Iodo, um nutriente intrigante

Aqui em Portugal a deficiência de iodo é muito comum, o que é um problema já que o iodo regula o metabolismo. A deficiência de iodo durante a gravidez, pode provocar danos irreversíveis no cérebro. Na infância pode resultar em danos no cérebro e déficit cognitivo importante.

O iodo no corpo humano

De todo o iodo do corpo, 70 a 80% encontra-se na tireóide. Ali, o iodo será usado para a produção dos hormônios da tireóide.

Funções do iodo

Outros tecidos que usam iodo: mama, olho, mucosa gástrica, colo uterino, glândulas salivares, próstata, ovários, rins. Na tireóide o iodo é usado para formação dos hormônios tireoidianos. Em outros tecidos o iodo tem ação antioxidante, antineoplásica, antiproliferativa, antimicrobiana e citotóxica (De la Vieja, & Santisteban, 2018).

Recomendação de iodo:

  • Bebês até 1 ano: 15 mcg/kg - dosagem máxima até 3 anos 200 mcg/dia

  • 1 a 6 anos: 6 mcg/kg - dosagem máxima de 4 a 6 anos: 300mcg/dia

  • 7 a 12 anos: 4 mcg/kg - dosagem máxima de 7 a 10 anos 600 mcg/dia

  • Adolescentes e adultos: 2 mcg/kg - dosagem máxima de 11 a 14 anos 900 mcg/dia e acima, dosagem máxima de 15 a 17 anos 900 mcg/dia. Adultos: 1.100 mcg/dia

  • Gestantes e lactantes: 3,5 mcg/kg. Dosagem máxima: 1.100 mcg/dia.

Dieta contendo fatores bociogênicos pode aumentar a necessidade em 50%. Indica-se o consumo de algas pois contém iodo. Suplementos contém iodeto de potássio, cujo excesso causa também doenças tireoidianas, tanto hipo quanto hipertireoidismo. O sal de cozinha e suplementos contém apenas iodeto. Algas contém uma combinação de iodeto de potássio, iodeto de sódio e iodeto. Então o ideal é consumir fontes naturais. Pode haver necessidade de suplementação? Sim, mas o ideal é a avaliar antes.

Avaliação laboratorial do iodo

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O melhor exame é o iodo urinário. Alguns estudos trazem a dosagem ideal entre 150 e 249 mcg/L; outros entre 100 a 300 mcg/L. Existe também o exame de iodo salivar, mas ainda existem poucos estudos nesta área. Falta ou redução de iodo na saliva indica que transportadores não estão funcionando de forma adequada. Neste caso, deve-se aumentar B2, B3, C, ingestão de iodo.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Doença autoimune tireoidiana aumenta o risco de dor crônica

Doença tireoidiana aumenta o risco de fibromialgia e dor crônica disseminada. Redução de T3 gera inflamação, polineuropatia das pequenas fibras e sensibilização central (aumenta a percepção de dor) (Ahmad, & Tagoe, 2014).

Outros sintomas reumáticos nas tireoidites autoimunes (Tagoe, 2015):

  • osteoartrite

  • síndrome do túnel carpiano

  • capsulite do ombro

  • fenômeno de Raynould

  • Fibromialgia em 30 a 40% dos pacientes )

  • Degeneração dos discos da coluna vertebral

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Efeito de fitoquímicos na função tireoidiana

Flavonóides podem ter efeitos positivos ou negativos na tireóide. Podem causar hipotireoidismo quando há baixa ingestão de iodo e selênio. Por isso, fitoterápicos e suplementos não devem ser usados indiscriminadamente.

O risco de câncer de tireóide aumenta com maior consumo de suplementos contendo flavanonas, como hesperidina e naringenina extraídos da casca das frutas cítricas. As que consomem mais DIM das brássicas, anatabina e flavan-3-ols possuem menor risco. Anatabina é o alcalóide das solanáceas, que está presente em tomate, berinjela e batata inglesa. Flavan-3-ols são o principal grupo de flavonóides das alimentaçao como catequinas do chá verde, teaflavina (dos chás) e proantocianidinas dos alimentos pretos e roxos (cacau, uvas roxas, uvas pretas, morangos, mirtilos, amoras, repolho roxo, açaí).

Genisteína reduz TSH. Alimentos de soja aumentam TSH. Novamente, o maior problema é naqueles que consomem suplementos a base de plantas associados a baixa concentração de iodo e selênio nas fezes.

Genisteína aumenta T3 e T4. Isoflavonas mistas e proteína de soja podem reduzir T3 e T4, mas isso não é visto na maioria dos estudos, como mostrado na figura abaixo. Vou repetir, o estrago acontece quando há deficiência de iodo e selênio.

Já para quem já tem hipotireoidismo subclínico ou diabetes tipo 2 o consumo de soja precisa ser baixo. Mesmo assim, estudos mostram elevação de TSH apenas com soja de forma crônica. Varie a alimentação, não coma o mesmo alimento todos os dias. O maior cuidado deve ser com os glicosídeos cianogênicos presentes em mandioca, milho, damasco, brotos de bambu, cereja, amêndoas, pêssego, batata doce, linhaça e feijão fava (Bolarinwa et al., 2016). Glicosinolatos presentes nas brássicas (brócolis, couve-flor, couve, rabanete) são convertidos em tiocianatos.

Fermentação dos alimentos reduz muito a quantidade de alimentos bociogênicos nos alimentos. Assim, tofu, tempeh e natto vão ter muito menos substâncias bociogênicas do que o grão da soja. O cozimento das brássicas reduz bastante o conteúdo de bociogênicos (isotiocianatos), assim como a fermentação. Por exemplo, chucrute terá menos bociogênicos do que repolho fresco. Couve refogada terá menos bociogênicos do que a couve crua usada no suco verde. De novo, principal problema é nos indivíduos com deficiência de iodo e selênio!

Não são a favor da exclusão total destes alimentos na dieta já que isotiocianatas aumenta eliminação de substâncias cancerígenas. Além disso, brássicas, possuem um efeito antiinflamatório no cérebro. A avaliação nutricional deve ser completa, hoje temos exames nutrigenéticos que nos ajudam a entender a individualidade de cada um, para melhor tomada de decisões.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/