PQQ e esclerose lateral amiotrófica

A Pirroloquinolina Quinona (PQQ) é uma pequena molécula com propriedades antioxidantes poderosas e a capacidade de promover a biogênese mitocondrial, ou seja, estimular a criação de novas mitocôndrias, essenciais para a saúde celular e a produção de energia. Esses efeitos tornam a PQQ relevante em diversas condições neurodegenerativas, como a esclerose lateral amiotrófica (ELA), onde o estresse oxidativo e a disfunção mitocondrial desempenham papéis centrais na progressão da doença.

Potenciais Benefícios da PQQ na ELA

Embora a pesquisa sobre o uso da PQQ especificamente na ELA seja limitada, suas propriedades biológicas podem oferecer importantes implicações na proteção dos neurônios motores e no desaceleramento da progressão da doença. A seguir, detalhamos algumas das maneiras pelas quais a PQQ pode ser benéfica na ELA:

  1. Redução do Estresse Oxidativo
    Na ELA, o acúmulo de radicais livres e espécies reativas de oxigênio (ROS) contribui para a morte dos neurônios motores. A PQQ é um antioxidante potente, conhecido por neutralizar essas espécies reativas, reduzindo o dano oxidativo às células nervosas e promovendo a sobrevivência celular.

  2. Proteção Mitocondrial
    As mitocôndrias, responsáveis pela produção de energia nas células, são afetadas na ELA, resultando em produção insuficiente de energia e aumento do estresse oxidativo. A PQQ pode proteger as mitocôndrias existentes e incentivar a criação de novas mitocôndrias, melhorando a eficiência energética das células neurais. Isso é especialmente relevante na ELA, onde a disfunção mitocondrial contribui para a degeneração dos neurônios motores.

  3. Efeitos Neuroprotetores
    A PQQ tem o potencial de ativar vias de sinalização celular que protegem contra a morte celular, incluindo a ativação da proteína Nrf2. Esta proteína regula a resposta antioxidante e ajuda a combater o estresse celular, o que pode ser benéfico para os neurônios motores, que enfrentam altos níveis de estresse oxidativo e inflamação na ELA.

  4. Redução da Inflamação e Neurodegeneração
    A inflamação crônica é um fator importante na progressão da ELA, contribuindo para a degeneração dos neurônios motores. A PQQ pode reduzir processos inflamatórios no sistema nervoso, o que poderia resultar em efeitos protetores para os neurônios motores e retardar o avanço da doença.

Doses Usuais de PQQ

As dosagens de PQQ em estudos humanos e na prática de suplementação variam entre 10 mg e 40 mg por dia. Doses mais comuns para suportar a saúde mitocondrial e funções neuroprotetoras estão na faixa de 20 mg a 40 mg diários. A seguir, um resumo das doses recomendadas:

  • 10 mg a 20 mg: Dose comum para suporte antioxidante geral e biogênese mitocondrial.

  • 20 mg a 40 mg: Doses mais altas são usadas para condições que exigem um suporte antioxidante mais intenso ou proteção neuroprotetora. Estas doses devem ser monitoradas para evitar possíveis efeitos colaterais.

Embora a PQQ seja geralmente considerada segura e bem tolerada em doses típicas, doses acima de 60 mg podem causar efeitos como insônia ou problemas gastrointestinais em algumas pessoas. Como sempre, é importante monitorar a resposta individual ao suplemento.

Uso de PQQ em Combinação com Outros Suplementos

A PQQ é frequentemente combinada com outros suplementos que apoiam a função mitocondrial, como a Coenzima Q10 (CoQ10). Essa combinação pode ser sinérgica, pois ambos os compostos melhoram a função mitocondrial, o que pode ser útil para pacientes com ELA.

