ESTRATÉGIAS QUE PROTEGEM O CÉREBRO CONTRA O ALZHEIMER

Alzheimer é uma doença neurodegenerativa crônica que começa cerca de 15 a 30 anos antes do diagnóstico. Vai agravando-se ao longo do tempo, sendo o sintoma mais comum a dificuldade de memória de curto prazo. Com a evolução da doença surgem outros sintomas incluindo problemas na linguagem, desorientação, alterações de humor, queda da motivação, depressão, agressividade.

A doença de Alzheimer também associa-se a perda de massa muscular, redução do peso corporal, desidratação, insônia, problemas de equilíbrio, dificuldade de mastigação, na audição e na visão. A redução de capacidade de autocuidado reduz a qualidade de vida do paciente e muitas vezes da família.

As causas da doença são múltiplas. A genética é fator importante, contribuindo com cerca de 70% do risco. Outros fatores de risco são lesões na cabeça, depressão, hipertensão, diabetes, inflamação, estresse oxidativo, disfunção endotelial, sedentarismo e alimentação inadequada.

O tratamento é complexo. Não existe uma estratégia única capaz de reduzir a progressão da doença. Assim, a prevenção e tratamento dependem de atividade física, dieta antiinflamatória, exercícios cognitivos, controle de doenças (como hipertensão, diabetes, síndrome metabólica dentre outras).

Os medicamentos atuais não têm conseguido a doença. De acordo com o Dr. Dale Bredesen é impossível uma droga ideal uma vez que esta teria que cumprir um conjunto muito grande de funções: reduzir a fragmentação beta e gama do APP, aumentar a fragmentação alfa, reduzir a clivagem das caspases 3 e 6, prevenir a oligomerização, aumentar neprilisina, aumentar a enzima que degrada a insulina, aumentar o clearance de beta amilóide na micróglia, a autofagia, assim como BDNF, NGF, netrina 1, ADNP. Precisaria também reduzir homocisteína, a fosforilação da proteína TAU, melhorar a sensibilidade à insulina, a função mitocondrial e a biogênese. Seria necessário que a droga reduzisse o estresse oxidativa e otimizasse a produção de antioxidantes. A droga precisaria equilibrar hormônios como estradiol, progesterona, T3, T4, TSH, pregnolona, testosterona, DHEA, cortisol e insulina. Teria que reduzir a inflamação, aumentar resolvinas, melhorar a destoxificação e a vascularização. Precisaria otimizar todos os nutrientes, aumentar GABA, Sirt.1 e comprimento de telômeros, além de reduzir NFkB, tratar a disbiose intestinal, dentre tantos outros aspectos.

Não temos uma droga eficiente em todas estas áreas e por isso precisamos adotar medidas de estilo de vida que protejam o cérebro. Uma das formas disso acontecer é estimulando a irisina. Falo sobre o tema neste vídeo:

Regeneração cerebral

À medida que envelhecemos o DNA fica mais instável, o que aumenta o risco de degeneração cerebral. Um dos processos estudados nesta área é a autofagia cerebral, que permite que o cérebro livre-se de células velhas e prejudiciais e substitua-as por novas e mais saudáveis.

O processo de autofagia cerebral

O processo de autofagia cerebral

Várias proteínas ajudam o cérebro a utilizar energia, nutrientes, produzir diversos compostos como neurotransmissores, hormônios e substâncias de defesa. Estas proteínas podem se desgastar com o tempo, precisando ser decompostas, removidas ou substituídas. Só que isso torna-se cada vez mais difícil a cada ano que passa. O envelhecimento cerebral associa-se a doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e doença de Parkinson. Para combater o problema, a autofagia precisa ser estimulada.

A palavra autofagia vem do grego ‘auto-phegein’ ou ‘auto-consumo’. Refere-se ao processo de reciclagem celular em que a própria célula metaboliza vários componentes para reutilizá-los e construir estruturas celulares novas e mais saudáveis.

Suas células contêm vários componentes importantes chamados organelas. Quando suas células são expostas a fatores de estresse, como a privação de nutrientes, elas criam uma estrutura de membrana dupla chamada fagóforo. O fagóforo é muito flexível e origina autofagossomas, capazes de envolver componentes celulares e entregá-los aos lisossomos. Os lisossomos são organelas únicas que são capazes de degradar componentes específicos ao liberar enzimas sobre eles (veja figura acima).

O principal fator de qualquer autofagia é o estresse celular. Seu corpo está buscando equilíbrio e homeostase. Quando ocorre estresse, como a privação de nutrientes devido ao jejum ou exercícios, seu corpo precisa se preparar para a sobrevivência. Para fazer isso, ele quebra células e organelas celulares mais velhas ou danificadas para dar espaço para a criação de novas e mais saudáveis ​​para melhor eficiência energética. A autofagia cerebral permite a remoção de células cerebrais velhas e danificadas e a criação de células cerebrais novas e saudáveis. É um processo essencial para a memória, cognição e saúde do cérebro.

Estratégias que estimulam a autofagia cerebral

  1. Sono restaurador. Desligue o celular cedo, não consuma açúcar e cafeína à tarde e à noite. Relaxe e vá para cama mais cedo. Assim, você aproveita o pico de melatonina, um importante regenerador cerebral.

  2. Mantenha o estresse sob controle. Estudos mostram que a prática de yoga aumenta a irisina e a proteção do cérebro (Sadokpam & Bera, 2018). Outras atividades relaxantes podem ajudar também (Curso online de formação de instrutores de yoga em 12 meses).

