Intestino saudável e a produção de corpos cetônicos

O Beta-hidroxibutirato (BHB) é um corpo cetônico produzido no corpo a partir de butirato, gorduras dietéticas, gordura corporal ou aminoácidos cetogênicos. Durante períodos de baixa disponibilidade de glicose (como jejum, exercício físico ou dieta cetogênica), as cetonas, incluindo o BHB, tornam-se a principal fonte de energia para as células, especialmente no cérebro, fígado, coração e músculos.

Estratégias para Aumentar o BHB e o Butirato

O beta-hidroxibutirato (BHB) possui 4 átomos de carbono, assim como o butirato, que é um ácido graxo de cadeia curta produzido no intestino. A principal diferença entre os dois compostos está na estrutura química e no seu papel no metabolismo:

  1. Beta-hidroxibutirato (BHB):

    • Fórmula química: C4H8O3

    • O BHB é um corpo cetônico, gerado no fígado a partir da quebra de ácidos graxos, especialmente em situações de baixo carboidrato, jejum ou dietas cetogênicas. Sua estrutura contém um grupo hidroxila (–OH) no carbono beta da cadeia, o que o torna um álcool.

  2. Butirato:

    • Fórmula química: C4H8O2

    • O butirato é um ácido graxo de cadeia curta produzido principalmente pela microbiota intestinal. Ele é um produto da fermentação de fibras alimentares no intestino, especialmente pelas bactérias produtoras de butirato, e pode ser convertido em cetonas no fígado, como o BHB, em condições de jejum ou dieta cetogênica.

Diversas práticas e intervenções dietéticas têm mostrado potencial para aumentar a produção de BHB (corpo cetônico):

  1. Ácidos Graxos Ômega-3: O consumo de ômega-3 aumenta a concentração de bactérias produtoras de butirato no intestino.

  2. Exercícios Aeróbicos: O treinamento físico tem demonstrado aumentar a quantidade de bactérias produtoras de butirato, promovendo maior produção desse composto.

  3. Restrição de Tempo Alimentar: Dietas com restrição de tempo remodelam a microbiota intestinal e aumentam a produção de butirato, especialmente de famílias bacterianas como Lachnospiraceae.

  4. Suplementação com Dieta Cetogênica: Uma barra de refeição com alto teor de gordura e baixo carboidrato pode ampliar os benefícios cetogênicos e aumentar as concentrações séricas de BHB.

  5. Exercício de Resistência: Embora o treinamento de força não tenha esse efeito, exercícios de resistência aumentam o BHB nos músculos, melhorando o crescimento muscular e a função cognitiva, especialmente em camundongos idosos.

  6. Cetonas exógenas: Suplementos de cetona exógena podem aumentar rapidamente os níveis de BHB, mas têm um sabor e cheiro desagradáveis para muitas pessoas. Uma alternativa é consumir triglicerídeos de cadeia média (MCTs), especialmente C8 que também aumentam os níveis de BHB de forma dependente da dose.

Pesquisa sobre o Papel do Butirato na Saúde

A pesquisa atual investiga como o butirato (ácido graxo de cadeia curta) pode influenciar a saúde, com destaque para:

  • Treinamento Físico e Microbioma Intestinal: O exercício aumenta a produção de butirato, o que pode reduzir o risco de doenças crônicas. Estudos indicam que, após seis semanas de exercícios de resistência, houve aumento significativo nas bactérias produtoras de butirato em indivíduos com IMC saudável.

  • Envelhecimento Cerebral e Butirato: Estudos mostram que a alteração da microbiota intestinal pode alterar a trajetória do envelhecimento cerebral. Camundongos que receberam microbiota intestinal de camundongos mais velhos apresentaram maior neurogênese no hipocampo, e o butirato foi associado ao aumento de fatores de crescimento e sinalização da longevidade.