Considerações Finais

Embora a PQQ apresente benefícios teóricos para pacientes com ELA devido às suas propriedades antioxidantes e sua capacidade de estimular a biogênese mitocondrial, seu uso deve ser considerado com cautela, principalmente devido à falta de estudos clínicos específicos para a ELA.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

USO DO NMN NA ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA

O NMN (Nicotinamida Mononucleotídeo) é um composto precursor da NAD+ (Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo), uma molécula essencial para a produção de energia celular e para vários processos metabólicos, como a reparação do DNA e a proteção contra o estresse oxidativo. O interesse pelo NMN cresceu recentemente, pois estudos sugerem que ele pode desempenhar um papel na longevidade celular e na proteção contra doenças neurodegenerativas, incluindo a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA).

Relação entre NMN e ELA

Na ELA, os neurônios motores degeneram progressivamente, levando à perda de controle muscular. A redução dos níveis de NAD+ com o envelhecimento e nas condições neurodegenerativas pode contribuir para essa degeneração. Assim, o NMN tem sido investigado por sua capacidade de aumentar os níveis de NAD+ e, potencialmente, oferecer suporte na preservação das funções neuronais.

Potenciais Benefícios do NMN na ELA

1. Aumento dos níveis de NAD+: A suplementação com NMN pode aumentar a disponibilidade de NAD+, o que pode ajudar a melhorar a função mitocondrial, essencial para a sobrevivência das células nervosas.

2. Proteção contra estresse oxidativo: O NAD+ é importante para a função de enzimas que protegem as células do estresse oxidativo, um dos fatores que contribuem para a morte dos neurônios motores na ELA.

3. Reparação do DNA: O NMN, ao aumentar os níveis de NAD+, também pode apoiar a reparação do DNA, o que é crucial em doenças neurodegenerativas, onde o acúmulo de danos ao DNA é frequente.

4. Redução da inflamação: O NAD+ também está envolvido na regulação da inflamação, que é uma parte do processo patológico na ELA. Portanto, o NMN poderia teoricamente ajudar a moderar a resposta inflamatória que agrava a degeneração neuronal.

Estado Atual da Pesquisa

Embora os efeitos do NMN em modelos animais de doenças neurodegenerativas, como a ELA, tenham mostrado algum potencial, a pesquisa clínica em humanos ainda está em fases iniciais. Não há consenso científico sobre o uso do NMN especificamente para o tratamento da ELA, e mais estudos são necessários para entender seu real impacto, dosagem apropriada e possíveis efeitos colaterais (Lundt et al., 2024).

Embora o NMN seja considerado seguro em doses usadas em estudos com humanos, sua eficácia em doenças como a ELA ainda não está claramente estabelecida. A dose ideal pode variar, especialmente em condições graves como a ELA.

Enquanto o NMN é promissor no campo do envelhecimento e de doenças associadas à neurodegeneração, seu papel no manejo da ELA ainda requer mais evidências.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Berberina na esclerose lateral amiotrófica

A assinatura patológica em inúmeras doenças neurodegenerativas é o acúmulo de agregados de proteínas intracelulares ou extracelulares compostos de fibrilas amiloides, como placas senis e emaranhados neurofibrilares compostos de β-amiloide, proteína tau associada a microtúbulos na doença de Alzheimer (DA) e corpos de Lewy compostos de α-sinucleína na doença de Parkinson (DP). Recentemente, a proteína nuclear de 43 kDa TAR DNA-binding protein (TDP-43) foi identificada como um componente principal das proteínas agregadas de UBIs na degeneração lobar frontotemporal esporádica e familiar com inclusões ubiquitinadas (FTLD-U), bem como na esclerose lateral amiotrófica esporádica (ELA).

TDP-43 é uma proteína nuclear de 414 aminoácidos codificada pelo gene TARDBP no cromossomo 1p36.2 e desempenha papéis importantes na regulação genética em níveis de transcrição de RNA envolvendo repressão transcricional e splicing alternativo. Em cerca de 95% dos casos de ELA, as inclusões UBI(+) são predominantemente compostas de TDP-43. A proteína de ligação ao DNA TAR patológica é anormalmente hiperfosforilada, ubiquitinada e clivada em fragmentos C-terminais para formar agregados citosólicos nas regiões do sistema nervoso central, incluindo hipocampo, córtex frontal, córtex temporal e neurônio motor da medula espinhal (Chang et al., 2016).

