O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é uma condição neuropsiquiátrica que afeta uma parcela significativa de crianças e adolescentes. Embora os tratamentos tradicionais, como psicoeducação, intervenções comportamentais e medicamentos, tenham mostrado eficácia no manejo dos sintomas, os efeitos a longo prazo, especialmente dos medicamentos, permanecem pouco compreendidos. Isso tem impulsionado a busca por alternativas não farmacológicas, com destaque para as intervenções dietéticas.
Dieta e Bem-Estar Psicológico
Evidências crescentes indicam que a dieta pode influenciar diretamente o bem-estar psicológico. Nesse contexto, a dieta de eliminação (DE) tem ganhado destaque como uma abordagem promissora. Essa dieta consiste na remoção de alimentos que podem potencialmente exacerbar os sintomas do TDAH. Estudos iniciais mostram que a DE pode reduzir significativamente os sintomas em algumas crianças. No entanto, essas investigações ainda apresentam limitações importantes, como o controle inadequado de variáveis, falta de clareza sobre os efeitos a longo prazo e dúvidas quanto à sua aplicabilidade prática.
O Estudo TRACE: Um Marco na Pesquisa Dietética para o TDAH
Com o objetivo de superar essas limitações, foi desenvolvido o estudo TRACE (Tratamento do TDAH com Cuidados Habitual versus Dieta de Eliminação). Esse ensaio clínico compara a eficácia de uma dieta de eliminação com uma dieta saudável tradicional em crianças de 5 a 12 anos com TDAH. Além disso, o estudo analisa a relação custo-efetividade e os impactos de curto e longo prazo dessas abordagens.
Os resultados esperados do TRACE podem oferecer respostas fundamentais para questões-chave, como:
A eficácia da dieta de eliminação na redução dos sintomas de TDAH.
O impacto da DE na desregulação emocional.
A viabilidade prática e os custos dessa abordagem em comparação com tratamentos tradicionais.
A qualidade nutricional associada à intervenção.
Considerações Adicionais: Cafeína, Cetose e Interações Alimentares
Além da dieta de eliminação, outros aspectos relacionados à nutrição têm sido estudados no contexto do TDAH. Por exemplo, a influência da cafeína e dos triglicerídeos de cadeia média na cetogênese sugere um potencial impacto no funcionamento cognitivo e comportamental. Interações entre alimentos e medicamentos também devem ser cuidadosamente avaliadas, uma vez que podem alterar a eficácia dos tratamentos farmacológicos.
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Conclusão
O estudo TRACE é um avanço significativo na compreensão do papel da alimentação no manejo do TDAH. Os resultados prometem ampliar o repertório de opções terapêuticas, oferecendo abordagens baseadas em evidências para profissionais de saúde e famílias. Enquanto aguardamos as conclusões, vale destacar a importância de um olhar multidisciplinar que integre nutrição, psicologia e medicina para melhorar a qualidade de vida das crianças com TDAH.
ESTUDOS: