Nutrição e Ansiedade: Abordagens Bioquímicas e Terapêuticas

A ansiedade é uma condição que vai além de um estado emocional; está profundamente enraizada em alterações bioquímicas no cérebro, especialmente nos níveis de neurotransmissores e hormônios. Essas alterações desequilibram a complexa rede bioquímica cerebral, afetando o bem-estar geral. A neuronutrição surge como uma abordagem inovadora que busca restaurar esse equilíbrio utilizando ferramentas como nutracêuticos, fitoterápicos e alimentos funcionais.

Mesmo em pacientes que utilizam medicamentos convencionais, integrar a neuronutrição ao tratamento pode potencializar os resultados, permitindo o uso de doses menores de fármacos, reduzindo efeitos colaterais e diminuindo a probabilidade de recaídas após a suspensão do medicamento.

L-Teanina: O Poder do Aminoácido na Neurotransmissão de Glutamato

A L-teanina, um aminoácido presente nas folhas da Camellia sinensis (chá verde e chá preto), desempenha um papel crucial na modulação da neurotransmissão do glutamato, um dos principais neurotransmissores excitatórios do sistema nervoso central.

  • Como a L-teanina age?

    • Redução da glutamina no neurônio: A L-teanina impede a entrada de glutamina, a matéria-prima para a produção de glutamato, nos neurônios glutamatérgicos.

    • Antagonismo no receptor NMDA: Ela bloqueia a ligação do glutamato aos receptores NMDA, diminuindo a hiperexcitabilidade cerebral.

Essas propriedades fazem da L-teanina uma estratégia promissora para condições relacionadas ao excesso de neurotransmissão glutamatérgica, como:

  • Ansiedade

  • Depressão

  • Fibromialgia

  • Enxaqueca

  • Alzheimer

  • Parkinson

  • TDAH

A abordagem vai além do alívio pontual, ajudando a corrigir o desequilíbrio bioquímico que sustenta essas condições. Este estudo mostrou que pacientes com transtorno de ansiedade generalizada (TAG) não responsivos a tratamento medicamentoso beneficiam-se da teanina (doses de 450 mg a 900 mg/dia), principalmente no referente à qualidade do sono.

Quercetina: Uma Aliada na Prevenção e Tratamento do Alzheimer

Quando o assunto é a prevenção de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer, a quercetina ganha destaque. Este composto bioativo encontrado em alimentos como maçãs e cebolas roxas possui propriedades que vão além de ser um simples antioxidante:

  • Proteção mitocondrial: Estimula a função das mitocôndrias, responsáveis pela produção de energia celular.

  • Redução de placas beta-amiloides: Inibe a formação das placas características do Alzheimer.

  • Efeito senolítico: Promove a eliminação de células danificadas, favorecendo a renovação celular.

Com o avanço da tecnologia, a quercetina lipossomada, disponível em farmácias de manipulação, tem se mostrado mais eficiente devido à sua alta biodisponibilidade.

Por Que a Neuronutrição é Essencial?

O cérebro é uma rede bioquímica extremamente complexa, e abordagens tradicionais baseadas exclusivamente em medicamentos nem sempre alcançam o equilíbrio necessário. A combinação de estratégias nutricionais, suplementação personalizada e fitoterápicos oferece um tratamento mais completo e eficaz.

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OUTROS ARTIGOS:

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

TDAH e dietas de eliminação

O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é uma condição neuropsiquiátrica que afeta uma parcela significativa de crianças e adolescentes. Embora os tratamentos tradicionais, como psicoeducação, intervenções comportamentais e medicamentos, tenham mostrado eficácia no manejo dos sintomas, os efeitos a longo prazo, especialmente dos medicamentos, permanecem pouco compreendidos. Isso tem impulsionado a busca por alternativas não farmacológicas, com destaque para as intervenções dietéticas.

