Substâncias do meio ambiente podem desequilibrar hormônios

Entramos em contato com mais de 4.000 substâncias externas durante o dia. Algumas podem interagir com receptores nas células, desequilibrando a ação de nossos hormônios. São os disruptores endócrinos.

Entre eles estão os ftalatos, aditivos que deixam os plásticos mais flexíveis. Quando usamos recipientes plásticos para armazenar comida, ingerimos estes compostos. O problema é que os mesmos estão ligados a perturbações no desenvolvimento de crianças e adolescentes e a doenças em adultos.

Muitos alimentos que compramos vem embalados em plásticos ou outras embalagens que podem conter ftalatos e outros disruptores como o bisfenol. O leite comprado em caixinha tetra pak, o frango embalado em plástico, carnes e peixes enlatados (Almeida et al., 2018) são to dos fontes de bisfenol. Saiba mais sobre o tema e as consequências da exposição aos disruptores endócrinos neste vídeo.

Um estudo publicado em outubro de 2021 mostrou que 80% dos alimentos tipo fast food contém ftalatos, composto utilizado em plástico que pode causar câncer, danos ao fígado, rins e pulmão e no sistema reprodutivo. Dentre os alimentos testados os burritos foram os que apresentaram níveis mais altos de DEHT (Tereftalato de dioctilo, usado na composição de plásticos).

Não existe limite seguro para consumo de disruptores endócrinos. Gestantes devem tomar ainda mais cuidado e devemos evitar o consumo de ultraprocessados por crianças. Por serem pequenos, contaminam-se ainda com mais facilidade (Edwards et al., 2021).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Excesso de estrogênio - causas, consequências e tratamento

Infertilidade, TPM louca, mudanças súbitas de humor, ganho de peso, baixa da libido - todas estas alterações podem estar relacionadas com desequilíbrios hormonais, como o excesso de estrogênio, hormônio produzido nos ovários, nas adrenais e, em menor quantidade, no tecido adiposo das mulheres.

Funções do estrogênio

O estrogênio é um hormônio super importante, com ações reprodutivas e não reprodutivas.

  • Ações reprodutivas: desenvolvimento do útero, crescimento folicular, contração subendometrial, alteração do muco cervical, regulação do comportamento reprodutivo, preparo do útero para receber o bebê, caso o óvulo seja fecundado.

  • Ações não reprodutivas: influencia o tamanho dos seios, a lactação, textura e o brilho da pele, tecido ósseo, cardiovascular, metabolismo energético, distribuição de tecido adiposo e proteção das células nervosas.

A deficiência de estrogênio aumenta ondas de calor na menopausa, causa ressecamento vaginal, insônia, problemas de memória. Porém, quando o estrogênio está muito elevado em relação a outros hormônios, condição conhecida como dominância estrogênica, aparecem sintomas desconfortáveis e o risco de certas doenças aumenta. Fadiga, irritabilidade, alterações imunológicas, disfunção da tireóide, aumento do risco de certos tipos de câncer, candidíase são questões frequentemente associadas ao aumento exagerado do estrogênio.

Como acontece?

A dominância estrogênica pode ocorrer devido a cinco fatores principais:

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1) Redução na produção de outros hormônios nas mulheres - como a progesterona, a partir dos 35 anos, agravando-se na menopausa.

Estrogênio e progesterona são os principais hormônios sexuais produzidos pelas mulheres. A concentração dos dois declina naturalmente conforme a mulher envelhece. Dos trinta e cinco aos cinquenta anos de idade, há uma redução de 75% na produção de progesterona no organismo. Durante essa mesma faixa etária, o estrogênio cai apenas cerca de 35%. Aqui instala-se já a dominância estrogênica, muito comum na peri-menopausa.

Em relação à composição corporal, o estrogênio promove a divisão celular, o crescimento e o acúmulo de gordura, enquanto a progesterona estimula a queima de gordura e diminui a divisão celular. O estrogênio aumenta a retenção de sal e água, enquanto a progesterona atua como um diurético. O estrogênio elevado contribui para o crescimento de células de câncer de mama e endometrial, enquanto a progesterona diminui o crescimento de células cancerígenas.

