Dieta cetogênica no tratamento do alcoolismo

O alcoolismo é muito comum. Pergunte quem conhece alguém que bebe demais e vai ouvir inúmeros relatos e algumas histórias bem tristes. Ao longo da minha carreira conheci muitas pessoas que começaram a utilizar o álcool inocentemente e foram aumentando as dosagens para conseguirem relaxar, a lidar com as pressões e com a ansiedade do dia a dia. É mais fácil abrir uma lata de cerveja do que ir para a academia. É possível tomar um copo de whisky mas nem sempre é possível ir dormir quando os filhos estão doentes ou quando se tem que entregar um trabalho atrasado, ou quando o casamento está uma porcaria mas não se vê nenhuma saída amigável.

Colegas psiquiatras também me dizem que é muito comum a "automedicação" com álcool entre seus pacientes. Só que, com o passar do tempo, o alívio dos sintomas é substituído por aumento da ansiedade, pela ressaca moral, pela depressão e por problemas de saúde relacionados ao álcool (doenças gastrointestinais, hepáticas, imunológicas, cardíacos, cerebrais...).

O álcool consome muito NAD para seu metabolismo, reforçando distúrbios bioenergéticos. O tratamento do alcoolismo é complexo. Além de muita força de vontade e apoio (familiar, laboral, de amigos, da igreja, de psicólogo), o paciente pode se beneficiar de medicamentos que ajudam a combater os sintomas provocados pela dependência ou abstinência.

Um estudo publicado em 2021 sugere que a dieta cetogênica é também uma ferramenta interessante pois reduz a vontade de beber, além de reduzir as crises de abstinência.

O consumo crônico de álcool aumenta o uso de acetato pelo cérebro - um metabólito do álcool - e compostos relacionados conhecidos como corpos cetônicos. Durante a abstinência, os níveis de acetato diminuem. Acredita-se que essa redução contribua para a abstinência alcoólica e até mesmo para a neurotoxicidade. As dietas cetogênicas, que são ricas em gorduras, moderadas em proteínas e baixas em carboidratos, aumentam os corpos cetônicos e fornecem ao cérebro uma fonte alternativa de energia além da glicose.

No estudo, os participantes com alcoolismo que receberam a dieta cetogênica precisaram de menos medicação para tratar os sintomas de abstinência alcoólica durante a primeira semana de desintoxicação em comparação com os participantes que receberam uma dieta ocidental padrão. Durante um período de tratamento de 3 semanas, o grupo de dieta cetogênica também reduziu o desejo por álcool em comparação com o grupo de dieta americana padrão (Wiers et al., 2021).

Em um experimento pré-clínico paralelo conduzido com um modelo de ratos viciados em álcool, os pesquisadores demonstraram que aqueles alimentados com uma dieta regular aumentaram seu consumo de álcool durante a abstinência aguda. No entanto, ratos dependentes de álcool que foram alimentados com uma dieta cetogênica e depois voltaram para uma dieta regular não aumentaram o consumo de álcool e, em vez disso, mantiveram a ingestão de álcool nos níveis de ratos não dependentes de álcool.

DIETA CETOGÊNICA PASSO A PASSO (para leigos).

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

O que acontece quando a mulher consome álcool durante a gestação?

Quando uma mulher bebe álcool durante a gravidez, o álcool chega ao bebê por meio da corrente sanguínea. Consumir álcool durante a gravidez pode causar a síndrome do álcool fetal (SAF), uma condição séria que pode afetar uma criança por toda a vida.

A síndrome alcoólica fetal (SAF)

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Crianças com SAF apresentam problemas de desenvolvimento, aprendizagem, comportamento e habilidades sociais. Quanto mais álcool a mulher grávida ingerir, mais danos podem ser causados ​​ao seu bebê.

Se você está pensando em engravidar, é melhor parar de beber álcool agora. Então você saberá com certeza que seu bebê estará seguro contra SAF. Mulheres que têm dificuldade para parar de beber ou que já têm um filho com SAF devem buscar ajuda antes de engravidar.

Se você já está grávida, o melhor é parar de beber álcool completamente pois não é conhecida a dosagem segura. Mesmo a famosa cerveja sem álcool não é zero de álcool

Categorização dos rótulos das cervejas

  • Cerveja sem álcool (Alcohol-free beer) = não mais que 0,05% de álcool (é baixo mas não é zero)

  • Cerveja com remoção de álcool (De-alcoholised beer) = não mais do que 0,5% de álcool por volume

  • Cerveja com baixo teor de álcool = não mais que 1,2% de álcool por volume

  • Cerveja alcoólica = contém mais de 1,2% de álcool por volume

Como os homens podem ajudar?

