Alterações da microbiota em adultos com estresse

A microbiota é um elo importante relacionado à digestão e absorção de nutrientes, mas também apresenta um impacto significativo no desenvolvimento de transtornos psiquiátricos, especialmente aqueles relacionados ao relaxamento do estresse e ao aumento da ansiedade.

Apesar dos numerosos estudos sobre a comunicação do eixo intestino-cérebro, os mecanismos exatos de ação desta via ainda não são totalmente compreendidos. Muitas análises mostram que existe uma influência significativa da microbiota intestinal na regulação da função cerebral e do sistema nervoso. Um aspecto importante neste campo de pesquisa é o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, que faz parte da resposta do corpo ao estresse fisiológico e físico.

Mudanças na dieta humana, incluindo padrões alimentares, hábitos e processamento de alimentos, influenciaram muito a saúde intestinal. Além disso, a vida moderna e o seu impacto no microbioma intestinal também provocaram mudanças fundamentais no espectro das doenças humanas, mudando o foco das doenças infecciosas tradicionais para doenças mentais cada vez mais frequentes, como a depressão. Garantir uma dieta saudável e manter o funcionamento ideal do intestino são fundamentais para o bem-estar mental, dada a forte correlação entre a saúde intestinal e o estado mental.

A integração dos probióticos no consumo diário surge como um aspecto crucial desta estratégia moderna, uma vez que podem apoiar o equilíbrio microbiano intestinal e desempenhar um papel no tratamento de doenças mentais, particularmente holístico nos casos em que as terapias convencionais se revelam ineficazes.

Um estudo publicado em 2023 mostrou que uma dieta rica em fibras prebióticas presentes em grãos integrais, frutas, legumes, leguminosas) e probióticos (alimentos fermentados, como chucrute, kefir, kombucha) e pobre em alimentos não saudáveis (como doces, fast food, bebidas açucaradas e com adoçantes) reduz o estresse percebido em adultos.

Em outro estudo, 73 soldados receberam três refeições por dia, com ou sem suplementos à base de proteínas ou carboidratos, durante uma marcha de esqui cross-country de 4 dias (situação de estresse). A permeabilidade intestinal foi medida antes e durante a atividade estressante. Amostras de sangue e fezes foram coletadas antes e depois para medir a inflamação, as mudanças na microbiota das fezes e os perfis globais de metabólitos das fezes e do plasma.

A permeabilidade intestinal aumentou 62 ± 57% (média ± DP, P < 0,001) durante o período de estresse independente do grupo de dieta e foi associada ao aumento da inflamação. As respostas da microbiota intestinal foram caracterizadas por aumento da α diversidade e mudanças na abundância relativa de > 50% dos gêneros identificados, incluindo aumento da abundância de táxons menos dominantes em detrimento de táxons mais dominantes, como Bacteroides.

As alterações na composição da microbiota intestinal foram associadas a 23% dos metabólitos que foram significativamente alterados nas fezes após o período de estresse. Juntas, a abundância relativa de Actinobactérias pré-estresse e as alterações nas concentrações séricas de IL-6 e cisteína nas fezes foram responsáveis ​​por 84% da variabilidade na alteração na permeabilidade intestinal.

Os resultados demonstram que um ambiente de treinamento militar com múltiplos estressores induziu aumentos na permeabilidade intestinal que foram associados a alterações nos marcadores de inflamação e à composição e metabolismo da microbiota intestinal. Assim, estresse afeta microbiota e microbiota afeta estresse. Estratégias integrativas devem ser pensadas para melhoria da qualidade de vida física e mental dos pacientes saudáveis e, principalmente daqueles com diagnósticos psiquiátricos.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Psicobióticos nos transtornos de humor

A microbiota é um elo importante relacionado à digestão e absorção de nutrientes, mas também apresenta um impacto significativo no desenvolvimento de transtornos psiquiátricos, especialmente aqueles relacionados ao relaxamento do estresse e ao aumento da ansiedade.

Apesar dos numerosos estudos sobre a comunicação do eixo-intestino-cérebro, os mecanismos exatos de ação desta via ainda não são totalmente compreendidos. Muitas análises mostram que existe uma influência significativa da microbiota intestinal na regulação da função cerebral e do sistema nervoso. Os mecanismos envolvidos na análise da importância dos microrganismos e dos seus metabólitos, que podem ter um impacto significativo na fisiologia cerebral e na função do sistema nervoso, estão atualmente a ser estudados. Um aspecto importante neste campo de pesquisa é o eixo hipolátamo-hipófise-adrenal (HPA), que faz parte da resposta do corpo ao estresse fisiológico e físico.

