Rastreamento de dificuldades alimentares na Síndrome de Down (T21)

Dificuldades alimentares são comuns entre bebês, crianças e adolescentes com síndrome de Down (SD) e podem resultar em desnutrição protéico-calórica ou ingestão inadequada de líquidos. Podem exigir aumento de calorias, modificação de consistência ou textura dos alimentos, métodos alternativos de alimentação (incluindo sondas ou gastrostomia), para alcançar ganho de peso adequado com risco mínimo de aspiração.

As crianças mais velhas com SD podem continuar a ter dificuldades com texturas duras, alimentos que requerem maior mastigação, dificuldades sensoriais que afetam o consumo de alimentos como vegetais crus, frutas com casca ou carnes ou peixes cozidos menos processados.

Comportamentos inadequados na hora das refeições podem dificultar o controle do peso. Cuidadores de jovens com SD relatam alta frequência de seletividade alimentar, alimentação contínua na presença de alimentos, deglutição sem mastigação suficiente e ingestão (ou bebida) de grandes quantidades de alimentos (ou bebidas calóricas) em curtos períodos de tempo.

Comer grandes quantidades de alimentos em um curto período de tempo é um preditor de rápido ganho de peso e maior gordura corporal em crianças em idade pré-escolar. Os jovens com SD devem ter acesso precoce e contínuo a apoio para desenvolver e manter competências de mastigação funcional, preparação de alimentos e autoalimentação, com foco em alternativas menos processadas aos alimentos ultraprocessados.

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1) nutrição na T21

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Consulta de nutrição: andreiatorres.com/consultoria

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Questões da síndrome de Down (T21) que afetam o estado nutricional

- Hipotonia (baixo tônus muscular) pode dificultar a sucção, deglutição dificultando o aleitamento e a alimentação em diversas fases da vida. A #hipotonia também pode comprometer a prática de exercícios e esportes, resultando em menos atividade física. O baixo tônus ​​muscular pode resultar em diminuição do metabolismo com menores necessidades diárias de energia.

- Deficiência visual pode afetar a alimentação e a participação em esportes, contribuindo para ganho de peso. - Certas condições dentárias, incluindo atraso na erupção dentária e falta de dentes, podem dificultar a ingestão de alimentos saudáveis.

- O #hipotireoidismo inadequadamente controlado pode resultar em alterações no apetite e no peso, #fadiga e diminuição do desejo de praticar atividades físicas.

- Os distúrbios esofágicos podem levar à evitação de alimentos e resultar na diminuição da alimentação devido à incapacidade de engolir os alimentos facilmente.

- Obstrução intestinal, doença de #Hirschsprung, atresia duodenal congênita podem causar perda de apetite. Crianças com reparo cirúrgico prévio do trato intestinal, podem desenvolver uma complicação tardia chamada estenose intestinal, que pode diminuir a motilidade intestinal e, consequentemente, resultar na evitação alimentar.

- A doença celíaca mal controlada pode causar inflamação de células que revestem o trato intestinal, resultando em má absorção de nutrientes. A #doença celíaca mal controlada também pode causar alterações nos hábitos intestinais, incluindo aumento da frequência das evacuações e diarreia, o que pode causar perda de peso.

- As infecções pulmonares agudas podem causar sintomas sistêmicos, incluindo perda de #apetite e, quando graves, podem resultar em diminuição da capacidade de atividade física.

- A apneia do sono inadequadamente controlada pode resultar em fadiga diurna e diminuição do desejo de praticar atividades físicas. A apneia também pode resultar em um metabolismo mais lento, o que aumenta o risco de #obesidade na #SD.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Leaky gut e doença de Parkinson

A doença de Parkinson (DP) é a segunda doença neurodegenerativa mais comum, afetando 2–3% da população com mais de 65 anos. É considerada um distúrbio multissistêmico caracterizado por sintomas motores, como lentidão de movimentos (bradicinesia), rigidez, tremores e dificuldades de equilíbrio, bem como um amplo espectro de sintomas não motores, incluindo problemas gastrointestinais (GI), urogenitais, neuropsiquiátricos, de sono, e dor/distúrbios sensoriais. Infelizmente, ainda não há cura para a DP, e as deficiências físicas e cognitivas causadas por esta doença representam um grande fardo para os pacientes, cuidadores e sociedade.

