Evidências crescentes vinculam fatores de estilo de vida ao início e à progressão da demência, incluindo doença de Alzheimer. Isso inclui dietas pouco saudáveis, sedentarismo, estresse emocional e isolamento social.
Existem 12 fatores de risco potencialmente modificáveis que, juntos, respondem por cerca de 40% da carga global da demência. Muitos desses fatores (por exemplo, hipertensão, tabagismo, depressão, diabetes tipo 2, obesidade, inatividade física e isolamento social) também são fatores de risco para doença cardíaca coronária e outras doenças crônicas. Isso inclui inflamação crônica, estresse oxidativo, resistência à insulina, encurtamento de telômeros, hiperatividade do sistema nervoso simpático e outros. Um estudo recente relatou que a associação do estilo de vida com a cognição é principalmente independente da patologia cerebral, embora uma parte, estimada em apenas 12%, tenha sido por meio do β-amiloide.
O risco de desenvolver doença de Alzheimer reduz em até 38% menor naqueles que consomem grandes quantidades de vegetais em comparação a pequenas quantidades e 60% menor naqueles que consumiam ácidos graxos ômega-3 pelo menos uma vez por semana, enquanto o consumo de gordura saturada e gorduras trans mais que dobra o risco de desenvolver demência.
Estudos com intervenção com dieta, atividade física, treinamento cognitivo e monitoramento de risco vascular manteve a função cognitiva após 2 anos em adultos mais velhos com risco aumentado de demência. Após 24 meses, a cognição global no grupo de intervenção foi 25% maior do que no grupo de controle, que declinou, independentemente de vários fatores de risco demográficos e socioeconômicos e do status da apolipoproteína E (APOE) ε4.
Em 2024 foram divulgados os resultados de um ensaio clínico randomizado para determinar se a progressão do declínio cognitivo leve ou demência precoce devido à doença de Alzheimer pode ser retardada, interrompida ou talvez até mesmo revertida por uma intervenção abrangente, multimodal e intensiva no estilo de vida após 20 semanas, quando comparada aos cuidados usuais. A intervenção de estilo de vida incluiu (1) uma dieta baseada em vegetais minimamente processados e integrais, com baixo teor de gorduras prejudiciais e baixo teor de carboidratos refinados e adoçantes com suplementos selecionados; (2) exercícios moderados; (3) técnicas de gerenciamento de estresse; e (4) grupos de apoio (Ornish et al., 2024).
Participaram do estudo 49 pacientes. Todos tinham razões plasmáticas Aβ42/40 < 0,089 (todos eram < 0,0672), apoiando fortemente o diagnóstico da doença de Alzheimer.
Cada paciente recebeu uma cópia do livro Unlimited memory que descreve exercícios para melhoria da memória que eram feitos nas sessões presenciais com o grupo de apoio. Também receberam uma cópia do livro UnDo it!, do Dr. Ornish (traduzido em português como Reverta!), que descreve intervenções de estilo de vida para prevenção e tratamento de doenças crônicas. Em encontros online os participantes recebiam instruções de atividade física, manejo do estresse e outras orientações sobre dieta e estilo de vida.
A dieta era rica em vegetais minimamente processados (vegana), em carboidratos complexos (predominantemente frutas, vegetais, grãos integrais, legumes, produtos de soja, sementes e nozes) e especialmente baixa em gorduras prejudiciais, adoçantes e carboidratos refinados. A distribuição de macronutrientes era cerca de 14-18% de calorias como gordura total, 16-18% de proteína e 63-68% principalmente carboidratos complexos. As calorias não eram restritas. Aqueles com maiores necessidades calóricas recebiam porções extras.
Atividade física aeróbia (como caminhada) deveria ser feita por pelo menos 30 minutos/dia e treinamento de força apropriado para cada faixa etária pelo menos três vezes por semana. A atividade física era complementada com meditação, posturas suaves baseadas em yoga online, alongamento, relaxamento progressivo, exercícios respiratórios por um total de uma hora por dia.
Para garantir a alta adesão e padronização necessárias para testar adequadamente a hipótese, 21 refeições/semana e lanches mais os suplementos diários foram fornecidos ao longo das 40 semanas desta intervenção para cada participante do estudo e seu cônjuge ou parceiro de estudo sem nenhum custo para eles.
Suplementação recomendada no estudo, com sugestões
Ácidos graxos ômega-3 com curcumina (1680 mg ômega-3 e 800 mg de curcumina, Nordic Naturals ProOmega CRP, 4 cápsulas/dia). Pessoas com 65 anos ou mais que consomem ácidos graxos ômega-3 uma vez/semana ou mais tem um risco 60% menor de desenvolver doença de Alzheimer.
Curcumina (800mg) - tem como alvo as vias inflamatórias e antioxidantes, bem como a redução da agregação amiloide.
Brasil - manipular curcumina biodisponível, como CurcuMicel
EUA - o produto com ômega-3 da nordic já possui curcumina. Se comprar ômega-3 sem curcumina use 2 cápsulas de Curcubrain (longvida curcumin)
Europa - Longvida curcumin
Multivitamínico e minerais sem ferro e rico em fitoquímicos, 1 comprimido/dia). Formulações combinatórias demonstram melhora no desempenho cognitivo e nas dificuldades comportamentais que acompanham a DA [27].
Coenzima Q10 (200 mg) - Pode reduzir o comprometimento mitocondrial na doença de Alzheimer.
Vitamina C (1.000 mg): Manter níveis saudáveis de vitamina C pode ter uma função protetora contra o declínio cognitivo relacionado à idade e DA [29].
Vitamina B12 (500 mcg): A hipovitaminose de B12 está ligada ao desenvolvimento da patologia da DA [30].
Brasil - manipular metilcobalamina
EUA - Solgar, 1 comprimido de 500 mcg
Europa - Solgar, 1 comprimido de 500 mcg
Hericium erinaceus (2 gramas/dia): A juba de leão pode produzir melhorias significativas na cognição e função em pessoas saudáveis com mais de 50 anos e em pacientes com declínio cognitivo leve em comparação com placebo.
Probiótico (Flora, 1 comprimido/dia). Uma meta-análise sugere que os probióticos podem beneficiar pacientes com DA.