10 benefícios da creatina e dosagem recomendada

A creatina é uma molécula que faz parte do sistema fosfagênico para a produção de energia (ATP) nas células. Este sistema é usado para gerar energia de forma rápida, por exemplo, fornecendo a energia necessária aos músculos durante levantamento de peso ou corrida. 

As principais fontes dietéticas são alimentos ricos em proteínas, incluindo carne, peixe e aves. Uma vez sintetizada ou ingerida, a creatina é transferida do plasma através da parede intestinal para outros tecidos por transportadores específicos de creatina localizados nos músculos esqueléticos, rins, coração, fígado e cérebro. Uma vez ingerida, a creatina atravessa a parede intestinal e chega a tecidos como músculos esqueléticos, rins, coração, fígado e cérebro.

Conforme envelhecemos, produzimos menos creatina. Além disso, quem nao consome ou ingere poucos alimentos de origem animal beneficia-se mais da suplementação. A forma mais estudada é a creatina monohidratada. Composta por 88% de creatina e 12% de água, ela pode ser encontrada no formato de pó solúvel em água. Seus benefícios incluem:

1)  Melhoria da saúde óssea. Os mecanismos são o aumento da ativdade das células osteoclásticas para formação óssea e redução da reabsorção óssea, melhorando a densidade óssea e prevenindo a osteopenia e osteoporose (Candow et al., 2022).

2) Fornecimento de energia para o cérebro de forma mais rápida. As células cerebrais também usam a creatina para reciclar ADP em ATP de forma mais rápida. Estudos mostram que a suplementação de creatina por 28 dias aumenta o conteúdo deste composto em 14,6% no cérebro. Estes aumentos na creatina cerebral podem traduzir-se em melhorias no comportamento e na cognição, particularmente sob condições estressantes. A creatina também ajuda a regular o humor, tratar a depressão leve, melhorar a memória e o foco, reduzir a fadiga mental (Candow et al., 2023).

3) Melhoria da recuperação após lesão, concussão, AVC. Os danos após lesão cerebral traumática (LCT) geram deficiências da função mitocondrial e aumento do estresse oxidativo, além de neuroinflamação acentuada. A creatina ajuda a melhorar a bionergética cerebral, reduzir lactato, aprimorar a função cerebrovascular e proteger o cérebro (Erdman, 2011).

4) Melhoria na qualidade do sono. Um estudo mostrou que homens jovens que receberam suplementos de creatina antes de experimentarem 36 horas de privação de sono tiveram melhor desempenho num teste de funcionamento executivo do que indivíduos não suplementados (McMorris et al., 2006).

5) Aumenta a massa muscular pelo aumento da atividade das células satélites, e fatores de crescimento (como IGF1), proteínas quinases, mtorc e fatores de transcrição miogênicos (Wu et al., 2022).

6)  Aumenta a potência muscular. A creatina aumenta a hidratação dos músculos, melhorando seu funcionamento, sendo recomendada para ganho de força e também prevenção da perda muscular durante dietas de emagrecimento, no processo de envelhecimento e na menopausa.

7) Proteção do DNA: A creatina mantém a integridade mitocondrial. Ao fazer isso, gera um efeito positivo no estresse oxidativo, reduz espécies reativas de oxigênio, atua como um tampão de energia celular e protege o DNA e o RNA contra o dano oxidativo (Arazi, Egbali, & Suzuki, 2021).

8) Recuperação mitocondrial em caso de uso de álcool, tabaco, THC. Várias drogas reduzem a quantidade de creatina nas células, inclusive nas cerebrais (Demnitz et al., 2020). Seria de pressupor, portanto, que a suplementação para restabelecer os níveis de creatina e recuperar os danos mitocondriais seria interessante.

9) Ajuda a melhorar a tolerância à glicose possivelmente favorencendo o transporte de glicose para as células musculares pela translocação do transportador de glicose tipo 4 (GLUT-4) para o sarcolema (Solis, Artioli, & Gualano et al., 2021). Sarcolema é a membrana que envolve a fibra muscular esquelética ou cardíaca.