Embora a causa exata da DP permaneça indefinida, avanços recentes sugeriram que interações complexas entre predisposições genéticas e exposição a fatores ambientais, como toxinas e agentes infecciosos, contribuem para a perda seletiva, mas generalizada, de neurônios em pessoas com DP.

A agregação de alfa-sinucleína (α-syn) no sistema nervoso é uma característica neuropatológica da DP. Desde a descoberta de depósitos de α-syn no sistema nervoso entérico (SNE) (plexos de Auerbach e Meissner) de pacientes com DP em 1988, tem havido evidências crescentes de que insultos que agem no intestino podem desencadear o dobramento incorreto e a agregação de α-syn em diversos tecidos.

Foi levantada a hipótese de um papel fundamental do sistema digestivo, que representa uma porta de entrada vulnerável para patógenos. A mucosa intestinal, que está a apenas alguns milímetros de distância das terminações nervosas entéricas, representa a maior área de superfície corporal exposta a antígenos do ambiente externo e abriga a maior densidade microbiana do corpo humano.

Estudos sobre o eixo intestino-cérebro sugerem cada vez mais um papel importante da microbiota intestinal na regulação da saúde e da doença através de uma intensa interação bidirecional de sinalização neuronal, imunológica e metabólica.

Patógenos intestinais e disbiose podem contribuir para estados inflamatórios periféricos ou desencadear efeitos metabólicos a jusante que exacerbam o processo neurodegenerativo na doença de Parkinson. Vários estudos pré-clínicos e clínicos demonstraram perturbação da permeabilidade intestinal, inflamação intestinal, alteração do microbioma intestinal e redução dos ácidos graxos de cadeia curta fecais na DP.

Neste sentido, as terapias dirigidas a micróbios, como os probióticos, estão a emergir como potenciais opções terapêuticas. Postula-se que a suplementação de probióticos confere uma variedade de benefícios à saúde devido às diversas funções desses microrganismos vivos, incluindo inibição da colonização de patógenos, modulação/“normalização” do microbioma e/ou sua função, efeitos imunomoduladores (por exemplo, redução da inflamação) e função melhorada da barreira epitelial do hospedeiro. Estudos em modelos animais de DP demonstraram os potenciais efeitos neuroprotetores dos probióticos na redução da degeneração neuronal dopaminérgica.

Notavelmente, dois ensaios randomizados controlados por placebo forneceram evidências de classe I para probióticos como tratamento para constipação na DP. No entanto, os efeitos dos probióticos sobre outros aspectos da DP, como a incapacidade motora e a função cognitiva, e a sua eficácia a longo prazo (incluindo os efeitos na absorção de medicamentos para a DP no intestino) não foram investigados adequadamente. Mais estudos direcionados em animais e humanos também são necessários para compreender os mecanismos de ação dos probióticos na DP e para adaptar a terapia probiótica com base nos perfis individuais do hospedeiro para melhorar os resultados dos pacientes neste transtorno incapacitante (Tan et al., 2021).

Estudos de sequenciamento do gene 16S rRNA mostraram abundâncias significativamente reduzidas de bactérias produtoras de butirato em amostras fecais de DP em comparação com controles. O butirato é um ácido graxo de cadeia curta, que atua como importante substrato energético para o epitélio do cólon, melhorando a função da barreira intestinal. É um inibidor da histona desacetilase (HDACi), exercendo ações neuroprotetoras em modelos experimentais de DP, incluindo pela redução do comprometimento motor da DP e da morte celular dopaminérgica.

Aprenda mais sobre o intestino e o cérebro em https://t21.video

O intestino também precisa ser muito bem cuidado na doença de Parkinson. Falei sobre o tema em artigo anterior.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/