3. Coma pouco. Se você come muito, seu corpo gasta energia com a digestão e menos tempo com reparação. Algumas pessoas beneficiam-se do jejum intermitente e da dieta cetogênica.

4. Consuma uma dieta antiinflamatória e rica em antioxidantes. Evite refrigerantes, bebidas açucaradas, alimentos ultraprocessados em geral, carnes embutidas.

5. Pratique uma atividade física regular. Além de aumentar a irisina, o exercício regula pressão sanguínea, peso, glicemia, fatores de risco para doenças como o Alzheimer.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Vitamina C pode ajudar a reduzir a dor

A dor é uma experiência sensorial e emocional incômoda associada a um dano real ou potencial a um tecido. A deficiência de vitamina C parece aumentar as dores músculo-esqueléticas. De fato, a dor é um dos sintomas da doença escorbuto, causada pela deficiência crônica de vitamina C. No escorbuto há sangramento dos tecidos, inchaço e aumento da sensibilidade em regiões como gengivas, articulações do quadril, joelho e tornozelo. O sangramento também pode aumentar dores ósseas.

A deficiência de vitamina C costuma ser mais comum em pacientes idosos hospitalizados e indivíduos com câncer. Trauma e cirurgia também podem esgotar as pequenas reservas de vitamina C do corpo, assim como o consumo excessivo de carboidratos simples. Mas pessoas que nunca consomem frutas e verduras também podem ter carência deste nutriente. Estudos mostram que nestes casos aumentam as dores nas costas e em articulações.

Não há consenso acerca do mecanismo analgésico da vitamina C. Uma das hipóteses é que o nutriente ajuda a reduzir o estresse oxidativo e a inflamação, os quais estão associados à dor. Outra questão é que a vitamina C é cofator na produção de neurotransmissores do tipo catecolaminas, que ajudam na analgesia (redução da dor). A vitamina C também parece participar da síntese de neuropetídios opióides e endorfinas, que também diminuem a dor. Obviamente, a vitamina C sozinha não fará milagres, mas é um importante componente na redução da dor.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Dieta e fibromialgia

A fibromialgia é uma síndrome clínica complexa. Tem como principal sintoma a dor em vários pontos do corpo, especialmente músculos e articulações. Outros sintomas incluem fadiga, cansaço, dificuldade de dormir, piora da memória, ansiedade, depressão e também alterações intestinais.

Alimentação de pacientes com fibromialgia

Sugiro que marque uma consuma para conversarmos sobre o teste nutrigenético. Enquanto isso inicie alguns testes:

  • Elimine alimentos contendo glúten, lactose e açúcar, devido ao seu potencial inflamatório;

  • Evite o uso de adoçantes e polióis pois desequilibram o intestino, causam disbiose e aumentam a inflamação, piorando a dor;

  • Pelo menos uma vez por ano adote um cardápio de baixo teor de FODMAP;

SUPLEMENTAÇÃO NA FIBROMIALGIA

1- Coenzima Q10: melhora a produção de energia nas mitocôndrias e tem ação antioxidante. Existe coenzima Q10 em alimentos como sardinha, espinafre e brócolis. Mas quem tem fibromialgia precisará de quantidades superiores, obtidas a partir da suplementação. Essencial após os 30 anos e a qualquer momento para quem toma estatinas (medicação para redução do colesterol).

2- Magnésio dimalato: promove o relaxamento muscular, aumenta a vasodilatação, diminui a inflamação, reduz cãimbras, melhora o sono, controla a pressão arterial, auxilia a eliminação de toxinas e a produção de energia mitocondrial.

3- Creatina: aumenta a reciclagem de energia, contribui para a manutenção da massa magra, melhora a sensibilidade a insulina e ajuda a diminui a dor.

4- GABA: níveis reduzidos deste neurotransmissor aumentam a percepção de dor. Aumentar a Neurotransmissão de Gaba é uma estratégia que auxilia na modulação da dor (Reckziegel et al., 2016).

5- RIBOSE: aumento de energia para contração muscular.

Estudos mostram que pacientes com fibromialgia também podem ter deficiência de aminoácidos de cadeira ramificada (leucina, isoleucina e valina), assim como de triptofano. Em uma recente revisão também foi demonstrado que deve-se atentar aos níveis de magnésio, L-carnitina e S-adenosilmetionina, nutrientes importantes para redução da inflamação e geração de energia na célula. 

Durante a consulta conversaremos também sobre o uso de fitoterápicos como boswellia serrata, moringa, própolis e outros suplementos como ômega-3, astaxantina, vitaminas antioxidantes e vitamina D. Mas lembre-se, a complexidade da doença exige a melhoria do estilo de vida como um todo. Durma bem, pratique atividade física, adote estratégias para combate ao estresse, dieta antiinflamatória, sem glúten (Rossi et al., 2015). E que faça yoga, alongue-se, medite, ouça música relaxante, aprenda sobre o uso de óleos essenciais antiinflamatórios.

Yoga, meditação e massagens ayurvédicas com óleo de gergelim também contribuem para a redução da dor (Carson et al., 2010; Hennard, 2011Meneguzzi et al.., 2011). O curso online de terapias integrativas e complementares com ênfase em yoga, meditação e ayurveda está com inscrições abertas. Saiba mais aqui: http://andreiatorres.com.br/curso/yoga

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/