Mudanças na dieta humana, incluindo padrões alimentares, hábitos e processamento de alimentos, influenciaram muito a saúde intestinal. Além disso, a vida moderna e o seu impacto no microbioma intestinal também provocaram mudanças fundamentais no espectro das doenças humanas, mudando o foco das doenças infecciosas tradicionais para doenças mentais cada vez mais frequentes, como a depressão.

Garantir uma dieta saudável e manter o funcionamento ideal do intestino são fundamentais para o bem-estar mental, dada a forte correlação entre a saúde intestinal e o estado mental. No contexto das perturbações psiquiátricas, especialmente entre os pacientes resistentes ao tratamento, há um interesse crescente numa abordagem holística que reconheça o impacto da microbiota intestinal na saúde mental. A integração dos probióticos no consumo diário surge como um aspecto crucial desta estratégia moderna, uma vez que podem apoiar o equilíbrio microbiano intestinal e desempenhar um papel no tratamento de doenças mentais, particularmente holístico nos casos em que as terapias convencionais se revelam ineficazes. Assim, os psicobióticos (probióticos com ação cerebral) podem servir como terapia complementar para o tratamento dos transtornos de humor.

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Modulação da microbiota intestinal (curso online): https://bit.ly/disbiose-2024

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Ácidos Graxos de Cadeia Curta: Alicerces para uma Saúde Intestinal

Os Ácidos Graxos de Cadeia Curta (AGCC) são compostos orgânicos, mais precisamente ácidos graxos, formados por uma cadeia curta de carbonos (geralmente entre 4 e 6 átomos). São produzidos no intestino grosso a partir da fermentação de fibras alimentares pelas bactérias benéficas presentes em nossa microbiota intestinal.

Quais são os principais AGCC?

Os AGCC mais estudados e com maior impacto na saúde são:

  • Butirato: É o principal combustível das células do cólon, desempenhando um papel crucial na manutenção da integridade da mucosa intestinal.

  • Propionato: Está envolvido na regulação do metabolismo de glicose e lipídios, além de ter efeitos no sistema nervoso central.

  • Acetato: É o AGCC mais abundante e desempenha diversas funções, como a regulação do apetite e a produção de hormônios.

Por que os AGCC são importantes para a saúde?

Os AGCC exercem uma série de benefícios para a saúde, incluindo:

  • Saúde intestinal: Fortalecimento da barreira intestinal, prevenção de inflamações e redução do risco de doenças inflamatórias intestinais.

  • Metabolismo: Regulação do metabolismo de glicose e lipídios, contribuindo para o controle do peso e redução do risco de doenças metabólicas.

  • Sistema imunológico: Modulação da resposta imune, reduzindo a inflamação sistêmica e protegendo contra doenças autoimunes.

  • Saúde cerebral: Influência na função cognitiva e no comportamento, podendo ter um papel na prevenção de doenças neurodegenerativas.

Como aumentar a produção de AGCC?

Para aumentar a produção de AGCC, é fundamental consumir uma dieta rica em fibras, como:

  • Frutas e legumes: Maçã, banana, abacate, brócolis, espinafre.

  • Grãos integrais: Arroz integral, aveia, quinoa, pão integral.

  • Leguminosas: Feijão, lentilha, grão de bico.

  • Sementes: Linhaça, chia, gergelim.

Mais sobre o butirato

Os AGCC ligam-se a receptores GPR43 e GPR41 espalhados por todo o trato digestório, em adipócitos e no nervo vago. Acabam tendo um impacto no humor, melhorando a depressão. O principal AGCC responsável por este efeito é o butirato.

Butirato (da palavra grega antiga para "manteiga") é um ácido graxo de cadeia curta (SCFA) que ocorre naturalmente na manteiga e em outros alimentos e também é produzido por micróbios no intestino. No intestino, o butirato é a fonte de combustível preferida para os colonócitos, as células semelhantes à pele que revestem o cólon.

O butirato participa de uma ampla gama de vias metabólicas no corpo. Consequentemente, baixas concentrações de butirato no sangue, cólon, fígado e cérebro foram identificadas em diversas doenças. Geralmente, o aumento dos níveis de butirato demonstrou ter efeitos benéficos na saúde. Mais especificamente, a pesquisa apóia o papel do butirato no seguinte:

  • Permeabilidade intestinal reduzida (isto é, intestino permeável) – Maiores níveis de oxidação de butirato no intestino foram associados a menor permeabilidade colônica na colite ulcerativa.

  • Aumento da neurogênese – O butirato aumenta a neurogênese diretamente.

  • Tolerância à glicose melhorada – A microbiota de pessoas com diabetes tipo dois se afasta das espécies produtoras de butirato.

  • Inflamação reduzida – O butirato promove a maturação das células T reguladoras.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/