2) Exposição a xenoestrógenos, substâncias que imitam o comportamento dos estrógenos. Isto pode acontecer em homens e mulheres, jovens, adultos e idosos. Os xenoestrogênios estão presentes em muitos produtos industrializados - comidas, bebidas, produtos de beleza, produtos de limpeza. Outro problema é o hormônio artificial presente nas pílulas anticoncepcionais. Muitas mulheres passam a vida tomando pílulas para não engravidar, para controlar o fluxo menstrual, para tratar os ovários policísticos. A pílula aumenta a quantidade de estrogênio no corpo da mulher. Também suprime a produção de progesterona, causando mais desequilíbrios.

Os xenoestrógenos ligam-se aos receptores de estrogênio desencadeando uma resposta exagerada. A principal preocupação também está no aumento da incidência de cânceres hormonais como os de mama e ovários nas mulheres e o de próstata nos homens.

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Uma das maiores fontes de excesso de xenoestrógenos é a dieta moderna. Animais criados para abate são frequentemente injetados com grandes quantidades de hormônios de crescimento para fazê-los ganhar peso rapidamente ou para ter a produção de leite aumentada.

Estes hormônios chegam à carne e ao leite. Alimentos de origem vegetal também podem causar desregulação hormonal pois pesticidas, herbicidas e fungicidas encontrados nos produtos não orgânicos atuam como disruptores endócrinos, interferindo no nosso metabolismo.

A água também pode estar contaminada com medicamentos, hormônios, pesticidas e fertilizantes, estrogênios sintéticos e naturais do gado, além de produtos químicos industriais ou provenientes dos aterros sanitários. Fora isso, cosméticos, loções, xampus, sabonetes, cremes dentais e os inúmeros outros produtos corporais que usamos no dia-a-dia contêm parabenos, fenoxietanol, ftalatos e outros compostos com atividade estrogênica.

Outro fator a contribuir para o excesso de estrogênio é um intestino pouco saudável. A microbiota intestinal regula a absorção de estrogênio circulante usando a enzima beta-glucuronidase. Quando o seu microbioma está desequilibrado, esta enzima não consegue metabolizar adequadamente os estrogênios, aumentando sua absorção e o risco de câncer. Aprenda a tratar seu intestino em meu curso online sobre a disbiose intestinal.

Embalagens plásticas com bisfenol e ftalatos, encontrados em garrafas, embalagens de alimentos e potes para armazenamento de comida também podem liberar xenobióticos prejudiciais. Metais pesados ​​como cádmio, chumbo e mercúrio também atuam como disruptores endócrinos e aumentam o estrogênio.

3) Deficiências nutricionais. Para regular a quantidade de estrogênios, o fígado os transformará em substâncias solúveis que serão eliminadas pela bile. Para isso, vários nutrientes serão necessários. Vitaminas do complexo B, aminoácidos, compostos fenólicos, vitaminas e minerais com função antioxidante, magnésio, glutationa, SAME, coenzima Q10, NAC são exemplos de compostos importantes para a destoxificação. Se faltam nutrientes não há excreção do estrogênio, que começa a se acumular.

4) Disbiose intestinal. Dentro do intestino, os níveis de estrogênio são controlados por um grupo de bactérias intestinais chamadas estroboloma.

O fígado joga os metabólitos produzidos no intestino. Mas dependendo das bactérias que estão no intestino, os estrogênios são desconjugados e voltam para a circulação, aumentando novamente desnecessariamente a concentração hormonal na corrente sanguínea. Melhore então seu intestino, com mais fibras e dieta bem colorida cheia de fitoestrógenos. A disbiose intestinal aumenta a beta glucuronidase, enzima que faz a desconjugação do estrogênio. Dieta rica em gordura e carne vermelha favorece o aparecimento de bactérias, como E. coli, que geram maior desconjugação de estrogênios.

Aprenda aqui a cuidar bem do seu intestino.