10) Reduz a homocisteína e o risco cardíaco (Deminice, & Rosa, 2016). A creatina pode ser obtida de uma dieta com alta quantidade de proteína. Contudo, para pessoas com baixo consumo proteico recomenda-se a suplementação de 0,3g/kg/dia de creatina. Por exemplo, uma pessoa de 57 kg beneficiaria-se de uma dose de 17,1g ao dia por 7 dias. O ideal é dividir esta dose ao longo do dia, pelo menos em 3 tomadas de aproximadamente 5,6g.

Outra forma de cálculo é 100mg/kg de peso por 30 dias: Para a mesma pessoa de 57kg seriam 5.700 mg ao dia (5,7g) por 30 dias. Em geral, a dose de manutenção fica em torno de 3g ao dia.

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Dolan E, Gualano B, Rawson ES. Beyond muscle: the effects of creatine supplementation on brain creatine, cognitive processing, and traumatic brain injury. Eur J Sport Sci. 2019;19(1):1-14.

Roschel, H.; Gualano, B.; Ostojic, S.M.; Rawson, E.S. Creatine Supplementation and Brain Health. Nutrients 2021, 13, 586. https://doi.org/10.3390/nu13020586

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Sopa de batata doce com gengibre

O outono aqui na Europa é uma delícia e a chegada do friozinho abre a vontade de começar a fazer sopas à noite. Uma receita deliciosa é a sopa de batata-doce, laranja e gengibre.

A batata doce é rica em carotenóides e combinam muito bem com alho e gengibre, que além de tudo reforçam o sistema imune para conseguirmos enfrentar o frio. O suco de laranja é rico em vitamina C e potássio.

Ingredientes:

  • 1 colher de sopa de azeite extra virgem

  • 1 cebola pequena picada

  • 3 colheres de sopa de gengibre picado

  • 3 dentes de alho picados

  • 6 xícaras de batata-doce picada em cubos pequenos (cerca de 3 unidades)

  • 2 colheres de chá de cominho

  • 1 colher de chá de canela

  • 1 xícara de suco de laranja

  • 1 xícara de caldo de legumes

  • 1 xícara de leite de coco

  • Sal e pimenta a gosto

  • Sementes de abóbora ou romã, para decorar

Aqueça o azeite em fogo médio em uma panela grande. Adicione a cebola e refogue até começar a amolecer, depois acrescente o gengibre e o alho e cozinhe por 1 a 2 minutos.

Adicione a batata-doce, o cominho e a canela junto com o suco de laranja e o caldo de legumes. Eleve a fervura, depois reduza-a. Tampe a panela e cozinhe por 15 minutos ou até que a batata-doce esteja bem macia e se desfaça ao ser picada.

Adicione o leite de coco e transfira para um liquidificador ou bata com um mixer. Se quiser mais ralo, acrescente mais leite de coco. Tempere com sal e pimenta a gosto. Decore com sementes de abóbora ou sementes de romã.

Calorias: 313kcal | Carboidratos: 57g | Proteína: 5g | Gordura: 7g | Gordura Saturada: 4g | Sódio: 391mg | Potássio: 947mg | Fibra: 7g | Açúcar: 18g | Vitamina A: 28627UI | Vitamina C: 54mg | Cálcio: 95mg | Ferro: 2mg

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

MODY: outra forma de diabetes

Os tipos mais conhecidos de diabetes são: (a) tipo 1, uma doença autoimune, e (b) diabetes tipo 2, uma doença poligênica influenciada pela genética e pelo ambiente.

Existem outros tipos de diabetes, sendo os mais frequentes o gestacional e o MODY, a sigla para Maturity Onset Diabetes in the Young. O diabetes de início na maturidade dos jovens (MODY) é um tipo de diabetes monogênico descrito pela primeira vez como uma forma leve e assintomática de diabetes que foi observada em crianças, adolescentes e adultos jovens não obesos. Na maioria dos casos, a doença manifesta-se antes dos 25 anos de idade.

MODY foi descrito pela primeira vez, por Tattersall e Fajans, em 1974. Contudo, apenas com a expansão das tecnologias ômicas, genes ligados ao MODY puderam ser sequenciados e descritos.

