MODY: outra forma de diabetes

Os tipos mais conhecidos de diabetes são: (a) tipo 1, uma doença autoimune, e (b) diabetes tipo 2, uma doença poligênica influenciada pela genética e pelo ambiente.

Existem outros tipos de diabetes, sendo os mais frequentes o gestacional e o MODY, a sigla para Maturity Onset Diabetes in the Young. O diabetes de início na maturidade dos jovens (MODY) é um tipo de diabetes monogênico descrito pela primeira vez como uma forma leve e assintomática de diabetes que foi observada em crianças, adolescentes e adultos jovens não obesos. Na maioria dos casos, a doença manifesta-se antes dos 25 anos de idade.

MODY foi descrito pela primeira vez, por Tattersall e Fajans, em 1974. Contudo, apenas com a expansão das tecnologias ômicas, genes ligados ao MODY puderam ser sequenciados e descritos.

MODY é causado por defeitos no desenvolvimento das células beta das ilhotas pancreáticas, prejudicando a secreção de insulina. Geralmente é herdado de forma autossômica dominante e os pacientes geralmente apresentam mutações heterozigotas. Esta forma de diabetes não é cetótica e os pacientes não apresentam autoanticorpos pancreáticos.

MODY é responsável por menos de 5,0% de todos os casos de diabetes. Pacientes com MODY compartilham características genotípicas de diabetes tipo 1 e tipo 2 e muitas vezes são diagnosticados erroneamente como tendo diabetes tipo 1 ou diabetes tipo 2.

Existem agora pelo menos 14 mutações MODY diferentes conhecidas. Eles incluem GCK, HNF1A, HNF4A, HNF1B, INS, NEURO1, PDX1, PAX4, ABCC8, KCNJ11, KLF11, CEL, BLK e APPL1. A mutação genética no fator nuclear 1 alfa dos hepatócitos (HNF1A) é responsável por 30% a 60% dos casos de MODY.

A mutação genética no fator nuclear 4 alfa dos hepatócitos (HNF4A) é responsável por 5% a 10% dos casos de MODY. Mutações genéticas na glucoquinase (GCK) são responsáveis por 30% a 60% dos casos de MODY. A mutação genética no fator nuclear 1 beta dos hepatócitos (HNF1B) é responsável por menos de 5% dos casos de MODY.

Pacientes com MODY precisam:

  • adotar um estilo de vida saudável

  • praticar atividade física

  • utilizar a medicação recomendada pelo endocrinologista (geralmente insulina ou sulfonilureas)

O tratamento específico pode depender da mutação encontrada. Exemplos:

GCK - glucoquinase: enzima que permite que as células beta pancreáticas e os hepatócitos respondam aos níveis de glicose. Na mutação do gene GCK, o limiar de glicose para a secreção de insulina é redefinido, levando a um nível mais elevado de glicose em jejum. O teste oral de tolerância à glicose revela um leve aumento na concentração de glicose. Pacientes com mutação GCK geralmente apresentam hiperglicemia leve e não progressiva, que geralmente não é sintomática.

HNF4A - Hepatocyte Nuclear Factor 4 Alpha: mutação menos comum que HNF1A ou GCK. Sua apresentação é semelhante ao HNF1A. Deve ser considerada quando o paciente apresenta características semelhantes ao HNF4A, mas o teste genético é negativo. Pacientes com mutação HNF4A podem ter níveis diminuídos de HDL-C e, portanto, são mais semelhantes ao DM2. Além disso, esses pacientes apresentam maior peso ao nascer e maior nível de macrossomia. Podem apresentar hipoglicemia neonatal transitória.

HNF1B - hepatocyte nuclear factor-1 beta: a mutação pode afetar a regulação genética no fígado, rins, intestinos, pulmões ou ovários. Os pacientes podem apresentar anormalidades como cistos renais, displasia, malformações do trato renal ou doença renal glomerulocística hipoplásica. Pacientes com HNF1B geralmente não respondem a medicamentos orais e necessitarão de tratamento com insulina.

PDX1 - pancreatic and duodenal homeobox 1: afeta o desenvolvimento pancreático e a expressão do gene da insulina.

NEUROD1 - neuronal differentiation 1: mutação em fator de transcrição de alça básica que afeta o desenvolvimento pancreático e neuronal. A maioria dos pacientes necessitará de tratamento com insulina.

ABCC8 e KCNJ11: associadas a um espectro de distúrbios, incluindo diabetes neonatal, que pode ser permanente ou transitório. Os pacientes que desenvolvem diabetes geralmente respondem bem às sulfonilureias.

Em todos os casos, a história familiar é vital e fornece algumas das informações mais úteis. Pacientes com MODY têm um forte histórico familiar de diabetes que abrange pelo menos 3 gerações. Os detalhes sobre o diagnóstico de diabetes para cada membro da família devem incluir a idade de início, os hábitos de vida, o histórico de uso de insulina e medicamentos pelos familiares. Informações sobre testes genéticos anteriores na família podem ser muito úteis.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/