Embora o butirato C4 (produzido no intestino) possa ser convertido em acetil-CoA no fígado, o processo de conversão e a produção de corpos cetônicos a partir do butirato não são tão eficientes quanto a cetogênese tradicional derivada de ácidos graxos. Embora a via do butirato para os corpos cetônicos seja menos direta, ela pode contribuir em condições de jejum ou dieta cetogênica.

Conclusão

O BHB e o butirato desempenham papéis importantes no metabolismo energético, e estratégias como dieta cetogênica, exercício físico e suplementação com MCTs podem ajudar a aumentar sua produção. A pesquisa continua explorando como essas cetonas influenciam a saúde intestinal, o envelhecimento cerebral e o metabolismo geral, oferecendo novas perspectivas para otimizar a saúde por meio da alimentação e estilo de vida.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Cansaço físico e fadiga mental constantes? Reduza sua carga alostática

Muitos dos meus pacientes chegam ao consultório após entrarem em Burnout. A Síndrome de Burnout, é um estado de exaustão física, emocional e mental intenso, geralmente causado por estresse crônico relacionado ao trabalho. É como se a pessoa "queimasse" por dentro, perdendo a energia e a motivação para realizar suas tarefas.

Quais são os principais sintomas do burnout?

  • Exaustão: Cansaço constante, mesmo após dormir o suficiente.

  • Cintilamento: Sensação de estar emocionalmente vazio e distante das pessoas.

  • Redução do desempenho: Dificuldade em se concentrar, tomar decisões e cumprir prazos.

  • Aumento da irritabilidade: Reações exageradas a situações do dia a dia.

  • Problemas físicos: Maior frequência de dores de cabeça, dores nas costas, problemas gastrointestinais e distúrbios do sono.

  • Sentimentos de fracasso: Crença de não ser capaz de realizar as tarefas.

  • Isolamento social: Tendência a evitar contato com outras pessoas.

Como prevenir e tratar o burnout?

A redução da carga alostática é fundamental para a recuperação. A carga alostática é um conceito fundamental para entendermos os impactos do estresse crônico na saúde. Imagine seu corpo como um carro: quando você acelera e freia constantemente, desgasta as peças mais rápido. A carga alostática é esse desgaste causado pela ativação frequente dos sistemas do corpo em resposta a estressores.

Em termos mais técnicos, a carga alostática representa a ativação repetida e prolongada dos sistemas neuroendócrino, imunológico, metabólico e cardiovascular. Essa ativação constante gera um desequilíbrio homeostático, ou seja, o corpo não consegue mais manter seu estado de equilíbrio interno.

Como a Carga Alostática Afeta a Saúde?

Uma alta carga alostática está associada a um risco aumentado de diversas doenças, como:

  • Doenças cardiovasculares: Hipertensão, infarto, derrame.

  • Doenças metabólicas: Diabetes, obesidade.

  • Doenças mentais: Depressão, ansiedade, TAB.

  • Doenças autoimunes: Lúpus, artrite reumatoide.

  • Doenças neurodegenerativas: Alzheimer, Parkinson.

Fatores que Contribuem para a Carga Alostática

  • Genética: Variações genéticas podem afetar a sensibilidade e a reatividade dos sistemas de resposta ao estresse do corpo, como o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA). Indivíduos com certas variantes genéticas podem ser mais propensos ao estresse crônico e à carga alostática elevada. Fatores genéticos também podem influenciar os processos metabólicos, afetando como o corpo regula a glicose, a insulina e outros hormônios. Enfim, a genética pode impactar o funcionamento do sistema imunológico, afetando sua capacidade de responder a estressores e manter o equilíbrio. A desregulação do sistema imunológico pode levar à inflamação crônica e ao aumento da carga alostática.

  • Estresse crônico: Trabalho excessivo, problemas financeiros, relacionamentos conflituosos.

  • Traumas: Abusos, perdas, catástrofes.

  • Inflamação crônica: Causada por doenças ou hábitos de vida não saudáveis.