Pais, tios, irmãos podem ajudar com apoio e com exemplo (não consumindo álcool perto de uma mulher grávida que amava beber). “É preciso uma aldeia para se educar uma criança”. O provérbio africano nos lembra que a educação ocorre nos exemplos de todos.

O que acontece com os bebês cujas mães bebem durante a gravidez?

Os bebês expostos ao álcool antes de nascerem podem nascer com baixo peso, nascer com olhos pequenos, estreitos, lábio superior mais fino ou achatado. Hiperatividade, incapacidade em seguir instruções simples, atraso no desenvolvimento, dificuldade no aprendizado, problemas comportamentais podem durar por toda a vida e contribuir para baixa autoestima.

Bebês expostos a grandes quantidades de álcool antes do nascimento podem sofrer abstinência nas primeiras semanas de vida. Essa abstinência geralmente começa antes de eles deixarem o hospital. Os sintomas de abstinência incluem:

  • irritabilidade extrema (ou agitação);

  • tremores;

  • problemas de alimentação;

  • diarréia;

  • arritmia cardíaca.

Identificação precoce de casos

A identificação precoce dos casos de SAF faz com que crianças recebam tratamento e acompanhamento precoces, garantindo um melhor desenvolvimento e prevenindo problemas de saúde mental, atrasos escolares e abuso de drogas ou álcool na adolescência e fase adulta.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Álcool e a saúde física e mental

Para o budismo, existem algumas razões para a abstenção de álcool. A primeira é que o álcool gera uma desinibição. Isto torna a mente menos atenta ao que pensamos, falamos e como nos comportamos. A propensão à mentira, fofoca, xingamentos aumenta. Os reflexos pioram e o risco de nos machucarmos ou machucarmos os demais (por exemplo, dirigindo embriagados) também aumenta.

razões para evitar o álcool de acordo com o budismo.jpg

O segundo motivo é que o álcool atrapalha a capacidade de pensamento lógico, interferindo na tomada de decisões acertadas. A instabilidade mental agrava-se. Por isso, outras substâncias com o mesmo efeito também são desaconselhadas.

E o que as pesquisas mostram em termos de malefícios do álcool?

a) Contém 7 kcal/g. Assim, o consumo excessivo aumenta o acúmulo de gordura, principalmente na região abdominal.

b) Eleva os níveis de cortisol, hormônio do estresse.

c) Deprime o sistema nervoso e agrava os sintomas da depressão.

d) Reduz os níveis de testosterona.

e) Desorganiza a estrutura cerebral, causa problemas de memória de curto e longo prazo, aumenta o risco de demência.

f) Prejudica o fígado, aumentando as chances de desenvolvimento de esteatose hepática e cirrose.

g) Danifica o pâncreas, aumenta o risco de resistência à insulina, diabetes e pancreatite alcoólica.

h) Aumenta o risco de derrames.

i) Dificulta a atividade de células cardíacas.

j) Prejudica a imunidade.

k) Aumenta o risco de câncer de boca, laringe, faringe, esôfago, estômgao, fígado, intestino e mama.

Sugestões para quem está reduzindo o consumo de álcool:

  • não tenha bebidas em casa;

  • pratique atividade física no horário que consumiria álcool;

  • evite ambientes regados à álcool;

  • reduza o contato com pessoas que sempre estão consumindo álcool;

  • se precisar, procure ajuda. Trabalhe com um dia por vez, tirando o álcool de um dia da semana. No dia seguinte faça de novo e assim por diante.

  • tome chás.

Muitas pessoas vão apoiar-se em pesquisas que mostram que pequenas quantidades de álcool podem ter efeitos benéficos no corpo. Por exemplo, o álcool reduziria a tendência do sangue de formar coágulos, o que pode reduzir o risco de derrame. Mas lembre dos outros efeitos do álcool. Além disso, você não precisa consumir álcool para manter seu coração saudável. Alimentos como gengibre, alho e peixes oleosos têm o mesmo ou melhor efeito de afinamento do sangue do que o álcool. E você pode obter todos os antioxidantes e polifenóis benéficos que você obteria do vinho tinto bebendo uma dose de suco de uva ou romã. Mude seu estilo de vida como um todo e beba raramente.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/