O acúmulo de TDP-43 dentro dos agregados insolúveis Ub-positivos implica que a regulação incorreta do metabolismo de TDP-43, incluindo as vias Ub-proteassoma e autofagia, desempenha um papel causal na patogênese. De fato, vários genes UPS e relacionados à autofagia são regulados incorretamente nas amostras do córtex frontal de pacientes com FTLD-TDP.

A indução de autofagia é um alvo terapêutico potencial para acelerar a remoção de proteínas propensas à agregação. A maioria das proteínas mal dobradas/agregadas são degradadas principalmente pela via autofagia-lisossomal, que é regulada negativamente pela ativação da via quinase alvo mamífero da rapamicina (mTOR).

O ativador da autofagia rapamicina é considerado um medicamento terapêutico potencial na patogênese relacionada ao TDP-43 mas sua citotoxicidade resultou em falhas patológicas observadas no estudo do modelo de ELA.

Existem ativadores naturais da autofagia por meio da inibição das vias de sinalização mTOR, incluindo curcumina do açafrão, EGCG do chá verde, quercetina (maçã, acerola, trigo sarraceno), ácido alfa lipoico (cenura, beterraba, espinafre, brócolis), DIM (brássicas), ácido ursólico (uvas, manjericão, alecrim, tomilho, orégano, sálvia), ácido elágico (framboesas, morangos, nozes, uvas, tomate, mirtilo, romã), ômega-3 (peixes, linhaça, chia), berberina (curcuma, felodendro, arbusto Berberis vulgaris), NAC (soja, quinoa), hidroxitirosol (azeite), fisetina, apigenina, restrição calórica e dieta cetogênica.

A berberina, por exemplo, pode aumentar as taxas de degradação e diminuir a formação de agregados de fragmentos truncados de TDP-43 por meio da ativação da função autofágica em células modelo de cultura lular, sugerindo que a berberina tem efeitos neuroprotetores potenciais em doenças neurodegenerativas com proteinopatias TDP-43.

A berberina também possui propriedades antioxidantes, reduzindo a geração de H2O2 que causaria estresse oxidativo e danos mediados por espécies reativas de oxigênio (ROS). A atividade da MAO-B e ROS neutralizada pela berberina tem efeitos positivos no combate aos danos pró-apoptóticos em inúmeras doenças neurodegenerativas. Além disso, a berberina também atenua a neurotoxicidade induzida por peróxido de hidrogênio por meio da regulação positiva do fator nuclear eritroide 2 (Nrf2), proteína semelhante ao glucagon 1 (GLP-1), bem como da fosforilação da proteína quinase B (AKT) e da proteína de ligação ao elemento de resposta ao monofosfato de adenosina cíclico (CREB).

O GLP-1 desempenha um papel na preservação de neurônios dopaminérgicos e o CREB fosforilado é essencial para que os neurônios sobrevivam aos danos. Contudo, foi relatado que doses altas 5–15 mg/kg de berberina diminuiria o número de neurônios dopaminérgicos na substância negra e no estriado, sugerindo seu efeito tóxico na perturbação das funções motoras e cognitivas. Além disso, a berberina inibiria a síntese de dopamina e aumentaria a neurotoxicidade da 6-hidroxidopamina, pelo menos no sistema de cultura de células. Recentemente, descobriu-se que a berberina causa toxicidade dependente de mitocôndrias e sensibiliza os neurônios à excitotoxicidade do glutamato em neurônios primários cultivados.

Assim, o uso deve ser em doses baixas (menos que 5mg/kg) e provavelmente rodiada com outros suplementos e alimentos. Em caso de dúvidas, marque sua consulta de nutrição online.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/