  • Desordens do sono: Insônia, apneia do sono.

  • Fatores sociais: Discriminação, desigualdade social.

Como Reduzir a Carga Alostática?

Embora a carga alostática seja um processo complexo, existem estratégias para reduzir seus efeitos:

  • Gerenciamento do estresse: Pratique técnicas de relaxamento como meditação, yoga, respiração profunda. Estes treinamentos aumentam a capacidade de autoregulação em momentos desafiadores.

  • Sono de qualidade: Durma pelo menos 7-8 horas por noite.

  • Exercício físico regular: Pratique atividades que você gosta.

  • Atividades de relaxamento: Você desses que está sempre ligado, inclusive à noite e nos finais de semana? Separe o tempo de trabalho do tempo livre. Aprender a parar é fundamental.

  • Fortalecimento das relações sociais: Conecte-se com amigos e familiares que de fato te façam bem.

  • Terapia: Procure ajuda profissional para lidar com traumas e emoções difíceis. Um terapeuta pode ajudar a identificar e tratar as causas do burnout.

  • Alimentação saudável: Evitar alimentos ultraprocessados, corantes, conservantes, alérgenos é fundamental. Ter uma dieta e suplementação que forneçam os nutrientes adequados também.

  • Reduza o álcool e hidrate-se adequadamente: O álcool exerce efeitos negativos na micro e macroestrutura do cérebro. O consumo de álcool está associado a menor volume cerebral e menos conexões entre os neurônios. Não há consumo seguro de álcool. Além disso, a desidratação impacta muito negativamente o cérebro. Levante-se e vá beber uma água!

CONSULTAS DE NUTRIÇÃO ONLINE

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

A hipótese da sobrecarga metabólica: hiperglicólise e glutaminólise na mania bipolar

Evidências de diversas áreas de pesquisa, incluindo cronobiologia, metabolômica e espectroscopia de ressonância magnética, indicam que a desregulação energética é uma característica central da fisiopatologia do transtorno bipolar.

Pesquisas mostram que a mania pode representar uma condição de metabolismo energético cerebral aumentado, facilitado pela hiperglicólise e glutaminólise. Quando o metabolismo oxidativo da glicose fica prejudicado no cérebro, os neurônios podem utilizar o glutamato como substrato alternativo para gerar energia através da fosforilação oxidativa.

A glicólise nos astrócitos alimenta a formação de glutamato denovo, que pode ser usado como fonte de combustível mitocondrial em neurônios via transaminação para alfa-cetoglutarato e subsequente carboxilação redutiva para reabastecer os intermediários do ciclo do ácido tricarboxílico. A regulação positiva da glicólise e da glutaminólise dessa maneira faz com que o cérebro entre em um estado de metabolismo intensificado e atividade excitatória que pode estar por trás dos episódios de mania.

Campbell, & Campbell, 2024. https://doi.org/10.1038/s41380-024-02431-w

Em condições normais, este mecanismo desempenha uma função adaptativa para regular positivamente o metabolismo cerebral em resposta à demanda aguda de energia. No entanto, quando recrutado a longo prazo para neutralizar o metabolismo oxidativo prejudicado, pode tornar-se um processo patológico.

A causa exata do metabolismo desregulado da glicose no bipolar não é conhecida, no entanto, a disfunção endocrinológica, como a hiperinsulinemia, pode aplicar uma carga alostática que inicia e/ou acelera o curso da doença naqueles que são geneticamente suscetíveis. Por exemplo, pessoas com diabetes tipo 2 ou resistência à insulina têm probabilidades três vezes maiores de desenvolver uma doença crónica em comparação com aquelas com glicemia normal.

O que é carga alostática?

A carga alostática é um conceito fundamental para entender os impactos do estresse crônico na saúde. Imagine seu corpo como um carro: quando você acelera e freia constantemente, desgasta as peças mais rápido. A carga alostática é esse desgaste causado pela ativação frequente dos sistemas do corpo em resposta a estressores.

