O aminoácido arginina desempenha um papel intrincado na cicatrização de feridas, produção de óxido nítrico, função, proliferação e maturação dos linfócitos T.
Todos esses três papéis fisiológicos são importantes para um paciente gravemente enfermo e, especialmente, para pacientes sépticos. As alterações metabólicas complexas observadas na sepse que contribuem para a redução da disponibilidade de citrulina e arginina sugerem que a suplementação de arginina poderia ser benéfica na população séptica altamente estressada.
Apesar disso, estudos não conseguiram demonstrar que a suplementação do aminoácido consiga reduzir mortalidade ou número de infecções em pacientes críticos.
Revisão publicada em 2016 mostrou que a suplementação de arginina não alterou a produção de óxido nítrico, apesar das evidências de que a sepse é um estado de deficiência de arginina. Por outro lado, a suplementação foi segura, não gerando alterações hemodinâmicas, mesmo em doses altas (Rosenthal et al., 2016).
Um ensaio clínico aleatorizado publicado em 2020 comparou pacientes criticamente enfermos com diagnóstico de choque séptico que tomaram um placebo, L-arginina-HCL ou L-alanina. Não houve diferença significativa entre os grupos em relação à microcirculação, parâmetros de perfusão da pele, na hemodinâmica global e no metabolismo de proteínas.
Os autores concluíram que a administração intravenosa prolongada de L-arginina não melhora a perfusão local e a função do órgão, apesar de um aumento na síntese de óxido nítrico. Como houve aumento da pressão intra-abdominal no grupo suplementado com arginina, os autores recomendam aplicação cuidadosa e pesquisas adicionais, especialmente no estágio inicial do choque séptico (Luiking, Poeze, & Deutz, 2020).