Polimorfismo materno do gene MTHFD1 aumenta as chances de filhos com T21

O artigo "BHMT G742A and MTHFD1 G1958A polymorphisms and Down syndrome risk in the Brazilian population" investigou a associação entre dois polimorfismos genéticos e o risco de ter filhos com síndrome de Down em uma população brasileira. Os pesquisadores analisaram o DNA de mães de crianças com síndrome de Down e de um grupo controle, buscando variações nesses genes que estão envolvidos no metabolismo do folato, essencial para o desenvolvimento fetal.

  • O polimorfismo MTHFD1 G1958A mostrou associação significativa com o risco aumentado de síndrome de Down, sugerindo que essa variação pode contribuir para a não-disjunção cromossômica do cromossomo 21.

Aprenda mais nos cursos online:

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Desregulação gênica na trissomia do cromossomo 21 (síndrome de Down)

Em 95% dos casos de síndrome de Down, ao invés de 2 cromossomo 21, são encontrados 3 cromossomos 21. Os genes presentes no cromossomo 21 influenciam a expressão de genes em outros cromossomos — especialmente em pessoas com trissomia 21, ou seja, síndrome de Down. Isso acontece por mecanismos complexos de regulação genética:

1. Desequilíbrio na dosagem gênica (gene dosage imbalance)

Na trissomia 21, existem três cópias do cromossomo 21 em vez de duas. Isso causa uma superexpressão dos genes localizados nesse cromossomo.

Consequência: Essa superexpressão pode modular ou desregular genes em outros cromossomos, por meio de redes regulatórias de proteínas, RNAs reguladores e fatores de transcrição.

2. Fatores de transcrição e regulação epigenética

Alguns genes do cromossomo 21 produzem fatores de transcrição (proteínas que controlam quais genes são ativados ou desativados). Exemplo:

  • RUNX1 (no cromossomo 21) regula genes relacionados à formação do sangue. A superexpressão de RUNX1 pode alterar a atividade de genes em outros cromossomos, levando a disfunções hematológicas (ex: maior risco de leucemia).

Outro exemplo é a regulação epigenética:

  • Genes como DYRK1A (cromossomo 21) afetam a fosforilação de proteínas envolvidas no controle do ciclo celular e da expressão gênica. Isso pode modificar o padrão de metilação do DNA em outros cromossomos, alterando o que é ativado ou silenciado.

3. MicroRNAs (miRNAs)

O cromossomo 21 contém vários microRNAs, como miR-155, que são reguladores pós-transcricionais. O miR‑155 é um microRNA pró‑inflamatório com expressão elevada no sistema nervoso central, especialmente em microglia e astrócitos, ativado via NF‑κB e TLRs.

Eles se ligam a RNAs mensageiros de outros genes (localizados em outros cromossomos) e:

  • Inibem sua tradução em proteínas antiinflamatórias.

  • Elevam citocinas inflamatórias como IL-6, TNF-alfa, que contribuem com morte neuronal.

Isso afeta indiretamente a expressão de muitos genes fora do cromossomo 21 e pode contribuir para a neuroinflamação. Sabemos que compostos naturais (curcumina, resveratrol) reduzem a inflamação e protegem sinapses. Aprenda mais no curso Nutrição na T21.

Mecanismos afetados pelo microRNA-155 (Zingale, Gugliandolo, & Mazzon, 2022)

4. Redes de interação proteica

Muitas proteínas interagem em redes ou vias de sinalização, e um desequilíbrio em uma parte da rede (como pela superprodução de uma proteína do cromossomo 21) pode:

  • Desregular proteínas codificadas por genes em outros cromossomos,

  • Levar a alterações em várias funções celulares, como crescimento, diferenciação ou morte celular.

Exemplo prático: síndrome de Down

  • A superexpressão de SOD1 (enzima antioxidante do cromossomo 21) pode gerar estresse oxidativo que afeta globalmente a célula.

  • DYRK1A afeta a fosforilação de proteínas neuronais, influenciando genes relacionados à memória e cognição — alguns localizados em outros cromossomos.

Aprenda mais no curso de Genômica Nutricional na T21, autismo e TDAH.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Tipos de leucemia mais comuns na Trissomia do Cromossomo 21 (Síndrome de Down)

As leucemias são mais comuns em pessoas com Síndrome de Down (Trissomia 21) por uma combinação de fatores genéticos, biológicos e moleculares.

Pessoas com T21 têm três cópias do cromossomo 21. Esse cromossomo carrega genes que regulam a proliferação celular, o desenvolvimento hematopoiético (do sangue) e a resposta imunológica.

O excesso de alguns desses genes leva a um desbalanço no controle da divisão e maturação das células do sangue, favorecendo mutações e transformações malignas. A leucemia gera um aumento do número de células brancas imaturas (blastos).

O risco de leucemia linfoblástica aguda chega a ser 20 vezes maior em pessoas com síndrome de Down (SD) do que em pessoas sem trissomia do cromossomo 21 (Kubota et al., 2019) e o de leucemia megacarioblástica (LAM M7), um tipo de leucemia mielóide mais rara é 500 vezes mais comum na SD (Mateos et al., 2015).

A mutação no gene GATA1, envolvido na formação de células do sangue, está presente em quase todos os casos de leucemia mieloide transitória (LMT) e também na LMA M7 em crianças com Síndrome de Down. Essa mutação altera a produção normal de megacariócitos (células precursoras das plaquetas), facilitando o aparecimento de leucemia.

Pessoas com T21 também apresentam alterações imunológicas e hematopoiéticas desde o nascimento. A medula óssea dessas crianças já apresenta, mesmo sem leucemia, uma produção alterada de células sanguíneas, predispondo à transformação maligna.

Por fim, a trissomia 21 contribui para um ambiente celular com maior estresse oxidativo e menor capacidade de reparo do DNA, o que facilita o surgimento de mutações adicionais.

O tratamento das leucemia é a quimioterapia e os cuidados com a alimentação devem ser redobrados antes, durante e depois uma vez que crianças com T21 são mais sensíveis aos efeitos da medicação.

Aprenda mais nos cursos online:

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/