Em termos mais técnicos, a carga alostática representa a ativação repetida e prolongada dos sistemas neuroendócrino, imunológico, metabólico e cardiovascular. Essa ativação constante gera um desequilíbrio homeostático, ou seja, o corpo não consegue mais manter seu estado de equilíbrio interno.

Como a Carga Alostática Afeta a Saúde?

Uma alta carga alostática está associada a um risco aumentado de diversas doenças, como:

  • Doenças cardiovasculares: Hipertensão, infarto, derrame.

  • Doenças metabólicas: Diabetes, obesidade.

  • Doenças mentais: Depressão, ansiedade, TAB.

  • Doenças autoimunes: Lúpus, artrite reumatoide.

  • Doenças neurodegenerativas: Alzheimer, Parkinson.

Fatores que Contribuem para a Carga Alostática

  • Genética: Variações genéticas podem afetar a sensibilidade e a reatividade dos sistemas de resposta ao estresse do corpo, como o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA). Indivíduos com certas variantes genéticas podem ser mais propensos ao estresse crônico e à carga alostática elevada. Fatores genéticos também podem influenciar os processos metabólicos, afetando como o corpo regula a glicose, a insulina e outros hormônios. Enfim, a genética pode impactar o funcionamento do sistema imunológico, afetando sua capacidade de responder a estressores e manter o equilíbrio. A desregulação do sistema imunológico pode levar à inflamação crônica e ao aumento da carga alostática.

  • Estresse crônico: Trabalho excessivo, problemas financeiros, relacionamentos conflituosos.

  • Traumas: Abusos, perdas, catástrofes.

  • Inflamação crônica: Causada por doenças ou hábitos de vida não saudáveis.

  • Desordens do sono: Insônia, apneia do sono.

  • Fatores sociais: Discriminação, desigualdade social.

Como Reduzir a Carga Alostática?

Embora a carga alostática seja um processo complexo, existem estratégias para reduzir seus efeitos:

  • Gerenciamento do estresse: Pratique técnicas de relaxamento como meditação, yoga, respiração profunda.

  • Sono de qualidade: Durma pelo menos 7-8 horas por noite.

  • Exercício físico regular: Pratique atividades que você gosta.

  • Fortalecimento das relações sociais: Conecte-se com amigos e familiares.

  • Terapia: Procure ajuda profissional para lidar com traumas e emoções difíceis.

  • Alimentação saudável: Evitar alimentos ultraprocessados, corantes, conservantes, alérgenos é fundamental. Ter uma dieta e suplementação que forneçam os nutrientes adequados também. Estudos também mostram que a dieta cetogênica seria uma alternativa para a correção da desregulação energética cerebral.

Os corpos cetônicos podem ser utilizados como uma fonte alternativa de combustível neuronal à glicose, que contorna a glicólise. Agem de maneira semelhante ao glutamato, fornecendo um substrato energético alternativo para a fosforilação oxidativa. No entanto, os corpos cetônicos não dependem da regulação positiva da glicólise e, em contraste com as propriedades excitatórias do glutamato, podem promover níveis mais elevados do neurotransmissor inibitório GABA, relaxando o cérebro.

Essas características distintas dos corpos cetônicos permitem restaurar a fosforilação oxidativa quando o metabolismo da glicose está prejudicado, sem a necessidade de induzir hiperglicólise ou altos níveis de glutamato e atividade excitotóxica no cérebro. A cetose também ajuda a reduzir os níveis de glutamato no cérebro. O beta-hidroxibutirato reduz os níveis de glutamato e atua como um inibidor de glutamato nos receptores NMDA. As cetonas podem, portanto, atuar na prevenção de episódios maníacos, eliminando a necessidade de utilização do glutamato como substrato energético alternativo quando o metabolismo oxidativo normal da glicose está prejudicado.

Aprenda mais em https://t21.video

Consultas de nutrição online

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/