Dieta e Bem-Estar Psicológico

Evidências crescentes indicam que a dieta pode influenciar diretamente o bem-estar psicológico. Nesse contexto, a dieta de eliminação (DE) tem ganhado destaque como uma abordagem promissora. Essa dieta consiste na remoção de alimentos que podem potencialmente exacerbar os sintomas do TDAH. Estudos iniciais mostram que a DE pode reduzir significativamente os sintomas em algumas crianças. No entanto, essas investigações ainda apresentam limitações importantes, como o controle inadequado de variáveis, falta de clareza sobre os efeitos a longo prazo e dúvidas quanto à sua aplicabilidade prática.

O Estudo TRACE: Um Marco na Pesquisa Dietética para o TDAH

Com o objetivo de superar essas limitações, foi desenvolvido o estudo TRACE (Tratamento do TDAH com Cuidados Habitual versus Dieta de Eliminação). Esse ensaio clínico compara a eficácia de uma dieta de eliminação com uma dieta saudável tradicional em crianças de 5 a 12 anos com TDAH. Além disso, o estudo analisa a relação custo-efetividade e os impactos de curto e longo prazo dessas abordagens.

Os resultados esperados do TRACE podem oferecer respostas fundamentais para questões-chave, como:

  • A eficácia da dieta de eliminação na redução dos sintomas de TDAH.

  • O impacto da DE na desregulação emocional.

  • A viabilidade prática e os custos dessa abordagem em comparação com tratamentos tradicionais.

  • A qualidade nutricional associada à intervenção.

Considerações Adicionais: Cafeína, Cetose e Interações Alimentares

Além da dieta de eliminação, outros aspectos relacionados à nutrição têm sido estudados no contexto do TDAH. Por exemplo, a influência da cafeína e dos triglicerídeos de cadeia média na cetogênese sugere um potencial impacto no funcionamento cognitivo e comportamental. Interações entre alimentos e medicamentos também devem ser cuidadosamente avaliadas, uma vez que podem alterar a eficácia dos tratamentos farmacológicos.

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Conclusão

O estudo TRACE é um avanço significativo na compreensão do papel da alimentação no manejo do TDAH. Os resultados prometem ampliar o repertório de opções terapêuticas, oferecendo abordagens baseadas em evidências para profissionais de saúde e famílias. Enquanto aguardamos as conclusões, vale destacar a importância de um olhar multidisciplinar que integre nutrição, psicologia e medicina para melhorar a qualidade de vida das crianças com TDAH.

ESTUDOS:

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Distúrbios do sono e microbiota de pacientes com TDAH

Os distúrbios do sono são comorbidades frequentes em crianças, adolescentes e adultos com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), afetando até 70% dos pacientes. Esses problemas não apenas prejudicam a qualidade de vida, mas também impactam negativamente o desempenho cognitivo, comportamental e o bem-estar familiar. O artigo explora as conexões entre sono, TDAH e o microbioma intestinal, além de discutir intervenções terapêuticas promissoras.

Distúrbios do Sono no TDAH e TEA

  1. Distúrbio Circadiano:
    Crianças com TDAH frequentemente apresentam preferência noturna, caracterizada por uma fase circadiana atrasada, dificultando o funcionamento diurno. Alterações semelhantes são observadas em indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

  2. Mecanismos Biológicos:

    • Produção de Melatonina: Em crianças com TDAH, o aumento noturno da melatonina ocorre de forma atrasada. Esse hormônio, regulado pelo relógio circadiano central, é essencial para o sono.

    • Microbioma Intestinal: Estudos sugerem que o microbioma também segue um ritmo circadiano, com alterações em sua composição durante o ciclo claro-escuro, influenciando diretamente a regulação do sono.

O Papel do Microbioma Intestinal no TDAH e no Sono

  1. Oscilações Circadianas do Microbioma:

    • Espécies bacterianas como Bacteroidetes e Clostridia variam conforme o ciclo claro-escuro.

    • A privação de sono altera a composição do microbioma, favorecendo o filo Firmicutes e comprometendo a diversidade bacteriana.

