Fosfato de sódio e bicarbonato de sódio na performance atlética: qual é a diferença?

O fosfato de sódio é um termo genérico para os sais de sódio (Na+) e fosfato (PO43−). Na área esportiva é utilizado para aumentar (em até 12%) a habilidade das células vermelhas (hemácias) em transportar oxigênio para os músculos em movimento. Se consumido em excesso pode danificar a função renal e causar arritmias cardíacas. Outros fosfatos, como fosfato de cálcio e de potássio não possuem o mesmo benefício (Cade et al., 1984).

O fosfato de sódio pode melhorar a performance em atividades de endurance (como corrida e ciclismo de longa distância).  Geralmente é utilizado entre 3 a 6 dias antes de competições (máximo de 1.000 mg, 4 vezes ao dia) (Bellinger et al., 2012).

O bicarbonato de sódio é um pó branco utilizado por muita gente como anti-ácido. Na culinária pode ser utilizado como fermento para o crescimento de massas. O bicarbonato tem como função o tamponamento (eliminação) dos íons hidrogênio reduzindo a acidez do sangue. Quanto mais ácido está o sangue mais dificuldade o músculo tem de contrair aumentando a sensação de fadiga. No exercício de alta intensidade, o bicarbonato pode melhorar a performance em 1 a 2 % em atividades que duram entre 2 e 7 minutos. Isso beneficiaria os atletas cujas intensidades variam entre 80 e 125% do consumo máximo de oxigênio. O custo é o aumento dos desconfortos gastrointestinais com possíveis náuseas, gases e refluxo. 

Em geral, a recomendação é de 0,3 gramas de bicarbonato de sódio por quilo de massa corporal. O produto deve ser diluído em água que ajudar com a absorção e reduz as chances de efeitos colaterais. Como o bicarbonato de sódio é rapidamente excretado o ideal é a ingestão 1 hora antes do início do exercício (Lindh et al., 2008). O bicarbonato também vem sendo associado à beta-alanina para melhor efeito no desempenho em provas de curta distância e alta intensidade (Freitas et al., 2015).

De acordo com sociedades de nutrição esportiva estadunidenses a suplementação de fosfato de sódio, bicarbonato de sódio e beta-alanina é aparentemente eficaz e segura (Potgieter, 2013). A recomendação de beta-alanina varia entre 4 e 6 g por 2 a 4 semanas por aumentar a concentração de carnosina, regulando assim o pH muscular (Trexler et al., 2015).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Contaminação por chumbo mata mais de 300 crianças na Nigéria

Segundo o emir de Bukkuyum, na Nigéria, Alhaji Muhammadu Usman, mais de 300 crianças morreram em consequência de envenenamento por chumbo na vila de Yar-Galma. A divulgação foi feita na última sexta-feira durante a inauguração de um poço de água movido a energia solar. O emir elogiou a fundação Sir Ahmadu Bello Memorial (SABMF) por ter iniciado o projeto e lamentou que o envenenamento por chumbo tenha afetado adversamente várias comunidades na áreao.
A presidente da fundação Mamman Nasir alegou que o projeto foi pensado para fornecer água segura e potável livre de chumbo e outros metais pesados encontrados no solo. O chumbo é um elemento natural encontrado em pequenas quantidades na crosta terrestre.  É largamenteutilizado pelas indústrias para produção de cigarro, tintas de cabelo, gasolina e encanamentos de distribuição de água. Quando aquecido a uma temperatura superior a 550-560°C, o chumbo emana vapores tóxicos. Na Nigéria o problema foi a água. No Brasil também existe contaminação da água de beber por chumbo e outros metais pesados mas o principal problema é o uso excessivo de agrotóxicos nos alimentos.

O chumbo pode entrar no corpo humano pela via respiratória, cutânea ou digestiva (a mais comum). O jejum, a desnutrição e a carência dietética de cálcio, ferro e fósforo aumentam a absorção intestinal de chumbo, assim como seus efeitos tóxicos. Após a absorção o chumbo é distribuído pela corrente sanguínea chegando a tecidos como rins e fígado. Também pode se depositar nos ossos, dentes e cabelos. O metal também pode atravessar a barreira placentária chegando ao feto pelo cordão umbilical. 

As manifestações da intoxicação por chumbo incluem alterações cognitivas e de humor, dores de cabeça, sabor metálico na boca, perda de apetite, vômitos e prisão de vente. Em crianças os sintomas incluem irritabilidade, perda de interesse por brincadeiras, vômitos persistentes, instabilidade da deambulação, confusão mental, sonolência, convulsões e coma.  Se houver uma redução na exposição ao chumbo, pode haver uma melhora espontânea do quadro, voltando a piorar caso a exposição retorne.

A eliminação do chumbo presente no organismo é difícil. Os tratamentos de quelação do chumbo são demorados e incluem vários efeitos colaterais. O ácido dimercaptosuceínico (DMSA) liga-se ao chumbo auxiliando sua excreção pela urina mas pode aumentar erupção cutânea, náuseas, vômitos, diarréia, perda de apetite, sabor metálico na boca e alterações das funções hepáticas.

Outras opções de medicamentos incluem o dimercaprol e o edetato de cálcio dissódico. O tratamento tem duração de 5 a 7 dias consecutivos. Como tais drogas quelam minerais há o risco de excreção de vários nutrientes fundamentais para o adequado funcionamento do corpo. Desta forma, a terapia exige internação para que haja monitoramento constante. 

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/