MODY é causado por defeitos no desenvolvimento das células beta das ilhotas pancreáticas, prejudicando a secreção de insulina. Geralmente é herdado de forma autossômica dominante e os pacientes geralmente apresentam mutações heterozigotas. Esta forma de diabetes não é cetótica e os pacientes não apresentam autoanticorpos pancreáticos.

MODY é responsável por menos de 5,0% de todos os casos de diabetes. Pacientes com MODY compartilham características genotípicas de diabetes tipo 1 e tipo 2 e muitas vezes são diagnosticados erroneamente como tendo diabetes tipo 1 ou diabetes tipo 2.

Existem agora pelo menos 14 mutações MODY diferentes conhecidas. Eles incluem GCK, HNF1A, HNF4A, HNF1B, INS, NEURO1, PDX1, PAX4, ABCC8, KCNJ11, KLF11, CEL, BLK e APPL1. A mutação genética no fator nuclear 1 alfa dos hepatócitos (HNF1A) é responsável por 30% a 60% dos casos de MODY.

A mutação genética no fator nuclear 4 alfa dos hepatócitos (HNF4A) é responsável por 5% a 10% dos casos de MODY. Mutações genéticas na glucoquinase (GCK) são responsáveis por 30% a 60% dos casos de MODY. A mutação genética no fator nuclear 1 beta dos hepatócitos (HNF1B) é responsável por menos de 5% dos casos de MODY.

Pacientes com MODY precisam:

  • adotar um estilo de vida saudável

  • praticar atividade física

  • utilizar a medicação recomendada pelo endocrinologista (geralmente insulina ou sulfonilureas)

O tratamento específico pode depender da mutação encontrada. Exemplos:

GCK - glucoquinase: enzima que permite que as células beta pancreáticas e os hepatócitos respondam aos níveis de glicose. Na mutação do gene GCK, o limiar de glicose para a secreção de insulina é redefinido, levando a um nível mais elevado de glicose em jejum. O teste oral de tolerância à glicose revela um leve aumento na concentração de glicose. Pacientes com mutação GCK geralmente apresentam hiperglicemia leve e não progressiva, que geralmente não é sintomática.

HNF4A - Hepatocyte Nuclear Factor 4 Alpha: mutação menos comum que HNF1A ou GCK. Sua apresentação é semelhante ao HNF1A. Deve ser considerada quando o paciente apresenta características semelhantes ao HNF4A, mas o teste genético é negativo. Pacientes com mutação HNF4A podem ter níveis diminuídos de HDL-C e, portanto, são mais semelhantes ao DM2. Além disso, esses pacientes apresentam maior peso ao nascer e maior nível de macrossomia. Podem apresentar hipoglicemia neonatal transitória.

HNF1B - hepatocyte nuclear factor-1 beta: a mutação pode afetar a regulação genética no fígado, rins, intestinos, pulmões ou ovários. Os pacientes podem apresentar anormalidades como cistos renais, displasia, malformações do trato renal ou doença renal glomerulocística hipoplásica. Pacientes com HNF1B geralmente não respondem a medicamentos orais e necessitarão de tratamento com insulina.

PDX1 - pancreatic and duodenal homeobox 1: afeta o desenvolvimento pancreático e a expressão do gene da insulina.

NEUROD1 - neuronal differentiation 1: mutação em fator de transcrição de alça básica que afeta o desenvolvimento pancreático e neuronal. A maioria dos pacientes necessitará de tratamento com insulina.

ABCC8 e KCNJ11: associadas a um espectro de distúrbios, incluindo diabetes neonatal, que pode ser permanente ou transitório. Os pacientes que desenvolvem diabetes geralmente respondem bem às sulfonilureias.

Em todos os casos, a história familiar é vital e fornece algumas das informações mais úteis. Pacientes com MODY têm um forte histórico familiar de diabetes que abrange pelo menos 3 gerações. Os detalhes sobre o diagnóstico de diabetes para cada membro da família devem incluir a idade de início, os hábitos de vida, o histórico de uso de insulina e medicamentos pelos familiares. Informações sobre testes genéticos anteriores na família podem ser muito úteis.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/