5) Excesso de gordura abdominal. A dominância estrogênica aumenta o acúmulo de gordura abdominal e o excesso de gordura nessa região contribui para a dominância estrogênica. É um ciclo vicioso que precisa ser quebrado. Pode demorar um tempo mas com paciência conseguimos. Quanto maior é o acúmulo de gordura maior é a produção e o estoque de estrogênio.

Como melhorar o metabolismo do estrogênio?

O primeiro passo é cuidar da alimentação e perder gordura abdominal. Consuma menos produtos industrializados e mais produtos frescos. Prefira alimentos orgânicos, galinhas de granja, tome apenas água tratada, substitua os potes de plástico por potes de vidro, reduza o consumo de carnes e laticínios.

Tenha uma dieta variada que apoio os processos de eliminação de toxinas pelo fígado. A correção de deficiências nutricionais é muito importante. Marque aqui sua consulta.

Melhore o funcionamento intestinal e a composição da microbiota adotando uma dieta com mais fibras, bem colorida e rica em fitoestrógenos. Além disso, reduza carne vermelha, pratique yoga, faça atividade física, descanse e durma bem para reduzir o estresse. Quanto mais estressada estiver menor será a produção de progesterona. Com isso, a dominância estrogênica agrava-se, assim como seus sintomas adversos. Por isso, seja paciente. As coisas não mudam de uma hora para a outra. Mas juntas podemos alcançar resultados incríveis que se refletirão no seu bem estar físico e mental.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Uso de potes de vidro para armazenar e congelar alimentos

Disruptores endócrinos são substâncias que ao entrarem no organismo passam a agir como hormônios desequilibrando o metabolismo. Pesquisas ligam o contato com disruptores endócrinos a problemas como puberdade precoce, infertilidade, abordos, certos tipos de câncer, autismo, depressão, disfunções imunitárias, diabetes, obesidade, doenças cardiovasculares, dentre outras.

A maior parte dos disruptores endócrinos são compostos químicos orgânicos (xenobióticos) que podem ter efeito no organismo mesmo em concentrações inferiores a 0,1 ng/L. Entre eles estão os poluentes orgânicos persistentes (POPs), os quais são extremamente resistentes a degradação e eliminação pelo organismo humano. Como em geral são lipofílicos (gostam de gordura) acumulam-se no tecido adiposo. Geralmente entram no corpo junto a alimentos ricos em gordura como carnes de vaca, frango, peixe, laticínios ou alimentos industrializados. Também podem chegar ao corpo em vegetais tratados com agrotóxicos ou pela água contaminada por dejetos da indústria. Outro grupo importante de disruptores endócrinos são os derivados dos plásticos como ftalatos e o bisfenol A. Os mesmos passam aos alimentos por meio de embalagens plásticas (Pestana et al., 2015). 

Você pode usar potes de vidro para armazenar sobras de alimentos na geladeira. São mais higiênicos e livres de compostos tóxicos presentes nos plásticos, como os ftalatos e o bisfenol.  Os potes de vidro também podem ser usados para congelar vários tipos de alimentos (morangos, banana madura, pão caseiro, molho de tomate...). Você também pode utlizar garrafinhas de suco para congelar leites vegetais ou sucos feitos em casa.

Para que o vidro não quebre evite usar potes de conserva pois podem soltar o fundo. Além disso, siga as dicas:

  • quando for comprar um vidro verifique se ele pode ir ao freezer;

  • se comprar recipientes de vidro com tampas de plástico, certifique-se que as mesmas não contém bisfenol (free);

  • quando estiver congelando líquidos (sopas, feijão com caldo, sucos, leites) sempre deixe espaço pois o conteúdo pode se expandir, quebrando o vidro com o aumento da pressão;

  • use recipientes com tampas largas ou então um pirex com tampa;

  • não deixe recipientes de vidro mal posicionados pois podem cair ao abrir a porta do freezer.

Alimentos que não ficam bons após o congelamento:

  • Chuchu cozido

  • Abobrinha cozida

  • Maionese

  • Iogurtes

  • Molhos com farinha

  • Batata

  • Folhosos para salada (se for usar na sopa ou tortas não há problema. Geralmente tenho espinafre congelado em casa e uso em batidos/smoothies)

  • Tomate cru

  • Pepino

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/