  2. Interação com a Melatonina:

    • A suplementação de melatonina pode restaurar a diversidade microbiana e melhorar o equilíbrio entre bactérias benéficas e prejudiciais, além de regular citocinas inflamatórias e o status redox.

  3. Produção de Neurotransmissores:
    O microbioma influencia a síntese de neurotransmissores como serotonina (5-HT) e dopamina, essenciais para o humor e o comportamento.

Probióticos e Intervenções Terapêuticas no TDAH

  1. Estudos Promissores:

    • Um estudo de 2018 acompanhou bebês finlandeses até os 13 anos e mostrou que a suplementação com Lactobacillus rhamnosus GG reduziu significativamente a incidência de TDAH e TEA.

    • Probióticos parecem modular a microbiota intestinal, promovendo um ambiente mais favorável ao desenvolvimento neurocognitivo.

  2. Limitações:

    • Nem todos os estudos mostram efeitos consistentes nos sintomas principais do TDAH.

    • Resultados positivos foram mais evidentes em qualidade de vida e sintomas associados, como distúrbios do sono e aspectos emocionais.

Via Imunológica e Barreira Intestinal

  1. Microbiota e Neuroinflamação:
    Alterações na microbiota podem comprometer a barreira intestinal e a barreira hematoencefálica (BHE), aumentando a neuroinflamação e o risco de desordens neuropsiquiátricas.

  2. Interação com a Microglia:

    • A microglia, célula imune do SNC, depende da microbiota para funções como neurogênese e resposta imunológica.

    • Estudos mostram que a recolonização microbiana em camundongos alterados pode restaurar a função normal da microglia.

Como Melhorar a Síntese de Melatonina e Ter um Sono de Qualidade

Melatonina, conhecida como o "hormônio do sono", desempenha um papel crucial na regulação dos ritmos circadianos e na qualidade do sono. Este artigo explora estratégias para otimizar sua produção natural e suplementação quando necessário, com base em evidências científicas recentes.

1. Estratégias para Melhorar a Síntese Natural de Melatonina

  1. Dormir em Ambiente Escuro
    A melatonina é inibida pela luz, especialmente a luz azul. Um quarto escuro favorece sua produção natural, promovendo um sono mais profundo.

  2. Redução da Exposição à Luz Azul à Noite
    Dispositivos como celulares e TVs emitem luz azul, que suprime a produção de melatonina. Utilize filtros de luz azul ou reduza o uso desses aparelhos à noite.

  3. Alimentação Rica em Precursores de Melatonina
    Consuma alimentos ricos em:

    • Triptofano: Aminoácido essencial encontrado em ovos, queijo e carne de peru.

    • Vitaminas do Complexo B: Presente em cereais integrais e legumes.

    • Fitoquímicos Antioxidantes e Anti-inflamatórios: Frutas vermelhas, cúrcuma e vegetais folhosos.

  4. Alimentos Fonte de Melatonina
    Alimentos que contêm melatonina naturalmente ajudam a regular o sono:

    • Frutas: Banana, cereja, kiwi.

    • Vegetais: Espinafre, cenoura, brócolis.

    • Grãos e nozes: Aveia, lentilhas, amêndoas.

    • Dica Extra: Alimentos ricos em carotenoides, como cenoura, ajudam a proteger contra os danos da luz azul.

  5. Suplementação de Melatonina ou Fitomelatonina
    Para casos de baixa síntese ou insônia severa, a suplementação pode ser eficaz.

2. Suplementação: Melatonina de Liberação Rápida vs. Prolongada

  • Liberação Rápida: Ideal para quem tem dificuldade em iniciar o sono. Essa forma aumenta rapidamente os níveis plasmáticos de melatonina após a ingestão.

  • Liberação Prolongada: Recomendada para quem acorda no meio da noite, pois mantém níveis constantes durante a madrugada. Estudos indicam que 2 mg de melatonina de liberação prolongada:

    • Melhoram significativamente a qualidade do sono.

    • Reduzem o tempo para adormecer.

    • Aumentam o estado de alerta matinal.

    • Melhoram a qualidade de vida em pacientes com insônia primária.

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