de menopausa precoce ou SOP: Aumenta risco de alterações no ciclo.

Alterações no ciclo hormonal feminino surgem quando há desequilíbrios nos hormônios reguladores da menstruação, seja por fatores fisiológicos naturais, doenças ou condições externas como estresse, dieta ou hábitos de vida.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Estresse oxidativo e dificuldade para engravidar

O estresse oxidativo resulta de um desequilíbrio entre radicais livres e sistemas antioxidantes, podendo afetar negativamente a função ovariana, a qualidade dos oócitos e a receptividade endometrial. Níveis elevados de radicais livres podem prejudicar a função endometrial, interferindo na implantação embrionária e na manutenção da gravidez.

As principais causas do estresse oxidativo incluem:

1. Fatores internos (endógenos)

  • Metabolismo celular: Produção natural de radicais livres durante a respiração celular e processos metabólicos.

  • Inflamação crônica: Resposta imunológica ativa gera ROS como subproduto, prejudicando células saudáveis. Pode ocorrer por infecção bacteriana, fúngica, disbiose intestinal, obesidade…

  • Desequilíbrios hormonais: Alterações nos hormônios sexuais podem aumentar a produção de radicais livres no sistema reprodutivo.

  • Idade: Com o envelhecimento, a eficiência dos sistemas antioxidantes diminui, favorecendo o estresse oxidativo.

2. Fatores externos (exógenos)

  • Exposição a poluentes: Fumaça, metais pesados e produtos químicos geram radicais livres.

  • Radiação: Raios UV e radiações ionizantes aumentam a formação de ROS.

  • Dieta inadequada: Baixa ingestão de antioxidantes (vitaminas C, E, selênio, zinco) e excesso de alimentos ultraprocessados ou gorduras saturadas.

  • Álcool e tabagismo: Aumentam a produção de radicais livres e diminuem a capacidade antioxidante.

  • Estresse físico ou emocional intenso: Pode alterar metabolismo celular e favorecer ROS.

  • Exercício físico extremo: Embora moderado seja benéfico, exercícios muito intensos aumentam a produção de radicais livres temporariamente.

3. Condições médicas associadas

  • Diabetes e obesidade: Alteram o metabolismo e geram excesso de radicais livres.

  • Infecções crônicas: Inflamação constante gera ROS.

  • Distúrbios reprodutivos: Condições como endometriose ou síndrome dos ovários policísticos estão associadas a aumento do estresse oxidativo endometrial e ovariano.

Minerais com Propriedades Antioxidantes

Diversos minerais desempenham papéis cruciais na defesa contra o estresse oxidativo:

  • Magnésio: Atua como cofator em mais de 600 reações enzimáticas, incluindo a função antioxidante. O magnésio apoia a ovulação saudável e a função endometrial ao longo do ciclo menstrual, mitigando o estresse oxidativo.

  • Selênio: Protege os tecidos reprodutivos contra danos oxidativos, promovendo ovulação estável e preservando a função ovariana. Níveis ideais de selênio estão associados a melhores resultados de fertilidade.

  • Cobre: Fundamental na defesa contra o estresse oxidativo, atuando como cofator da enzima superóxido dismutase. Na reprodução feminina, suas propriedades antioxidantes protegem os oócitos e garantem a integridade celular.

  • Manganês: Atua como um antioxidante eliminador de radicais livres para proteger as estruturas celulares do estresse oxidativo e potencialmente melhorar o bem-estar reprodutivo feminino.

A manutenção de um adequado status nutricional é fundamental para a saúde reprodutiva e o bem-estar da mulher. Está com dificuldades menstruais ou para engravidar? Marque aqui sua consulta de nutrição.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/