A nutrição de precisão visa otimizar a eficiência diagnóstica e benefício terapêutico, ajustando as necessidades de pacientes com base em suas características genéticas, biomarcadores metabólicos, individualidades fenotípicas ou psicossociais.
Testes genéticos apontam quais são os indivíduos que possuem maior facilidade de ganho de peso, maior dificuldade de perda de peso e quais são os que beneficiam-se mais de dietas com baixo teor de carboidrato, ou gordura, ou maior teor de fibras e assim por diante. Mesmo assim, o tratamento não é rápido nem fácil. A obesidade apresenta desafios. É comum o desenvolvimento de problemas de saúde como diabetes, esteatose, doenças autoimunes que interferem no tratamento.
Muitas pessoas conseguem emagrecer mais voltam a engordar repetidas vezes, mesmo tomando medicamentos, fazendo atividade física e submetendo-se à diferentes dietas. Considerando o histórico genético da obesidade, a abordagem sindêmica é a estratégia mais adequada para o tratamento. Estuda a genômica, as redes sociais, de estilo de vida e comportamentais que promovem tanto a inatividade quanto o consumo de alimentos
O que é abordagem sindêmica?
Sindemia estuda a interação entre problemas de saúde de indivíduos e populações em seu contexto social e econômico. A abordagem sindêmica é baseada em três características principais:
(1) o agrupamento de duas ou mais comorbidades na mesma população (por exemplo, obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão e distúrbios do sono);
(2) a interação biológica, psicológica e socioeconômica dos pacientes (por exemplo, situações de aumento de estresse, estigmatização, baixa autoestima, baixa renda e condições de vida que aumentam a inatividade física); e
(3) as forças sociais em grande escala que originalmente precipitam o agrupamento de comorbidades (por exemplo, baixo nível socioeconômico e níveis educacionais que favorecem a alimentação não saudável e o sedentarismo, levando ao excesso de adiposidade e potencialmente ao desenvolvimento subsequente de comorbidades).
Nutricionistas e médicos precisam considerar o padrão de fatores estruturais, fisiopatológicos e sociais que interagem adversamente entre si, como estigma e escassez de sistemas de suporte. Essa interação pode afetar negativamente o curso da obesidade e reforçar a carga de doenças. É importante ressaltar que todos esses fatores não existem apenas em paralelo, mas são interligados e cumulativos.
Uma abordagem sindêmica requer, portanto, uma abordagem não só clínica mas políticas sociais adequadas para acesso a alimentos, para que as pessoas possam ter espaços seguros para atividade física, acesso à cuidados de saúde etc.
A obesidade possui muitas causas
A obesidade requer uma abordagem multidisciplinar e transdisciplinar, com conhecimento complementar dos arcabouços moleculares, clínicos, bioinformáticos e sindêmicos. A abordagem holística não deve ser subestimada.